Musical revive trajetória dos Mamonas Assassinas

Musical revive nos palcos a trajetória dos Mamonas Assassinas em montagem tão irreverente quanto a banda

Postado em: 03-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Musical revive nos palcos a trajetória dos Mamonas Assassinas em montagem tão irreverente quanto a banda

Júnior Bueno

Ao toque de quatro já vai: já, já, já vai!

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Parece que foi ontem, mas já se vão 20 anos do surgimento meteórico, apogeu absoluto e fim trágico dos Mamonas Assassinas. A passagem da banda pela cultura pop brasileira foi tão intensa que a presença dos rapazes de Guarulhos ainda é perceptível. Como se foram todos juntos, de repente e tão jovens, naquele terrível desastre aéreo, é como se, de certo modo, parte do público não houvesse aceitado a morte dos artistas. Esse saudosismo ajuda a explicar o sucesso de O Musical Mamonas, em cartaz em Goiânia nesta sexta (3), no sábado (4) e no domingo (5). 

O espetáculo, que conta a trajetória dos Mamonas antes e durante o sucesso, já foi visto por mais de 60 mil pessoas depois de temporadas em São Paulo, Rio de Janeiro e tour por outras  capitais brasileiras. É uma oportunidade para os fãs relembrarem os shows da banda, que se apresentou em fevereiro de 1996, em Goiânia, protagonizando um de seus últimos espetáculos. Mas cabe lembrar que não se trata de um show com o repertório da banda, mas uma dramatização sobre a história real dos integrantes da banda.

O ator Ruy Brissac, que interpreta o vocalista Dinho, diz que a peça conta com uma banda de apoio. “São músicas que relatam a história da banda, não apenas as do repertório dos Mamonas. Há também canções que influenciaram eles quando a banda se chamava Utopia e cantava rock mais sério: tem Engenheiros do Hawaii, Pink Floyd, Guns N’ Roses e outras mais”, diz ele. Ao todo, são cerca de 20 canções executadas ao vivo no palco.

Ruy tinha 6 anos quando o grupo estourou, e tem uma lembrança vaga da alegria contagiante dos rapazes. Mas,  como o legado da banda resistiu aos anos, ele sempre esteve em contato com a obra dos Mamonas. “Eu não era um grande fã, às vezes via na TV eles cantando, e me divertia, mas eu gostava mesmo é de ficar na rua, brincando”, recorda. 

O que não o eximiu de impressionar as pessoas com a semelhança tanto física quanto de trejeitos do cantor. A semelhança impressiona até quem era mais próximo de Dinho. “A Valéria, que era namorada do Dinho, me disse que eu faço coisas que ele só os mais próximos conheciam”, diz ele. O que se vê nos palcos é fruto de um trabalho árduo de dois meses de ensaio, seis dias por semana oito horas por dia. “E nas horas vagas eu ficava vendo vídeos dos Mamonas Assassinas para apreender mais coisas do Dinho e da banda”, entrega o ator.

Ruy diz que teve liberdade para acrescentar elementos próprios ao papel e que possui características em comum com Dinho: “Eu sempre fui muito extrovertido. Não tanto quanto ele, mas também sou muito brincalhão. O diretor nos disse, no primeiro encontro, que não queria atores prontos já no primeiro dia, pois tudo seria resultado de um processo, não é um trabalho de ‘cover’, de imitação, mas de composição de um personagem que existiu a partir de uma vivência.”.

Além de Ruy, o elenco conta com Yudi Tamashiro como o guitarrista Bento; Adriano Tunes como o tecladista Júlio; Elcio Bonazzi como o baixista Samuel e Arthur Ienzura como o baterista Sergio. Ainda há um coro técnico formado por Patrick Amstaldem, Bernardo Berro, Maria Clara, Marco Azevedo, Rafael Aragão, Nina Sato, Vanessa Mello, Reginaldo Sama, André Padreca e Gabriela Germano. Figuras importantes para a história da banda, como o produtor Rick Bonadio, também são vividas no palco.

O espetáculo foi escrito por Walter Daguerre e tem direção de José Possi Neto. O dramaturgo explica a escolha de uma narrativa não convencional: “A dramaturgia não é linear, e sim irreverente, como o perfil teatral do Mamonas Assassinas. O olhar dos cinco meninos de Guarulhos está retratado no texto. É como se o Dinho, Bento, Samuel, Júlio e o Sérgio contassem a trajetória do grupo, desde o tempo em que eram desconhecidos, quando animavam festas de condomínios, até o reconhecimento nacional”. 

Para a montagem, o diretor e a produção selecionaram 16 profissionais entre 1.500 que participaram dos testes para escolha do elenco. José Possi Neto destaca que “os Mamonas são herdeiros diretos de Oscarito e Grande ­Othelo. De Dercy Gonçalves. Do Velho Guerreiro. Dos Trapalhões”. É essa irreverência, com uma pontinha de tristeza pela saudade que pontua cada minuto da apresentação do musical.

SERVIÇO

‘O Musical Mamonas’

Quando: 3, 4 e 5 de fevereiro

Horários: dia 3 (sexta-feira) às 21h / Dia 4 (sábado) às 21h / Dia 5 (domingo) às 20h

Onde: Teatro Sesi (Av. João Leite, 1.013, Setor Santa Genoveva)

Ingressos: de R$ 25 

a R$ 70

 

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