Exposição reúne obras de Célio Braga no MAC

Artista plástico Célio Braga abre exposição Abluções no MAC com obras produzidas ao longo de sua carreira, dividida entre Goiás, São Paulo e Amsterdã

Postado em: 04-08-2016 às 08h00
Por: Redação
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Artista plástico Célio Braga abre exposição Abluções no MAC com obras produzidas ao longo de sua carreira, dividida entre Goiás, São Paulo e Amsterdã

Júnior Bueno

“Ablução (a·blu·ção – substantivo feminino): 1 – Ato de abluir (-se); lavagem. 2 – batismo, acepção. 3 – Cerimônia, durante a missa, em que se faz a lavagem do cálice e dos dedos do sacerdote. 4 – Ritual de purificação através da limpeza do corpo com água. 5 – Banho de todo o corpo ou parte dele, que se faz com toalha molhada.” A definição disponível na versão on-line do Dicionário Michaellis dá uma ideia do que é a mostra individual do artista Célio Braga, Abluções, que tem abertura hoje e se encerra no dia 23 de outubro no Museu de Arte Contemporânea (MAC) em Goiânia.

A mostra reúne 40 obras que compõem um conjunto significativo da produção do artista em cinco distintas fases de sua trajetória nas últimas duas décadas, entre objetos e instalações, além de um “site especific”. O termo site especific é definido por uma obra criada de acordo com o ambiente e com um espaço determinado. Trata-se, em geral, de um trabalho planejado – muitas vezes fruto de convite – em local certo, em que os elementos esculturais dialogam com o meio circundante, para o qual a obra é elaborada.

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O interesse conceitual de Célio Braga é pautado pela fragilidade do corpo, a cura, a passagem irrevogável do tempo, a memória, a natureza definitiva da morte, o luto e a sexualidade. “O meu trabalho é uma expressão daquilo que eu sou, dessa mistura de afetos, curiosidade, tentativas, fracassos e desejos. Me interesso muito pelo corpo, pela fragilidade e vulnerabilidade do mesmo e pela passagem do tempo… e todos os meus trabalhos, de forma direta ou indireta remetem a estes temas,” disse o artista ao site

Uma das obras mais célebres do artista é a série de objetos orgânico-abstratos Camisas Brancas, que foi concebida a partir de doações feitas por uma rede de amigos do artista, todos homens gays de diversos pontos do mundo. Essas peças, que se assemelham a insólitas crisálidas, foram produzidas enquanto a AIDS e seus efeitos nefastos continuavam atingindo a vida e a identidade sexual de milhares de pessoas. Com o ato laborioso de coser e pespontar um item universal e formal do vestuário masculino, o artista desejava, simbolicamente, tocar, proteger e abluir, no sentido de curar e purificar, aqueles que lhe eram mais próximos.

Outros trabalhos que compõem a exposição são Ex-Votos, que são fragmentos híbridos realizados em porcelana de ossos e suturados com tecido de algodão e linha; Brancos e Negros, elaborados com feltro, contas de vidro, cabelo, linha e seda, que evocam órgãos fictícios e joias ritualísticas ancestrais; e Desvelar, uma diáfana cortina de anelos feitos com bulas de remédios, fornecidas por amigos, incluindo desde aspirinas a medicamentos para doenças terminais.

O trabalho mais recente de Célio Braga, Sem Título, os limites da fotografia são estendidos. Imagens de pele são dobradas, amassadas, descamadas e perfuradas indefinidamente, surgindo texturas análogas às do envelhecimento da pele humana e das afecções cutâneas.

Nascido em Guimarânia, interior de Minas Gerais, Célio se mudou aos 18 anos para Goiânia, onde trabalhou, fez amigos no meio cultural e desenvolveu o talento e a paixão pelas artes plásticas. Em Goiânia, o artista integrou diversas exposições coletivas do Museu de Arte Contemporânea ao longo dos anos, além de mostras artísticas em outros espaços culturais de Goiás. Abluções marca o retorno de Célio Braga ao museu, após 16 anos.

É considerado um artista goiano, apesar da origem mineira e de ter morado também no Rio de Janeiro e em Boston. A partir da década de 1990, estabeleceu-se em Amsterdã. Atualmente, reside na capital holandesa, mantém um estúdio em São Paulo e visita Goiânia regularmente. O artista começou a pintar aos 12 anos, incentivado por uma artista de sua cidade natal. Após seus estudos na Gerrit Rietveld Academie, em Amsterdã, onde se formou em 2000, decidiu mudar radicalmente seu trabalho, desistindo da pintura por completo e passando a construir trabalhos como se fossem corpos, verso, frente, lados, com texturas dentro e fora, num desejo de penetrar e entrar no suporte e dos materiais usados.

Fora do Brasil, já teve sua obra exibida em mostras individuais e coletivas na Holanda, na Inglaterra, na Bélgica, na Suécia, na Áustria e nos Estados Unidos. Seus trabalhos integram importantes coleções públicas e privadas, tanto no Brasil quanto no exterior.

Para a exposição Abluções, o Núcleo de Ação Educativa do MAC preparou um espaço especial para o atendimento de escolas, universidades e grupos, no qual o expectador será envolvido em uma série de atividades de interação, sensibilização e intercâmbio poético com a obra do artista. Professores e alunos receberão ainda um kit educativo, que reúne materiais didáticos referentes ao conteúdo trabalhado na exposição.

SERVIÇO:

Exposição Abluções, de Célio Braga

Inauguração: Quarta-feira, 3/8, às 20h

Visitação: De 4 de Agosto a 23 de Outubro. De terça a sexta-feira, das 10 às 18h. Sábado e domingo, das 12 às 18h

Local: Museu de Arte Contemporânea (Centro Cultural Oscar Niemeyer)

Endereço: Avenida Deputado Jamel Cecílio, nº 4.490, Setor Fazenda Gameleira, Goiânia-GO

Entrada gratuita

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