‘A Morte de Deus na Cultura’ chega às livrarias

Na obra, o autor parte do Iluminismo para mostrar como Deus sobreviveu ao racionalismo do século 17 e chega até a ascensão do islã radical

Postado em: 05-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Na obra, o autor parte do Iluminismo para mostrar como Deus sobreviveu ao racionalismo do século 17 e chega até a ascensão do islã radical

Logo nas primeiras páginas de A Morte de Deus na Cultura, do Grupo Editorial Record, o filósofo e crítico cultural Terry Eagleton afirma que o livro é menos sobre religião do que sobre a crise de seu aparente desaparecimento. Na obra, o autor parte do Iluminismo para mostrar como Deus sobreviveu ao racionalismo do século 17 e chega até a ascensão do islã radical, expondo a forma sombria como o divino ressurgiu nos últimos tempos.

Ao percorrer o Século das Luzes, o autor argumenta que a investida do Iluminismo contra a religião era antes de tudo uma questão política mais do que teológica. Em grande medida, o projeto não era substituir o sobrenatural pelo natural, mas descartar uma fé bárbara e ignorante em favor de outra, racional e civilizada. Eagleton destaca o papel dos idealistas alemães na tentativa de sair da dualidade entre uma religião excessivamente mundana, regida pela lógica terrena, e uma crença totalmente alheia a ela, demasiadamente transcendente.

O filósofo defende que, se por um lado as sociedades racionalizadas tendem não só a empobrecer seus recursos simbólicos e patologizá-los, a ausência da racionalidade leva a uma religião tórrida. Neste contexto, Eagleton questiona se a cultura seria capaz de se tornar o discurso sagrado de uma era pós-religiosa.

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O autor chama atenção ainda para o fato de o capitalismo ocidental ter contribuído não apenas para a secularização, como também para o fundamentalismo religioso: “No exato momento em que o capitalismo contemporâneo parecia dirigir-se  para uma era pós-teológica, pós-metafísica, pós-ideológica e até pós-histórica, um Deus irado mais uma vez ergueu a cabeça, ansiosa por protestar que seu obituário saíra prematuramente. Ao que parece, a tampa do caixão do Todo-poderoso não fora aparentemente bem pregada. Ela simplesmente mudara de endereço, migrando para a chamada região norte-americana do cinturão bíblico, as igrejas evangélicas da América Latina e as favelas do mundo árabe. E o seu fã-clube vem aumentando constantemente”, declara.

A Morte de Deus na Cultura analisa como é possível viver em um mundo supostamente sem fé e que, por outro lado, está ameaçado pelo radicalismo religioso. O livro chega às livrarias brasileiras neste mês de junho (224 páginas, R$ 39,90). 

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