Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Aquarismo responsável

Demanda por aquarismo aumenta no Brasil e, com ela, a responsabilidade sobre a criação de peixes confinados

Postado em: 23-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Aquarismo responsável
Demanda por aquarismo aumenta no Brasil e, com ela, a responsabilidade sobre a criação de peixes confinados

Elisama Ximenes

A procura por peixes Palhaço no mercado aumentou depois da estreia de Procurando Nemo em julho de 2003. O peixe laranja com listras brancas, que marcou uma geração da animação, virou objeto de desejo dos aquaristas. Estamos a uma semana da estreia de Procurando Dory, sequência do clássico infantil. O filme conta a história da melhor amiga do pai do Nemo, Dory, da espécie Cirurgião-Patela. A cor azul com amarelo é o que chama atenção na espécie. Espera-se que, tal qual no primeiro filme, a procura de aquaristas por Cirugiões-Patela também aumente. No entanto a criação desta espécie não é tão simples quanto a do peixe Palhaço, e pode haver complicações para a sobrevivência dos animais. Ativistas fizeram, inclusive, uma petição para que Disney e Pixar trabalhem na precaução deste risco.

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Para entender como se dá essa diferença, é necessário compreender como funciona o aquarismo. Ao contrário do que se pensa, a maioria das espécies não é capturada de seus habitats naturais. Quem esclarece isso é o veterinário Fabrício de Oliveira. “No mercado brasileiro, em geral, as espécies não são capturadas; a maioria já é criada para isso”, conta Fabrício. Segundo ele, a maioria é produzida para ornamento. “O peixe Cara Disco, por exemplo, existe na natureza e é criado em cativeiro”, exemplifica. No caso do peixe Palhaço, hoje em dia há uma gama de criadouros. No Brasil, há criadouro da espécie do Sul ao Nordeste do País – segundo Fabrício.

A criação desses peixes especificamente para ornamento colabora para a manutenção dos animais em seus ambientes naturais. No entanto, no caso do Cirurgião-Patela, há uma especificidade. A reprodução desse peixe não é tão simples, e a sua criação em cativeiro fica impossibilitada. Portanto haveria de ter a captura desses animais, o que contribui para a diminuição da espécie na natureza. Essa é, contudo, a preocupação dos ativistas e especialistas em animais aquáticos. 

O veterinário explica que, para além de colecionar peixes bonitos e ser amante de aquários, é preciso ter um mínimo de conhecimento sobre como deixar o ambiente propício para vivência e convivência das espécies. Ele está com um projeto, que deve entrar em vigor daqui seis meses, para orientar profissionais e atrair mais médicos veterinários para o segmento do aquarismo. O projeto oferecerá o curso Responsabilidade Técnica em Aquarismo, e conta com o apoio do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Segundo ele, para se ter um aquário, é necessário saber quais tipos de peixes podem conviver juntos ou não, além de ter conhecimento sobre ph da água, temperatura, iluminação, etc. 

Por exemplo: existem espécies que comem de tudo, mas não se pode colocar no mesmo ambiente animais carnívoros e vegetarianos. “Hoje em dia, a tecnologia está muito alta, existe ração específica para peixe ornamental, o que facilita os cuidados”, conta Fabrício. 

O médico elucida para o fato de que cada espécie tem parâmetros diferentes de criação e há de se considerar que estão confinados em um aquário. Deve-se estar atento a tudo, principalmente à limpeza do ambiente e à temperatura. Isso porque os peixes não têm esse controle sobre o próprio corpo. Os cuidados com relação ao ambiente do aquário se estendem a algas, corais e demais ornamentos que se pretende colocar no recipiente – segundo orientação do veterinário.

Fabrício trabalha, principalmente, com a sanidade e o bem-estar desses animais. No Brasil, são 18 milhões de peixes ornamentais, e, por isso, estão na quarta categoria de animais de estimação no País. “É necessário estar atento à qualidade de vida dos peixes”, enfatiza. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é quem regulamenta o aquarismo no Brasil. Segundo a Instituição Normativa do Ibama Nº 203/2008, 450 espécies de águas continentais são legalmente permitidas para o ornamento. 

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