‘O Crivo’ inicia circulação nacional

Com início hoje, apresentações percorrem dez cidades brasileiras em 2017

Postado em: 03-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Com início hoje, apresentações percorrem dez cidades brasileiras em 2017

Dança contemporânea e literatura dialogam no espetáculo O Crivo, que começa a sua circulação nacional nesta sexta-feira (3). Inspirado na obra Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa, o projeto prevê passar por dez cidades nos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Amazonas. A primeira apresentação será na cidade de Piracanjuba, no Auditório Paulo França. Mineiros, Anápolis e a Capital também estão na lista de cidades goianas a receberem a montagem.

A primeira apresentação será uma sessão exclusiva para alunos de escolas públicas. No mesmo dia, haverá uma sessão aberta para o público em geral. No dia seguinte (4), o projeto realiza a aula Gesto – Palavra do Corpo na Escola Municipal de Ensino Básico Coronel João de Araújo. Todas as atividades são gratuitas, mas os realizadores do espetáculo apostam em uma campanha nessa circulação: a doação de um livro (usado ou não) na hora do espetáculo. Os livros arrecadados serão doados para a Biblioteca Pública Municipal de Piracanjuba.

Caminho para o sertão

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Três contos da obra de Guimarães Rosa inspiraram João Paulo Gross, que assina a direção e a coreografia de O Crivo: A Terceira Margem do Rio, O Espelho e Nada e a Nossa Condição. “A concepção do projeto se deu no momento que eu li o Primeiras Estórias. Eu fiquei muito mexido e me apaixonei pela escrita, pelo ritmo e por todo o sertão que o autor descreve na obra”, conta o coreógrafo. Gross explica, no entanto, que o sertão é outro. Não está em Minas, na Bahia ou em Goiás – o sertão é aqui. “É o próprio ser, o sozinho que todos temos, o mundo de cada um”, acrescenta. 

Os contos foram utilizados como imagens para provocar a construção poética da coreografia. Para isso, Gross selecionou uma ‘imagem poética’ em cada conto que, na concepção dele, o representava. Em A Terceira Margem do Rio, a imagem escolhida foi o próprio rio; em o Nada e a Nossa Condição, o ‘e’ foi o escolhido pelo coreógrafo – o elemento de ligação entre o ‘nada’ e ‘a nossa condição’ que, no fim das contas, são a mesma coisa; o próprio objeto é a imagem escolhida em O Espelho.

A ligação entre os contos se dá através das ideias por trás dessas imagens. O rio enquanto metáfora para a vida – aquele que nasce, corre e termina desaguando no oceano – dialoga com a ideia do espelho – como eu me vejo e como eu me reconheço pelo olhar do outro. A ligação entre o ‘nada’ e a ‘nossa condição’ remete à famosa frase: “Do pó viemos e ao pó voltaremos”. 

O duo

Dois homens criam relações que só se revelam à medida que atravessam suas histórias, o mundo de cada um. Atravessam, juntos, o ser-tão, travando diálogos e contatos para mergulhar na busca do que muda e o que permanece em cada um. O Crivo é dramaturgia de mistérios, convivências e comoções, interpretado pelo próprio coreógrafo e diretor ao lado de Daniel Calvet.

Dois bailarinos, dois mundos, duas vidas que se organizam e que se conversam. O Crivo instaura um caminho inusitado entre esses dois, partindo das questões levantadas por Guimarães Rosa em sua obra: colocar-se em trânsito, atravessar; viver no limiar entre movimento e repouso, nascimento e morte.

Os artistas

João Paulo Gross é coreógrafo, bailarino, professor de movimento e Membro do Conselho Internacional de Dança (CID). Buscando novas percepções e diálogos com outros artistas, estabelece parcerias que pesquisam a dança em diálogo com outras linguagens artísticas na cena contemporânea. No período em que trabalhou na Quasar Cia de Dança (GO), conheceu o artista Daniel Calvet. Através de identificações estéticas e o desejo de trabalharem num projeto autoral, se uniram para pesquisar a cena contemporânea. Assim, tencionando questões relativas à dança e ao teatro, tendo como ponto de partida o movimento do corpo e sua construção dramatúrgica na cena.

Continuidade e novidades

O espetáculo de dança O Crivo estreou em 2015 em Goiânia e passou por festivais como o Dança em Trânsito (RJ), Goiânia em Cena e MID – Movimento Internacional de Dança (DF) no mesmo ano e em 2016. “O Crivo dialoga bem com o público, não é um espetáculo de difícil acesso. A gente teve uma resposta muita positiva, tanto em Goiânia, quanto em outros lugares”, revela o diretor sobre a recepção nessas primeiras apresentações. “A gente está muito feliz de fazer essa circulação nacional. Vai ser uma grande oportunidade de mostrar nosso trabalho pelo Brasil”. 

Na continuidade de suas atividades, o espetáculo percorrerá as cidades de Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Salvador (BA), Natal (RN), Manaus (AM), Anápolis, Mineiros e Goiânia. O Crivo foi contemplado pelo Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás e pelo prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2015.


SERVIÇO:

‘O Crivo’ – Início da circulação nacional

Quando: 3 de março (sexta-feira)

Onde: Auditório Paulo França (Rua Jovino Alves da Silva, Piracanjuba, GO)

Horários: 9h30 (sessão exclusiva para alunos das escolas públicas) e 20h (sessão aberta ao público em geral)

Entrada franca

Aula ‘Gesto – Palavra do Corpo’

Quando: 4 de março das 10h às 12h

Onde: Escola Municipal de Ensino Básico Coronel João de Araújo

Entrada franca

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