Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Hipertensão não escolhe geração

Dados do Ministério da Saúde apontam que um em cada quatro brasileiros estão hipertensos

Postado em: 12-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Dados do Ministério da Saúde apontam que um em cada quatro brasileiros estão hipertensos

Elisama Ximenes

Pensar em hipertensão parece coisa para gente idosa, já depois da terceira idade. No auge dos 30 anos de idade, pouca gente imagina que será hipertensa. Assim pensava, também, Ranilsa Almeida até completar 33 anos e ser diagnosticada com a doença. Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), divulgados no mês passado, um em cada quatro brasileiros é hipertenso. Ainda de acordo com a pesquisa, as mulheres são as mais atingidas, e o número de casos aumenta conforme o avanço da idade.

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Ranilsa, Maria das Graças, a mãe, e Maria Luiza, a tia, compõem essa maioria de mulheres hipertensas no Brasil. A maranhense descobriu que tinha o mesmo problema da mãe e da tia quando sofreu uma infecção nos rins. Também sofria com dores de cabeça repetitivas, que tratava como enxaqueca. Com o caso nos rins, acabou sendo diagnosticada como hipertensa. Além das mulheres, o pai dela apresenta a doença – bem como o irmão apresentava. O caso da família é um exemplo da característica hereditária da hipertensão. Apenas uma irmã de Ranilsa, de três, não foi diagnosticada.

A maranhense atendeu aos 60% de chance de desenvolver o problema arterial – quando se tem pai e mãe hipertensos. Caso apenas um dos genitores tivesse a doença, os filhos teriam 25% de chance de adquirir. O fato de ter descoberto a alteração nas artérias, após um quadro de infecção nos rins, também tem explicação. “Cronicamente, a hipertensão pode sobrecarregar o músculo cardíaco, bem como os rins, levando à insuficiência dos dois órgãos”, explica a  médica endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Mariana Santos.

Segundo a médica, a doença pode desencadear consequências ainda mais graves. “A hipertensão é a principal causa de acidente vascular cerebral isquêmico e hemorrágico. Ela também aumenta o risco de aneurisma e pode, cronicamente, levar à demência. No coração, a hipertensão aumenta o risco de complicações agudas como o infarto agudo do miocardio e doenças anginosas relacionadas à aterosclerose”, explica a especialista. Para evitar que a alteração arterial chegue a tal ponto, é necessário que a pessoa diagnosticada siga, rigorosamente, às recomendações médicas.

“Eu tive de diminuir a quantidade de sal da comida, reduzir os alimentos gordurosos e passar a fazer exercícios físicos”, conta Ranilsa, sobre o que teve que mudar na rotina alimentar e física, após o diagnóstico. Além disso, manter a medicação em dia é fundamental. A auxiliar administrativa foi prescrita para usar três remédios ao acordar e um antes de dormir. Dentre as medicações, uma funciona para controlar a pressão alta e outra para ajudar no funcionamento dos rins. “Eu fiz um exame que funciona como uma espécie de mapa que detecta o momento do dia em que a pressão aumenta mais – no meu caso, foi à noite. Por isso eu tenho de tomar uma dose, antes dormir, para não correr o risco de que ocorra algum imprevisto na madrugada”, explica a paciente.

Já com relação à atividade física, Ranilsa, que hoje tem 36 anos, está em déficit. “Comecei a academia no início do tratamento, mas não estou indo mais”, confessa com a consciência de que precisa tomar providências com relação a isso. A maranhense também vai ao cardiologista e ao clínico geral uma vez ao ano para realizar todos os exames necessários. A ida também funciona para possíveis alterações no tratamento. “Nesses dias, eu queria fazer uma doação sanguínea, mas não podia por causa de um dos remédios que tomo. Agora, terei que ir ao cardio para que ele faça a mudança do remédio e eu possa doar”, conta.

O caso de Ranilsa é familiar, mas, mesmo quem não tem histórico genealógico, deve se preocupar e manter-se prevenido. Um dos grandes vilões que contribuem para o desenvolvimento da doença é o alto consumo de sal – mesmo que poucas pessoas julguem abusar do sódio. A maranhense conta que gosta muito de comidas salgadas e que, agora, que deve reduzir o consumo, tem sentido falta. “Eu até me adaptei com relação a algumas coisas, já consigo comer salada e batata frita sem sal, por exemplo”, conta. Além disso, a idade avançada, sobrepeso e obesidade, consumo de bebidas alcóolicas, sedentarismo, tabagismo e estresse são grandes causadores da hipertensão.

Ainda segundo Mariana , após os 50 anos quase metade da população desenvolverá hipertensão. Para prevenir, ela recomenda controlar todos os fatores de risco mencionados. “É importante manter o peso adequado, cortar bebida alcóolica e tabagismo, e praticar atividade física regularmente. A dieta pobre em sal deve ser incentivada, e a maioria dos alimentos processados possui grande quantidade de sódio em sua composição”, explica a médica. Ela ainda completa que tais alimentos “devem ser evitados. Os pacientes que já sofrem com a doença devem tomar medicação para controle e evitar o uso de medicações que podem aumentar a pressão como antinflamatórios, corticoides, alguns antidepressivos. É importante manter um acompanhamento regular com um médico cardiologista”, finaliza. 

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