Janeiro branco pelo direito de viver melhor

Janeiro foi escolhido por psicólogos como mês da campanha em prol da conscientização para saúde mental­

Postado em: 17-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Janeiro foi escolhido por psicólogos como mês da campanha em prol da conscientização para saúde mental­

Elisama Ximenes

Quando se fala em saúde, o que vem à cabeça são os aspectos físicos, talvez, uma preocupação com os hábitos alimentares ou até com a prática de exercícios físicos. Por último, lembramos-nos da mente, a não ser que estejamos passando por algum problema que evidencie a necessidade de uma preocupação com o nosso interior. Fora isso, existe um estigma que faz com que as pessoas pensem que quem precisa de ajuda psicológica ou psiquiátrica são loucos –  quando, na verdade, essa palavra ‘louco’ já saiu do vocabulário da saúde mental há tempos. Para desmontar esse preconceito, foi criada a campanha Janeiro Branco. Neste mês, o debate é fomentado e são intensificadas as campanhas em prol da conscientização da população sobre esse tema.

A jornalista Humberta Carvalho aproveitou o ensejo para levantar o debate em sua página no Facebook. Em vídeo, a jornalista conta sobre quando foi acometida pela síndrome do pânico e como é importante abordar este tema neste mês. A psicóloga Andreia Mendonça, coordenadora do curso de psicologia da Faculdade Estácio, conta que o movimento é nacional, e escolheu o primeiro mês do ano por ser um marco no tempo, em que as pessoas costumam parar para refletir sobre a vida e seu estado emocional. Assim como o mês inicia o ano, a campanha tem o intuito de dar a chance de recomeço às pessoas. “É nesse período que as pessoas estão mais afetas por suas emoções”, afirma a psicóloga. Humberta conta, no vídeo, que superou o problema, e encara a vida com mais leveza. 

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Para Andreia, o principal meio de combate ao estigma da saúde mental é o conhecimento. “Quem tem essa ideia – de que quem precisa de ajuda profissional é louco – tem um pensamento retrógrado e arcaico motivado pela ignorância”, declara. Segundo ela, é preciso combater isso para que os especialistas na área passem a trabalhar na prevenção de problemas, por exemplo, o de Humberta. “Basta fazer um paralelo com a saúde física: como para tudo existe a prevenção e o tratamento, para os problemas da consciência também existem meios de prevenir”, reforça. A psicóloga lembra também que, quanto mais se demora para procurar ajuda, mais grave fica a situação. 

O problema é que, por medo de ser taxada como louca, a pessoa que está com alguma ansiedade, depressão ou outra síndrome, acaba evitando a ajuda profissional e, com isso, a situação piora. Com isso, quanto mais procrastina, mais pode sofrer. Humberta, inclusive, pede no vídeo que as pessoas encarem esses problemas com mais naturalidade, e não com preconceito, que foi o que ela fez depois de ter tido a síndrome. A dica que a psicóloga dá é para que a pessoa se conheça e se dê o direito de reconhecer onde precisa de ajuda. Andreia, com uma equipe da Faculdade Estácio de Sá, está realizando um trabalho durante todo o mês com uma programação voltada para a camapanha Janeiro Branco. No último sábado (14), eles promoveram o Abraço Gratuito, no Parque Vaca Brava, e têm programados, para os próximos dias, teatros com o grupo Psicólogos da Alegria. Neste 21 de janeiro, o grupo promove um ciclo de palestras na faculdade. Na ocasião, a equipe fará uma triagem da população para atendimento psicológico gratuito promovido pelo curso de Psicologia.

A psicóloga reforça que, além de reconhecer-se, é importante “entender que somos seres relacionáveis e que precisamos de ajuda, contar com o outro, e, então buscar pela felicidade, que não é plena, mas é feita de momentos”. O site oficial de Janeiro Branco, que existe desde 2014, tomou como base de sua ideologia a poesia Receita de Ano Novo, de Carlos Drummond de Andrade, que, entre rimas e metáforas, lembra que “não precisa chorar de arrependido pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar, que por decreto da esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações”. Para manter a saúde mental,  bem, é importante ter esperanças, buscar a paz interior e ser racional, sem idealizações que aumentem a ansiedade.

Foto: (Reprodução)

 

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