Gatinhos e grávidas: fofuras que vem em dobro

Quando os dois estão juntos, é só alegria, e eles não fazem mal à saúde delas

Postado em: 22-09-2016 às 08h00
Por: Redação
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Quando os dois estão juntos, é só alegria, e eles não fazem mal à saúde delas

Elisama Ximenes

O senso comum fez com que se espalhasse o boato de que a presença de gatos não combinava com a gravidez. O argumento é de que os felinos transmitem, com mais facilidade, o Toxoplasma gondii, que é responsável por causar toxoplasma em pessoas com imunidade mais vulnerável, como é o caso das gestantes. Nisso, não foram poucas as mulheres que doaram seus gatinhos quando engravidaram ou, ainda, aquelas que nem cogitaram a ideia de ter um por causa da gravidez. Branca Carnier, no entanto, tem três gatos, e continuou com os pets durante primeira gestação, e, hoje, com 20 semanas da segunda gravidez, os gatinhos ainda estão lá, e nada de doença.

A médica veterinária Ludmilla Malta explica que, na verdade, a chance de o gato transmitir a doença é pequena. “É muito raro uma gestante adquirir a toxoplasmose pelo gato; a chance maior é pela carne crua”, explica. A toxoplasmose é uma doença causada pela infecção por um parasita comum encontrado em alimentos contaminados e, por vezes, nas fezes de gatos. Ela pode levar a complicações graves para mulheres grávidas e pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos. O que ocorre é que o gato elimina o parasita pelas fezes, por isso, entendeu-se que eles seriam um perigo direto para as gestantes. Mas,  para ser acometida pelo parasita, a humana precisa ingeri-lo, portanto é preciso que haja contato entre as fezes e a boca. Há dados, inclusive, que apontam que apenas 1% dos gatinhos transmite a doença.

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A veterinária explica, ainda, que o excremento do gato só transmite a doença depois de três dias ou mais. O que diminui ainda mais a chance de contaminação. “Decidi ficar com os gatos, porque eles fazem parte da minha família, e eu li bastante, e vi que desde que, se eu não ingerisse as fezes deles, não havia risco de pegar toxoplasmose”, conta Bruna Carnier. Ludmilla Malta conta que, para o caso de quem queira fazer exames nos gatos para se certificar, a indicação de positivo no exame do gato é vantajosa. Isso significa que o animal já contraiu a doença em outro momento, e ele só transmite durante uma semana de sua vida. Assim a chance de transmissão diminui ainda mais.

Cuidados

 “Passei a não lidar com as fezes dos gatos; meu marido que ficou responsável pela limpeza dessa parte da casa”, explicou Branca sobre os cuidados que tem tomado durante a gestação. A veterinária Ludmilla reafirma que essa é uma das principais medidas a serem tomadas. Por mais que a chance seja pequena, prevenir é melhor que remediar. “O mais importante é cuidar da higiene; é importante que a gestante não mexa na caixa de areia, sem luvas, ou, se possível, peça a terceiros para realizar a limpeza”, explica. 

Por parte dos gatos, conta Branca, que não houve estranhamento durante as gestações. A única diferença que ela notou foi uma maior aproximação de dois de seus gatos. “Inclusive um deles, na primeira gestação, já se aproximou antes mesmo do positivo”, relata. Segundo ela, até o momento, o gato era mais próximo de seu esposo. Para quem tem gatos em casa e pensa em engravidar, a experiência de Branca é um bom exemplo. “Eu pesquisei sobre o assunto, pois, se fosse realmente perigoso, eu preferia não ter gatos para tentar engravidar. Jamais teria coragem de engravidar propositadamente se soubesse que teria que me desfazer dos gatos”, finaliza.

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