Criar cobras exige cuidados

Há quem goste de bichos exóticos, mas na hora de criar um deles é necessário se informar muito bem

Postado em: 02-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Há quem goste de bichos exóticos, mas na hora de criar um deles é necessário se informar muito bem

Natália Moura

Quando pensamos em pets, logo um cachorro fofinho, um gato peludo, um peixinho ou um coelho vêm à nossa mente. Mas tem gente que se aventura em criar outros tipos de animais: os exóticos. Dentre eles, os mais comuns são os répteis, como as iguanas, os lagartos e até as cobras (não peçonhentas, é claro). Para ter uma cobra em casa, é necessário comprá-la de um criadouro ou pet shop autorizado pelo órgão responsável do meio ambiente de sua cidade – com nota fiscal e número de registro. Segundo o biólogo Isaías José dos Reis do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), em Goiânia, não existe um criadouro de cobras legalizado. Portanto quem quer ter um animal como este deve ir a outras cidades, como Brasília e São Paulo, para comprá-lo. 

O morador de Aparecida de Goiânia João Esteves de Jesus é aficionado por animais exóticos. Ele possui, em casa, uma jiboia, seis teiús (espécie de lagarto), três araras, três jabotis, dois saguis, peixes e tartarugas. Sua cobra, Giu, foi comprada ainda filhote, no criadouro Xerimbabono, localizado no Pará, e hoje possui 7 anos. De acordo com ele, é bem fácil cuidar da cobra. “Quando tive a oportunidade de comprar uma, não tinha nem noção de como seria, mas comecei a criar e me apaixonei. É muito mais fácil de criar que qualquer outro animal. Ela come e defeca apenas uma vez por mês, não transpira, não tem cheiro – exceto das fezes –, não faz barulho e é totalmente antialérgico por não ter pelo”, conta. 

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Segundo Isaías, as espécies mais comuns de serem criadas no Brasil são as da família boidae, popularmente conhecidas como jiboias, como a Giu. As cobras dessa família são comuns da fauna brasileira. A portaria N° 93 de 1998 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) proibiu a entrada, para fins comerciais, de serpentes de outras localidades no Brasil. Então, para se ter uma serpente importada, como uma píton por exemplo, é necessário encontrar um criadouro que use como matriz (mãe) uma serpente que já estava registrada no Brasil antes de 98. O biólogo também conta que a multa para criadouros ilegais pode chegar a 5 mil reais. 

Ter uma cobra em casa não é muito comum, por isso muitas pessoas compram, desistem do animal e o abandonando em locais incorretos. Dentre os principais motivos para isso está a questão de haver pouca assistência veterinária para animais exóticos e, no caso das cobras, a dificuldade com a alimentação. As serpentes comem pequenos animais como ratos, coelhos e aves. Muitas não se adaptam a comer os bichos mortos no cativeiro por precisarem ‘dar o bote’. Roedores, como os ratos, podem morder a cobra e causar infecções na serpente, por isso é necessário acostumá-la a comer os bichos já abatidos. Isaías diz que o certo, quando você tem um animal exótico, como esse – ou qualquer animal –, e não pode mais cuidar dele, é levá-lo de volta ao criadouro ou pet shop onde você comprou e jamais tentar colocá-lo de volta na natureza. 

O que você precisa saber antes de comprar uma cobra:

– Ter uma serpente em casa é bem complicado, então você deve ter certeza de que pode cuidar de uma, e que todos os membros da sua família precisam aceitar isso. 

– É necessário criar um habitat parecido com o natural da serpente – com muita água à disposição – e, claro, seguro para ela e para os humanos. O terrario é parecido com um aquário, mas deve ter tudo que uma serpente necessita – como temperatura correta e tamanho ideal.

– Cobras se alimentam de pequenos roedores, difíceis de comprar em estágio adulto, com isso talvez você precise criá-los em sua própria casa. Não acostume a cobra a comer animais vivos, pois eles podem machucá-la. 

– Algumas espécies de cobras podem viver até 30 anos, então pense muito bem antes de comprar uma. 

– Só compre de criadouros e pet shops que possuam número de registro em órgãos responsáveis pelo meio ambiente de sua região.

– Procure um profissional de confiança, como veterinário ou biólogo, antes de tomar a decisão. 

– Nunca abandone o animal na natureza ou outro local para a segurança da serpente e das pessoas. Se não pode mais cuidar dela, leve de volta ao criadouro.

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