Ilha do mel é opção de turismo ecológico, esportivo e histórico

A Ilha do Mel, no Paraná tem sua história ligada ao tráfico de escravos no século 19, mas atualmente é um ótimo destino para relaxar e se divertir

Postado em: 16-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A Ilha do Mel, no Paraná tem sua história ligada ao tráfico de escravos no século 19, mas atualmente é um ótimo destino para relaxar e se divertir

Júnior Bueno 

A Ilha do Mel é um dos pontos turísticos mais procurados no litoral do Paraná, seja em alta temporada (de dezembro a março), ou nos meses tradicionalmente menos requisitados pelos turistas. Com 38 km de extensão, as principais atrações da Ilha são o turismo ecológico, esportivo e histórico.

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Administrada pelo município de Paranaguá, a Ilha do Mel foi tombada como patrimônio histórico do estado em 1982. Razão pela qual as regras de preservação e expansão do local são rigorosas, e observadas de perto pelos 1,5 mil habitantes.Quatro vilas compõem a Ilha – Encantadas, Brasília, Farol e Fortaleza, todas com estruturas turísticas próprias.

O acesso à Ilha do Mel se dá por Pontal do Paraná ou Paranaguá, de barco. De Pontal, as travessias são feitas entre as 8h e as 20h, com intervalos de meia hora em dias de semana, e de hora em hora nos fins de semana. De Paranaguá são sete travessias por dia, entre as 8h30 e as 18h.Os pontos de desembarque são em Encantadas e Nova Brasília, e existe a ligação via barco entre os dois pontos da Ilha.

Segundo a história local, as construções mais antigas e que ainda estão preservadas são a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, construída no século 18 para proteger a entrada da ilha, e o Farol das Conchas, que data de 1872.As duas edificações remontam aos tempos do Império, e auxiliavam na função da Ilha como entreposto de escravos. A Inglaterra começou a boicotar os países que realizavam o tráfico de escravos, então os navios portugueses começaram a evitar os portos mais visados. Eles precisavam encontrar outras maneiras de desembarcar, e assim a Ilha do Mel começou a se desenvolver.

Os escravos que chegavam eram tratados contra o escorbuto, doença comum nos passageiros de navios na época, causada pela falta de vitamina C. Eles permaneciam em quarentena, e aqueles que não eram vendidos começaram a povoar o local. Na mesma época, índios utilizavam a Ilha para plantação de mandiocas, o que viria a ser o motivo do nome de batismo. Por volta de 1840 uma expedição de origem da Capitania de São Paulo chegou à Ilha em busca de ouro e prata. Como só encontraram mandiocas, um cartógrafo alemão resolveu nomear o lugar com o equivalente a ‘farinha’ no idioma alemão – Mhell – o que depois seria adaptado para a nomenclatura atual. Desta forma, com escravos, índios e marinheiros, se deu o princípio de colonização da Ilha.

Ilha do Mel passou a ser vista como ponto turístico entre as décadas de1920 e 1930. É considerada o primeiro balneário do Paraná, e nesse período recebeu uma colônia de alemães que ajudou no desenvolvimento da região.Essa etapa durou até a 2ª Guerra Mundial, quando a Fortaleza foi ocupada pelo exército para auxiliar na defesa da costa brasileira. A preocupação que levou o governo a requisitar a Ilha do Mel como base foi a proximidade da Argentina, que era aliada da Alemanha no confronto. O Forte foi ocupado por quase 10 anos, e a vila foi ocupada por militares. Nessa época as pessoas não podiam desembarcar aqui.

O ponto chave para a consolidação do potencial turístico foi o interesse de um grupo em transformar a Ilha do Mel em um grande Resort, o que levou ao tombamento, em 1982. O potencial turístico da Ilha foi reaceso nos anos 60 com a chegada dos hippies, dos práticos e pessoas que procuravam o local para praticar o nudismo. Mas o ponto chave para a consolidação desse potencial foi o interesse de um grupo de portugueses de transformar a Ilha do Mel em um grande Resort, que mobilizou a sociedade e levou o governador da época, Ney Braga, a determinar o tombamento, em 1982.

Atualmente, a Ilha do Mel possui limite de pessoas simultaneamente no local – 5 mil. Só é possível a entrada de pessoas através de barco, via Pontal do Paraná ou Paranaguá. Não são permitidos veículos motorizados.

Os turismos ecológico e esportivo respondem pela maior parte das visitas à Ilha do Mel. Trilhas, a Baía dos Golfinhos, passeios de bicicleta, pesca, mergulho, surfe, paraglider, parapente, travessias e corridas rústicas são algumas das opções procuradas pelos turistas. O Forró Nativo e diversos bares animam a noite na Ilha do Mel com música ao vivo, sempre acústica.

Outro ponto forte é a gastronomia, que oferece pratos típicos da Ilha, como a tainha assada, a farofa de mexilhões, a moqueca e o arroz lambe-lambe. Esse último chama a atenção por ser um arroz feito com mexilhão, de forma que a comida fica dentro da concha e obriga quem come a utilizar as mãos e lamber a concha.Com menos apelo, mas forte conteúdo histórico, o Farol e a Fortaleza, guardam relíquias dos tempos de atividade, cuidadosamente preservados.

Ao contrário da maioria dos balneários paranaenses, a Ilha do Mel não sobrevive apenas na alta temporada. Na baixa temporada existe turismo de muitos estrangeiros em busca de temperaturas amenas, a movimentação de pesca da tainha, o ano inteiro a Ilha está aberta, recebendo o pessoal. 

Pequena, mas capaz de agradar a vários tipos de turistas, dos aventureiros aos mais caseiros. Para desfrutá-la, porém, é preciso seguir um pequeno manual de sobrevivência: aqui não entram carros, você terá que caminhar por trilhas de areia, e à noite apenas uma lanterna poderá iluminar seu caminho. A Praia de Encantadas reúne a galera mais jovem, enquanto Nova Brasília tem melhor estrutura de hospedagens e restaurantes. Embora o ambiente seja rústico em ambas, a maioria das pousadas é bem equipada.

A partir de Curitiba, pela BR-277 chega-se a Paranaguá, um dos pontos de embarque para a Ilha do Mel. São apenas duas saídas: às 9h30 e às 15h30. Boa opção para quem não se sente confortável em longas viagens de barco é embarcar no distrito de Pontal do Sul, a 10 km de Paranaguá. Deixe o carro em um estacionamento e siga para o cais. Há saídas de hora em hora entre 8h e 17h.

As vilas de Nova Brasília, Encantadas e Fortaleza reúnem quase todas as hospedagens da ilha, por isso é importante informar-se em qual delas fica a sua pousada. Desembarque sempre no trapiche correspondente, onde há ajudantes para levar a bagagem. Caminhar é o jeito tradicional de chegar às praias ou às atrações turísticas. E não se preocupe, as trilhas são sinalizadas e seguras. Boa opção para encurtar os trajetos é alugar uma bicicleta. Barcos regulamentados levam os turistas de Nova Brasília a Encantadas em intervalos de uma hora.

 

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