Ganhei um coelho e agora?

Está chegando a Páscoa, feriado cristão que representa a ressurreição de Jesus Cristo. Neste período, assim como o da festa natalina, as pessoas se tornam mais amorosas, pensam mais no próximo, enfim fazem uma reflexão de sua vida e de seu futuro. 

Além do simbolismo da Páscoa, que é o ovo de chocolate, alguns pais, namorados e amigos gostam de presentear seus filhos ou familiares com coelhinhos de verdade, muitas vezes uma compra por impulso movida pela emoção que envolve a data, porém, alguns cuidados devem ser tomados antes de tomar a decisão de ter um coelho como animal de estimação.

O primeiro deles é ter conhecimento sobre as características da espécie, por exemplo, coelhos têm uma expectativa de vida entre 6 e 8 anos e dependendo da raça podem variar de 1 a 6 kg de peso vivo. São animais territorialistas e por isso liberam um forte odor para marcação do território e expressão de seu domínio. 

Na natureza têm hábitos noturnos e se alimentam de ervas e vegetais e durante o dia permanecem escondidos, geralmente em tocas. Já os domésticos são bem sociáveis com seus proprietários e acabam adquirindo o hábito diurno, porém, quando em companhia de outro de sua espécie, tende a se sentir melhor. O coelho é um animal relativamente silencioso, no entanto, antes de um ataque ou situação de estresse pode emitir sons e grunhidos como método de defesa.

O coelho é um herbívoro monogástrico (possui apenas um estômago) que possui um rápido trânsito gastrointestinal, por isso pode não aproveitar bem os nutrientes do alimento ingerido, o que leva esta espécie a ingerir suas próprias fezes, permitindo com isto um melhor aproveitamento dos alimentos. 

A dentição do coelho é adaptada ao desgaste que está relacionada aos movimentos mastigatórios permanentes. Todos os dentes apresentam crescimento contínuo. A urina pode variar sua coloração, de amarelo ao vermelho, de acordo com sua alimentação. Essa urina é rica em precipitados de carbonato de cálcio, o que lhe confere um aspecto turvo e espesso. 

Cuidados relativos ao manejo ou criação também devem ser observados:

Alojamento: Esses animais podem ser criados tanto no interior quanto no exterior da residência, porém alguns cuidados devem ser tomados como: atenção com fiações de eletrodomésticos e plantas tóxicas. Caso o animalzinho tenha que ser mantido em gaiolas é importante observar o tamanho. Sugere-se uma gaiola de 90 x 60 cm, com 45 cm de altura para animais criados sozinhos. 

Evite deixar seu bichinho em áreas com muita passagem de corrente de ar ou em áreas de alta incidência de temperatura. Os coelhos suportam melhor o frio do que o calor. Como cama pode ser utilizada maravalha (um tipo de serragem sem perfume) ou mesmo jornal aglomerado. É necessária uma troca dessa cama pelo menos duas vezes por semana. 

Os comedouros ou bebedouros devem ser de material que eles não possam roer, sendo os mais indicados de barro, que mantém a água sempre fresca. A ingestão de água em coelhos é alta, cerca de 50 a 150 ml de água/kg.

Comportamento: machos adultos não castrados podem desenvolver um comportamento agressivo contra seu proprietário.

Alimentação: a alimentação a base de mistura de cereais pode produzir fezes amolecidas, além de levar à desnutrição, pois estes produtos são pobres em cálcio e vitamina D. As rações granuladas podem constituir uma base equilibrada para a alimentação de coelhos anões. O feno deve ser incluído na dieta, pois são as fontes de fibras que auxiliam no trânsito intestinal do animal. 

Algumas verduras como alface, abobrinha e pepino devem ser evitadas, pois podem provocar diarréia, assim como o abacate, batata crua e feijão, que são tóxicos para os coelhos. Pode-se fornecer sem preocupação: cenoura, nabo, rabanete, espinafre, brócolis, salsinha, hortelã, chicória, entre outros. As frutas recomendadas são as que possuem menos açúcar (açúcar promove uma fermentação excessiva) como maçãs em pequenas quantidades. Em resumo, a alimentação de seu coelhinho deve ser à base de ração comercial para coelhos, vegetais frescos, feno e água sempre limpa, fresca e à vontade.

Reprodução: a maturidade sexual é atingida em torno dos 4 a 7 meses, de acordo com a raça. As fêmeas são férteis por até 4 anos e os machos até os 6 anos. A fêmea pode entrar em ciclo reprodutivo a cada 15 dias durante o ano todo e a gestação dura de 28 a 34 dias. Podem nascer de 2 a 4 filhotes a cada vez, portanto, cuidado ao adquirir um casal dessa espécie.

Aspectos sanitários: coelhos devem ser vermifugados frequentemente, além de ser vacinados contra doenças virais como o mixomatose e a Doença Hemorrágica Viral. Alguns podem albergar pulgas e ácaros causadores de sarnas, principalmente no pavilhão auricular. Portanto, o Médico Veterinário deve ser consultado para estabelecimento de medidas de saúde de seu bichinho de estimação. No Brasil, os estudos apontam que cerca de 2 milhões de animais, entre répteis e pequenos mamíferos são criados como pets, fora os cães, gatos, peixes e aves. Não existem estatísticas específicas para coelhos, que são os lagomorfos. Lembrando que os coelhos não são roedores. (CRMV-GO)