Covid-19 atingiu 15 mil crianças em Goiás

O Estado registrou mais de 15 mil casos em crianças abaixo de 10 anos | Foto: Reprodução

Postado em: 16-04-2021 às 08h20
Por: Augusto Sobrinho
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O Estado registrou mais de 15 mil casos em crianças abaixo de 10 anos | Foto: Reprodução

Daniell Alves

Embora ainda pequenas e sem entender realmente a gravidade da pandemia, crianças em Goiás lutam pela vida em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O Estado já registrou mais de 15 mil casos de Covid-19 em crianças abaixo de 10 anos, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO). Destas, 13 vieram a óbito. Já na faixa etária entre 10 e 14 anos, foram oito mortes registradas. A SES não informou à reportagem o número crianças internadas em UTIs ou enfermaria.

Felizmente, diversas outras crianças têm conseguido responder bem ao tratamento da doença. O pequeno Emanuel, de apenas 1 mês e 18 dias, conseguiu ser curado da Covid-19 após ficar duas semanas internado no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (Hmap). Ele mora em Hidrolândia e foi diagnosticado com suspeita de bronquite, porém após alguns testes os médicos tiveram certeza que a contaminação se tratava do Coronavírus.

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A mãe dele, Eliane da Silva, 25 anos, explica que, quando ele estava com 15 dias, teve febre. Quando foi ao médico, foi recomendado que ela lavasse o nariz do bebê com soro fisiológico. Após três dias, ele teve uma crise forte de choro e foi transferido para a unidade em Aparecida. Desse modo, a mãe e o bebê foram colocados em isolamento. “A médica falou que ele precisaria ser entubado”, lembra.

Depois do tratamento, Emanuel teve alta na última terça-feira (13). A coordenadora da UTI pediátrica do Hmap, Luana Kratka explica que a evolução dele foi rápida e grave. “Ele ficou 11 dias em ventilação mecânica e a melhora clínica foi ocorrendo de forma gradativa. Geralmente as crianças apresentam quadros mais simples e é raro termos de gravidade como esta”, ressalta.

Durante este mês, pelo menos outras cinco crianças foram diagnosticadas com Covid-19 e passaram por internações na unidade de Aparecida, sendo duas em UTI. Outra criança que teve o caso mais grave foi Natasha Sobrinho, de apenas quatro anos. A pequena convive com sequelas de um AVC e utiliza sonda. Após oito dias internada, assim como Emanuel, ela também foi curada da doença e conseguiu alta.

Apenas três anos

Diferente das duas crianças citadas, Heloisa Alves, de três anos, não teve um final feliz e perdeu a vida para a Covid-19 em um hospital de Goiânia. Ela morava em Anápolis com os pais. Enquanto esteve internada na cidade, a menina teve oito paradas cardíacas. Ao ser transferida à Capital, ela apresentou melhora, mas o quadro se agravou.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Anápolis informou, por meio de nota, que a criança deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Pediátrica em 28 de março com febre e dores abdominais. O quadro se agravou e ela foi encaminhada para a sala vermelha, onde apresentou parada cardiorrespiratória.

Assintomáticas

A última testagem feita pela SES em crianças e adolescentes, no último dia 6, mostrou que todos que testaram positivo à doença eram ou foram assintomáticos. Foram realizados 1.780 testes e o balanço preliminar feito no primeiro dia de testagem mostrou que a taxa de positividade foi de 13,6%.

Para o médico infectologista, Marcelo Daher, este resultado precisa ser visto de forma crítica. “Isso é uma triagem que mostra que a criança e o adolescente já se expuseram ao vírus. É importante testar, mas é um exame meio cara ou coroa, já que os testes sorológicos têm sensibilidade de 50%. Por isso, se deve ter um certo critério sobre qual a real utilidade deles e é difícil avaliar o que isso representa”, opina.

O profissional ressalta que os testes sorológicos existentes no Brasil atualmente, não são de boa qualidade. “Várias pessoas que tiveram a doença, até apresentando sintomas, e fizeram o RT-PCR que deu positivo, obtiveram resultado negativo e inconsistente nos testes sorológicos, que são os testes rápidos utilizados na campanha”, explica.

 Neste contexto, explica, a transmissão do vírus por parte dos assintomáticos, que passam a doença de forma silenciosa, não é tão alta quanto os que demonstram sintomas, por ter uma carga viral menor. Entretanto, o infectologista esclarece que o papel da criança na transmissão, apesar de ainda não estar tão claro, é menos importante na transmissão da doença, que jovens e adultos. (Especial para O Hoje)

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