Festival Fronteira: mulheres em evidência

A ‘Estado Crítico’, residência de crítica de cinema, terá a condução de duas renomadas críticas do cinema brasileiro

Postado em: 22-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa

O III Fronteira – Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental (FFF), que no mês de março exibe em Goiânia dezenas de filmes documentários e experimentais, também será um espaço de ampla reflexão e crítica para uma dezena de pesquisadoras previamente selecionadas. Neste ano, o festival prevê uma abertura diferenciada para o público e para as temáticas da mulher enquanto criadora e crítica do cinema produzido no mundo.

As inscrições para a residência chamada Estado Crítico, que ocorrerá durante quatro dias do evento, já estão abertas e seguem até 1º de março. Durante a semana do evento, dez selecionadas terão a oportunidade de investigar mais profundamente os filmes das mostras e refletir acerca de problemas ligados à crítica de cinema, à arte e à cultura visual e à presença da mulher no campo do audiovisual. Esta parte do projeto busca alavancar e estimular o pensamento, a escrita e a leitura crítica, oferecendo uma experiência de imersão e embate.

Segundo Camilla Margarida, uma das organizadoras do Fronteira, o meio cinematográfico ainda é muito machista, e a crítica de cinema, como reflexo, acaba sendo dominada por homens. “As mulheres, seus pensamentos e sua visão de mundo são subestimados e desvalorizados. Nós, como figuras pensantes e formadoras de opinião, ainda sofremos discriminação e somos vítimas de preconceito quando nos encontramos em lugar de fala. É por isso que, com intuito de dar voz não apenas às mulheres (guerreiras) da crítica de cinema, mas também valorizar nosso lugar de fala e de trabalho, é que optamos por promover esse encontro entre mulheres”, diz Camilla

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Para participar da residência, a candidata deverá preencher a ficha de inscrição que estará disponível no site do festival <http://www.fronteirafestival.com/>. Na ficha, a interessada postará uma carta de apresentação, de no máximo 4000 toques, resumindo sua experiência crítica e indicando suas expectativas em relação ao Fronteira e à residência Estado Crítico. Será preciso indicar pelo menos um texto sobre cinema, publicado em qualquer veículo, meio ou contexto. As inscrições são abertas a mulheres de todo o Brasil.

As coordenadoras

Dalila Martins é pesquisadora, professora e crítica de cinema. É bacharel em Audiovisual e mestre em Meios e Processos Audiovisuais pela ECA-USP, onde atualmente desenvolve doutorado sobre a obra de DanièleHuillet e Jean-Marie Straub. É editora da revista Zagaia, redatora da revista Cinética e eventual colaboradora do periódico La FuriaUmana. É pesquisadora vinculada ao Laboratório de Investigação e Crítica Audiovisual e ao grupo História da Experimentação no Cinema e na Crítica, ambos da ECA/USP. Atua no cruzamento entre as áreas de Estética e Filosofia da História.

Janaína Oliveira possui graduação em História pela UERJ (1998), mestrado (2001) e doutorado (2006) em História Social da Cultura pela PUC/RJ. Desde 2008, realiza pesquisas centradas na reflexão  sobre Cinema Negro no Brasil e sobre as cinematografias africanas, sempre buscando conexões que possam incidir também na área da educação das relações étnico-raciais. Atualmente, coordena o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) do IFRJ Campus São Gonçalo e o Fórum Itinerante de Cinema Negro (www.ficine.org).

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