Procura por casa própria dispara na pandemia

Venda de imóveis cresce 21,4% em vendas em plena pandemia. Essa foi a quarta alta consecutiva | Foto: Wesley Costa

Postado em: 16-04-2021 às 07h50
Por: Sheyla Sousa
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Venda de imóveis cresce 21,4% em vendas em plena pandemia. Essa foi a quarta alta consecutiva | Foto: Wesley Costa

João Paulo Alexandre

O setor da construção civil é um dos poucos segmentos que se mantém aquecido na pandemia. De acordo com uma pesquisa encomendada pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO) e realizada pela Brain Inteligência Estratégica, a venda de imóveis teve alta de 21,4% em todo ano passado no Estado. Essa foi a quarta alta consecutiva registrada pelo setor.

Os números destacam que em todo ano que foi acometido pela crise sanitária global, 8.238 imóveis foram comercializados. Em 2019, o total de 6.784 imóveis foram vendidos. Com esses números, o mercado se mantém aquecido mesmo em meio às adversidades causadas pela pandemia. A pesquisa ainda mostra que houve alta de 17% na quantidade de lançamentos do segmento no ano passado em relação a 2019.

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A Associação registrou 7.387 imóveis lançados no ano passado ante 6.306 unidades no ano anterior. De acordo com a pesquisa, esse é o maior volume em lançamentos desde 2013, quando 7.407 unidades foram anunciadas.

Segundo o presidente da Ademi-GO, Fernando Razuk, um dos motivos atribuídos ao aumento das vendas foi a queda nas taxas de juros do financiamento imobiliário. “Estamos no menor patamar de taxa de juros da história do País. A queda reduz significativamente o valor das parcelas dos imóveis, o que aumenta a demanda, uma vez que mais pessoas têm condição de comprar imóvel”, explica.

Além disso, Fernando destaca que o fato das pessoas estarem mais tempo dentro de casa na pandemia de certa forma contribuiu para a procura de novas unidades. “Com a pandemia, as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa e perceberam a necessidade de comprar imóvel maior ou mais atualizado para oferecer mais conforto para a família”, diz.

Novos horizontes

Uma das pessoas que aproveitou o momento para adquirir a casa própria foi o coordenador de inteligência de negócios, Victor Camilo, de 28 anos. Ele adquiriu um apartamento no Condomínio Parque América Havaí, localizado em Aparecida de Goiânia. Além do momento, Victor conta que a conquista lhe simbolizou liberdade.

“Eu morava com minha mãe e minha irmã, mas a gente sempre sonha com a independência. Essa pandemia também ajudou a perceber que a gente tem certas manias e costumes que você nem percebia antes. Minha família é muito unida e sei que eles ficaram felizes por essa conquista. Eu encaro que cada conquista é um degrau a mais na minha vida. Tem um significado muito especial para mim”, ressalta.

Victor pontua que, de início, não buscava imóveis para compra e, sim, para alugar. Porém, percebeu que os preços dos aluguéis estavam muito altos. “Eu não tinha esperança de um financiamento, apesar das taxas estarem mais baixas, mas não tinha percebido. Foi quando eu conheci o lugar que eu moro atualmente. Fui pesquisar mais sobre a compra de imóvel e vi que a aquisição não era bicho de sete cabeças”, pontua.

O gerente confessa que é uma pessoa muito exigente e procurou fechar negócio com alguma construtora e incorporadora que fosse renomada no mercado. Segundo ele, isso foi até um meio para evitar qualquer contratempo que pudesse transformar o sonho em pesadelo. “Após escolher direito, eu fui fazer a simulação do financiamento. Passei pelo Minha Casa Minha Vida, onde consegui subsídio de R$ 3,7 mil, e também gostei da assessoria que eles me deram após o fechamento do negócio. A facilidade da entrada também foi um grande atrativo, já que é 20% do valor do imóvel e é muito difícil uma pessoa ter um montante desses no banco. Além da facilidade no parcelamento das prestações”, reitera.

Victor conta que toda a infraestrutura da região também pesou para a escolha do imóvel, que ele mora desde junho do ano passado. “Eu moro de frente a um parque e isso faz total diferença. É uma qualidade de vida sem tamanho. Ainda mais eu que tenho cachorro, sei que eles acabam ficando tristes por ficarem em um espaço totalmente fechado, mas com um parque perto, eu tenho como levá-lo para passear e ele adora. Além disso, a redondeza conta com supermercados, faculdade, escolas e shopping. A localização também é bem privilegiada para o meu trabalho, que fica no Setor Marista. Em sete minutos estou em casa”, destaca.

O gerente recomenda a quem estiver com dúvida que o momento é propício para a aquisição de um imóvel. “As taxas estão baixas, tem bancos com muitas facilidades para o pagamento da entrada, das parcelas. Além disso, a valorização do imóvel tende apenas a crescer com o passar do tempo. E é uma conquista que vai para o resto da vida”, assevera. 

Imóveis também se tornaram fonte de investimento 

A alta nas vendas fez com que muitas pessoas também buscassem os imóveis como uma forma de investimento. Essa, inclusive, foi uma das justificativas mais ouvidas por clientes que foram fechar negócios. Ademar Moura, gerente de marketing e comercial da EBM Desenvolvimento Imobiliário, explica que a empresa incorporou a estratégia corporativa para navegar no segmento de casas e apartamentos de 2 e 3 quartos, que foram os mais buscados nesse período.

“Desde quando se instaurou toda a crise no ano passado, houve a ressignificação dos valores de moradias. Quem estava morando em um apartamento, queria uma casa. Ou pessoas que quiseram criar um espaço para o home office. Com isso, a gente se deparou com muitas vantagens, como a redução de juros, carência de prazo para começar a pagar, que eram coisas jamais vistas nesse meio e que facilitou muito o fechamento das negociações”, afirma.

Apesar de as pessoas buscarem um imóvel para mais espaços, Ademar explica que ocorreu o caminho inverso: de pessoas que buscavam imóveis mais compactos. “Para você ter uma ideia, a gente lançou um empreendimento próximo ao Parque Areião que vendeu todas as unidades em menos de 30 dias. E isso coincidiu com o primeiro lockdown em Goiânia. Teve um empreendimento de casas que também vendemos 100% em 30 dias. Todos os empreendimentos de 2 e 3 quartos. Isso representa 75% da carteira de vendas da EBM”, afirma.

Os imóveis de alto custo também tiveram sua procura durante esse período. Segundo Ademar, quatro empreendimentos de alto padrão estão em desenvolvimento pela incorporadora e ele garante que os três primeiros meses de 2021 foram ótimos de vendas. “A diferença é que é um mercado muito específico e mais competitivo. Todas as construtoras foram em investimentos de alto padrão devido à alta procura”, afirma.

A expectativa do gerente é que os próximos trimestres também sejam de vendas em alta. Segundo ele, cinco lançamentos estão previstos em Goiânia nos próximos meses. Um deles é um condomínio fechado de lotes na saída para Senador Canedo. Ademar finaliza alegando que a pandemia não trouxe prejuízos ao setor e nem atrasou o andamento das obras, mesmo com a alta dos preços de materiais para construção. “A maior preocupação que tivemos foi com a saúde dos nossos colaboradores nos canteiros de obras. Sempre foi levada em consideração todas as medidas restritivas que eram determinadas para o nosso funcionamento”, sublinha. (Especial para O Hoje) 

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