Sem ecopontos, Aparecida sofre com descarte irregular de lixo

Cidade gasta R$ 10 milhões mensais para realizar a coleta desses materiais. Ecopontos poderiam ajudar | Foto: Wesley Costa

Postado em: 20-04-2021 às 07h55
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Sem ecopontos, Aparecida sofre com descarte irregular de lixo
Cidade gasta R$ 10 milhões mensais para realizar a coleta desses materiais. Ecopontos poderiam ajudar | Foto: Wesley Costa

João Paulo Alexandre

Aparecida de Goiânia sofre com o descarte irregular de entulho e lixo em lotes baldios e áreas públicas da cidade. De acordo com dados da prefeitura, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SDU) faz a coleta de 4,2 mil toneladas desse problema crônico todo mês. Um dos fatores que podem contribuir com essa alta é o fato da cidade não contar com nenhum tipo de ecoponto. Essa seria uma alternativa para evitar que esse tipo de situação seja reincidente na cidade.

O descarte irregular é causador de vários problemas, inclusive a proliferação de insetos e aumento de criadouros do mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue, zika vírus, febre amarela e chikungunya. Dentre a quantidade total de material coletado estão entulho oriundo de construção civil, móveis velhos em geral, animais mortos, galhadas de árvores e, em alguns lugares, até lixo doméstico. Essa situação crônica leva a prefeitura a gastar R$ 10 milhões que poderiam ser utilizados em outras áreas, segundo o titular da SDU, Max Menezes. “Para realizar esse trabalho, a SDU emprega servidores e maquinários que poderiam ser usados em outras frentes como, por exemplo, reforma e construção de praças, poda de árvores e outros serviços”, aponta.

Continua após a publicidade

Para fazer a retirada de lixo dos locais, são destinados caminhões trucados, pás carregadeiras, motoristas, auxiliares e fiscais. “Pedimos que as pessoas descartem de forma correta esse tipo de material. Quem está construindo ou reformando um imóvel deve se responsabilizar pelo entulho. Para isso, basta alugar um contêiner de uma empresa credenciada à prefeitura e não descartar no lote ao lado”, ressalta.

Projeto de lei

Um projeto que tramita na cidade visa criar esses espaços para tentar acabar com essa situação que traz muitos transtornos ao município. A autoria do projeto é do vereador Hans Miller (PSD) e visa evitar o descarte irregular e, ao mesmo tempo, fazer um ponto onde as pessoas possam ter acesso à materiais recicláveis.

De acordo com o projeto, ecopontos são “locais previamente designados pelo município, compostos de um recipiente diferenciado, ou um conjunto de recipientes diferenciados, que servem como coletores de resíduos especiais e perigosos, porém recicláveis, para que os resíduos gerados nos ambientes domésticos possam receber um tratamento diferenciado de coleta, transporte e destinação final, exclusivamente para reciclagem, reprocessamento e reaproveitamento, evitando que os mesmos sejam jogados em praças, terrenos baldios e nas ruas, contribuindo efetivamente para a melhoria do meio ambiente.

O descarte nesses locais seria realizado de maneira voluntária pelas pessoas. O texto prevê que o Poder Público pode realizar parceria com a iniciativa privada com o intuito de explorar e fomentar o serviço de coleta de lixo nos ecopontos.

“A população não sabe onde jogar o lixo reciclável. Diante dessa situação, estudei e achei a possível solução que já é utilizada em alguns grandes municípios, que são os chamados Ecopontos. Ele funciona da seguinte forma: é instalado nas áreas de limpeza urbana esses Ecopontos, que são locais próprios para despejo desse tipo de resíduo, não haveria custo extra para o poder público, pois ali já tem funcionários lotados, que receberão esse lixo de uma forma correta, e os caminhões da coleta seletiva irão diretamente nessas áreas para o recolhimento. Eu acredito que a médio e longo prazo teremos um resultado efetivo com esse projeto”, pontuou o vereador.

Vale lembrar que nos ecopontos as pessoas podem deixar resíduos sólidos e construção civil. Porém, o texto veta o descarte de lixos domiciliares, como alimentos, resíduos industriais e de serviços da saúde, que devem ser colhidos pelo serviço de coleta regular da cidade. 

Dono do lote

Na segunda maior cidade de Goiás, a limpeza de terrenos particulares é de completa responsabilidade dos proprietários. Quando esse serviço não é realizado, a Secretária vai até o local e faz a limpeza. Segundo Max Menezes, apesar da realização do serviço, essa questão não é obrigação da prefeitura. “A prefeitura é responsável pela limpeza de praças, canteiros centrais e passeios públicos. A limpeza de lotes e terrenos particulares é de responsabilidade do proprietário. Esse serviço, inclusive, é cobrado no ITU anualmente”, lembra.

A situação do descarte irregular de produtos em lotes e terrenos públicos traz muita insegurança aos moradores, já que, além de ser ponto de criadores de insetos e animais peçonhentos, pode trazer problemas de segurança pública. Em algumas situações, foram retiradas montanhas de lixo, que podem se tornar um esconderijo fácil de criminosos.  

Moradores voltam a jogar lixo mesmo após limpeza 

E a situação tende a se repetir, já que a prefeitura já noticiou reincidência de descarte irregular em espaços que já estavam limpos. “Já registramos casos em que nossas equipes fizeram a limpeza em um dia e no outro a área já estava totalmente sujo. Falta conscientização e, sobretudo, respeito para com as pessoas que moram próximas”, disse Max. Apesar disso, a prefeitura da cidade não realiza trabalho educativo ou campanha de conscientização voltadas para esse tipo de situação.

De acordo com a SDU, na última semana, um morador foi flagrado jogando entulhos de construção civil na Alameda Antônio Neto, no Jardim Maria Inês. A área foi uma das que foram limpas dias anteriores. “A gente se vê aqui enxugando gelo. Pedimos que todos tenham consciência da sua responsabilidade em manter a cidade limpa e bonita para todos”, comentou o superintendente de Desenvolvimento Urbano, Ademar Rodrigues.

Outro lugar que sofreu com a mesma ação foi um espaço localizado na Vila Brasília. O local estava sendo preparado para a construção de uma praça, mas as equipes foram surpreendidas pelo descarte de entulhos de construção civil. A secretaria aponta que essa prática é considerada crime ambiental na cidade, com multas que variam de R$ 500 a R$ 5 mil. Os moradores podem denunciar caso flagram o descarte irregular pelos telefones (62) 3575-5930 e (62) 3545-6040.

Disque Busca

Além disso, a cidade conta com o Disque Busca, que consiste no pedido do morador para realizar a coleta de algum objeto. Quem estiver interessado, pode entrar em contato pelo número (62) 3545-9969 e agendar um horário para que o móvel ou eletrodoméstico seja retirado.

Após isso, o material é levado para cooperativas de reciclagem do município. O que não for aproveitado é encaminhado ao Aterro Sanitário. “Com esse serviço evita-se o descarte incorreto de objetos, móveis e lixo em lotes baldios, áreas e vias públicas, margens de córregos e canteiros evitando problemas futuros”, comentou Max Menezes. (Especial para O Hoje) 

Veja Também