Produção bovina deve se preparar para entressafra e estiagem em Goiás

Augusto Sobrinho 

Os produtores rurais goianos devem redobrar a atenção para o período de seca e se preparar para a época de entressafra do boi, que se inicia nas próximas semanas. O outono, que começou no Brasil desde o dia 20 de março, e o inverno, que só encerrará em 21 de setembro, marcam um período de muita preocupação para o agronegócio em Goiás.

Nessas duas estações do ano, a diminuição ou, simplesmente, ausência de chuvas podem causar algumas dificuldades na produção. Como por exemplo, a redução da qualidade da pastagem e a escassez de água para hidratar os animais. Além disso, mesmo havendo produção de gado o ano todo, durante a entressafra nem toda propriedade consegue ter boi para comercialização todos os meses.

Por isso, é fundamental que o produtor rural se planeje para evitar perdas e garantir lucro na atividade. O veterinário João Bosco Bittencourt destaca que para garantir que a produtividade do gado continue alta nos próximos meses é importante planejar o fornecimento de água. Deve-se pensar com antecedência na qualidade e quantidade da água e na disponibilidade de pastagem.

Ele afirma que o planejamento assegura a eficácia de uma boa gestão e o sucesso na atividade. “O que a pecuária, de modo geral, nos mostra é que os produtores que não estão de fato preparados e não fazem um planejamento mínimo estão fadados a permanecer por pouco tempo na atividade, pois se não venderem a propriedade, serão arrendados” alerta o especialista.

O engenheiro agrônomo e mestre em zootecnia, Luiz Antônio Monteiro, que atua na atividade há mais de 30 anos, ressalta que é necessário se programar durante a primavera e o verão, que têm mais chuvas. “O período das águas [de outubro a fevereiro] também é a época que temos para nos preparar para as adversidades que a seca nos proporciona”, afirma.

De acordo com Monteiro, é importante buscar as melhores oportunidades de minimizar os gastos e aumentar os lucros. Por isso, ele dá dica para o produtor rural garantir o bom desempenho da atividade também durante a entressafra. “O que sempre deve ser levado em consideração é o fluxo de caixa da fazenda, pois ali está a saúde do negócio”, orienta o mestre em zootecnia.

Além disso, ele acrescenta que o produtor rural deve investir em boas ferramentas tecnológicas para prever os riscos produtivos durante o planejamento e reduzir os impactos deles na entressafra. “Já em relação à pastagem, devem ser observados a vedação, controle de pragas e lotação adequada. E é claro, a nutrição ideal para cada categoria animal”, finaliza Monteiro.

Thiago de Freitas, que é produtor rural e estudante de agronomia em Bela Vista de Goiás, conta sua experiência no planejamento. “Se conseguirmos fazer uma boa compra, consequentemente teremos um custo de produção menor, e para isso acontecer é preciso ter planejado. Se compramos antes da maioria das pessoas, normalmente teremos um preço mais reduzido”, disse.

Ele lembra que com a redução da qualidade da pastagem durante o período de estiagem, a nutrição dos animais é prejudicada. “Então temos que suplementar a falta de nutrientes para o animal. No sistema de cria, para a nossa vacada fornecemos um sal mineral proteinado com ureia, já para bezerrada de recria é oferecido um proteinado de baixo consumo de 0,1%”, conta Thiago.

Segundo o veterinário João Bosco Bittencourt, planejar significa traçar metas e objetivos para a atividade desempenhada pelo produtor, seja ela de cria, recria ou engorda dentro da fazenda. Por isso, visto que os próximos meses serão de estiagem e de entressafra do boi, o pecuarista deve se atentar para o propósito da sua produção, antecipar os riscos e se preparar para enfrentá-los.

Pecuária goiana em destaque

Estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) apontou que, no primeiro bimestre do ano, a comercialização da carne bovina representou 9,1% do total das vendas externas do agronegócio brasileiro. Com a demanda internacional aquecida, a expectativa para 2021 é que a pecuária de corte continue sendo a protagonista da economia do país no cenário do agronegócio.

No mesmo período, Goiás mostrou bons resultados nas exportações de carne bovina, que foi puxada, principalmente, pela demanda chinesa. Segundo levantamento do Agro em Dados, da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), de janeiro a março de 2021, a agropecuária goiana contribuiu com 74,5% das exportações totais, com mais de 1,3 bilhão de dólares.

 Com isso, é fundamental que o produtor rural se planeje para o período de estiagem e de entressafra para Goiás continuar se destacando na comercialização da carne bovina. Esta atividade, que ocupa a quarta posição do ranking de exportação nacional, é extremamente lucrativa e poderá auxiliar o Estado nesse momento de retomada da economia.