Segunda-feira, 01 de julho de 2024

‘Trunfo’ convida o público a decidir “na sorte” seu roteiro

Apresentado pelo projeto ‘Vertigem’, de Bélem do Pará, no espetáculo ‘Trunfo’ é o público quem decide os rumos do espetáculo

Postado em: 02-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Apresentado pelo projeto ‘Vertigem’, de Bélem do Pará, no espetáculo ‘Trunfo’ é o público quem decide os rumos do espetáculo

Natália Moura

Nos dias 2 e 3 de fevereiro, Goiânia recebe o espetáculo Trunfo, apresentado pelo projeto Vertigem, formado por artistas de Belém do Pará. O espetáculo une linguagens de teatro, circo, dança e música. Com trilha sonora original, Trunfo conta com a participação do público para decidir seu roteiro. Na peça, a plateia é convidada a fazer duas tiradas de três cartas que decidem o rumo do espetáculo. “O acaso e a sorte é que constroem o espetáculo de cada dia”, explica Marina Trindade, que faz parte do elenco e é a criadora do projeto Vertigem. 

Segundo ela, esse é um espetáculo “em constante processo de criação”. Ele estreou em 2015, e na nova versão (2017) possui um novo integrante. “Com sua entrada a menos de cinco  meses, (ele) traz várias vivências, conhecimento e técnicas que modificaram o  espetáculo e que sempre nos alimenta”, conta Marina sobre o novo parceiro. Além dele, o grupo teve colaborações de profissionais de Belém,  das artes cênicas e de outras áreas, como o tarô, essencial ao enredo de Trunfo. “Enquanto estudávamos e treinávamos, as cartas iam aparecendo nas cenas, e colocávamos em prática”, afirma Marina sobre o processo de criação da peça. 

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O objetivo da peça é levar o público a outro lugar, outro tempo, outra dimensão da existência. Os universos do circo e do tarô são retratados no espetáculo pelos atores ao mesmo tempo em que o público é parte ativa da obra. Essa dinâmica é um desafio para os atores que, a cada tirada de carta, precisam dar um novo rumo à peça. Além dos atores, a equipe técnica deve estar atenta o tempo todo, pois o espetáculo muda a sonoplastia, a luz e a trilha. Nos ensaios, os atores, além do treinamento circense necessário, ensaiam as cenas correspondentes a cada carta. “Nossos ensaios mesmo se dão sorteando cartas; fazemos um sorteio e jogamos. Vez ou outra, quando tem uma carta que está saindo pouco, a gente dá uma atenção maior a ela”, conta Marina. 

Ao todo, Trunfo utiliza 13 cartas, recriadas por Victória Rapsodia, responsável pela visualidade do grupo. Os arcanos do tarô ganharam um tamanho ampliado e foram chamadas de Trunfo. Para chegar à versão final, foram realizados cafés-tarôs, reunindo várias pessoas convidadas que contribuíram neste processo de troca. “Abrimos um jogo de tarô em cena, e isso é sério! Fizemos estudos, porque buscamos esses arquétipos para mostrar, de forma lúdica, em cena, as mensagens e visões de mundo que o tarô pode nos dar, apesar de não haver compromisso com interpretações. Não somos tarólogos. O que fazemos é deixar as coisas no ar. Os símbolos são mostrados”, conta Marina.

Além da fundadora do grupo, Marina Trindade, o elenco e a equipe técnica são compostos por Katherine Valente e Luan Weyl na encenação. Na direção, Paulo Ricardo Nascimento. A iluminação é feita por Malu Rabelo. A trilha sonora foi composta por Armando de Mendonça e a sonoplastia por Paulo Ricardo Nascimento. A cenografia ficou por conta de Cleber Cajun, e o figurino é de Anibal Pacha e Nanan Falcão. A fotografia é de Débora Flor, e vídeo de Rafael Café e Débora Flor. O espetáculo é produzido pela Central de Produção – Cinema e Vídeo na Amazônia com produção executiva de Tainah Fagundes, e produção local de Jambo e Jambu. 

Segundo Marina, existe muita expectativa com a viagem, porque eles nunca jogaram com público tão variado. “Acho que essa viagem, de fato,  será o momento de maior apuramento do espetáculo, porque a arte da cena se dá mesmo diante do público”, finaliza. No espetáculo, o público é essencial já que ele é encarregado de compreender o jogo, e quem tira a carta (ou o trunfo) acaba criando uma relação direta com a peça. As expectativas do grupo são, principalmente, essas trocas com o público. “Escrevemos o projeto pensando muito nisso: em conhecer grupos circenses, artistas, lugares. Esse é o alimento pra nós enquanto artistas”, diz Marina. 

Para ela, Trunfo é “um espetáculo cheio de imagens, que provoca reflexão, dúvida, suspiros, suspense”. As apresentações, gratuitas, serão na Praça Universitária às 20h de quinta (2) e sexta (3). 

Trunfo foi contemplado pelo Prêmio Funarte Carequinha de Estímulo ao Circo e circula nacionalmente neste mês. A estreia ocorreu em Belém (PA), e, além de Goiânia, serão palco desta turnê as cidades de Nova Lima (MG), Salvador (BA), Vale do Capão (BA) e Campinas (SP).

Em Goiânia, além de apresentar o espetáculo, os membros do grupo participaram, ontem (1º), de um dia de intercâmbio com a companhia Corpo na Contramão, que realiza um trabalho de pesquisa que une diferentes técnicas e linguagens em Goiás. Eles unem teatro, música, dança e poesia. O grupo se originou em 1991, no Rio de Janeiro, e mudou a sede para Goiânia em 2005. Todos têm formação em Música e Canto Lírico pela UFG e Interpretação pela Uni-Rio/Estácio de Sá. Lua Barreto e Marcelo Marques também têm formação pela Escola Nacional de Circo (RJ). 

O projeto Vertigem, segundo Marina, pretende continuar as atividades de ensaio e colaboração com eventos,  no espaço Casarão do Boneco, onde treinam em Belém. “Estamos com perspectivas de nos apresentar em alguns festivais e amadurecer o espetáculo – além dos interpretes estarem em busca de se especializar, treinar, trocar e ganhar mais habilidades e possibilidades de técnicas circenses em contato com outras linguagens, sempre misturando, pesquisando”, relata a artista. 

SERVIÇO 

Espetáculo ‘Trunfo’

Quando: 2 e 3 de fevereiro

Horário: 20h

Onde: Praça Universitária

Entrada gratuita 

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