Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Como num conto de fadas

Confeiteira goiana que fez seu primeiro brigadeiro há cinco anos para o próprio casamento atualmente está no Oriente Médio criando receitas para os sheiks

Postado em: 04-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Confeiteira goiana que fez seu primeiro brigadeiro há cinco anos para o próprio casamento atualmente está no Oriente Médio criando receitas para os sheiks

JUNIOR BUENO

No momento em que esta matéria chega ao público, a confeiteira goiana Mariana Tolentino está em Doha, no Catar, onde vai criar receitas especiais para a empresa de chocolates suíços Läderach. Dona da loja Mari Gourmet, ela nunca imaginou que ria tão longe, não que ela não tenha trabalhado duro nos últimos cinco anos, desde que começou a fazer doces e não parou mais. Sua história poderia ser um conto de fadas, onde uma moça que vive em uma linda casa de chocolates consegue, graças ao sabor de suas criações, agradar sheiks e príncipes. 

Mas de princesa essa história só tem a doçura mesmo. Mari, como é chamada, nunca tinha feito um doce na vida até seu casamento. Formada em Administração, ela trabalhava em uma empresa de farmacêuticos, mas não estava muito feliz. Em um belo dia, resolveu mudar, e, logo ao sair do emprego, ficou noiva. “Minha primeira mesa de doces foi para o meu casamento, para economizar”, diz ela, que aprendeu receitas de brigadeiro com a cunhada, que fazia docinhos gourmet.

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A cerimonialista do casório recomendou a outras clientes, que recomendou a outras, e logo Mari já era uma doceira requisitada. Daí para loja foi um tantinho só. O faro de administradora foi decisivo para avançar outros passos, já que nessa história a mocinha é muito esperta. “Como eu iria trabalhar com algo que era intitulado de ‘gourmet’, fui atrás do que tinha de melhor no mercado. Fui a São Paulo, fiz uns cursos lá, inclusive com o chef chocolatier Ricardo Arriel, que me ensinou outras técnicas”. 

Mari escolheu trabalhar com chocolate belga e começou a criar sobremesas com esse tipo de chocolate, o mais famoso do mundo. Como ninguém resiste a delícias feitas com chocolate e como o ser humano é fascinado por fotos e vídeos de comida, Mari fez do Instagram sua principal vitrine. Com algumas celebridades locais dando seu aval nas redes sociais para as sobremesas da loja, logo ela começou a ganhar muitos seguidores. “90% das pessoas que vão à loja vão por causa do Instagram”. Logo, não era apenas o bairro, a cidade, a cidade vizinha, o resto do Estado, os outros Estados do Brasil. O mundo inteiro começou a descobrir Mari por meio das fotos quadradinhas do aplicativo. 

Neste momento, já são mais de 90 mil seguidores. E é aí que chega aquela varinha mágica que faz o impensável acontecer. “No Natal, eu fiz um vídeo de um chocotone de caneca, e ele acabou se tornando viral. Uma conta dos Estados Unidos, que é voltada mais para chocolate, repostou esse vídeo,  e vários outros usuários no mundo passaram a replicar, em diversos países”. A mulher do dono de uma franquia de chocolates suíços, no Catar, viu o vídeo, e aí se deu o encanto. Mari recebeu um convite para ir a Doha para uma reunião, apenas. “Eles viram que eu trabalhava com chocolate belga e, chegando lá, eu me ofereci para ir à cozinha deles para fazer um teste de sabor”. Porque vídeo de internet não tem sabor, não é?

Logo que as papilas gustativas dos figurões presentes tiveram contato com a sobremesa, o negócio foi fechado. Dentre eles, um sheik, “um príncipe da linhagem do rei do Catar”, como Mari conta, foi quem bateu o martelo para que tudo fosse acertado entre Mari e os empresários. “Ele é viajado, conhece os melhores chocolates do mundo, e provou minha sobremesa, e quis pagar por ela. Isso foi uma satisfação pessoal e profissional incrível”, diz a empresária.

A chocolateria pretende abrir um café com sobremesas, e é Mari quem vai criar um cardápio piloto para o projeto. “Eu vou fazer esse trabalho e, depois, vou treinar uma equipe para reproduzir as receitas e acompanhar os primeiros dias dos novos produtos nas lojas deles”. Em cinco anos, o chocolate a levou aonde ela jamais imaginou, mas não é exatamente algo surpreendente. “Hoje, a gente está começando ter um reconhecimento de um trabalho que está sendo feito há cinco anos. As pessoas têm uma visão que empresário é muito glamour, mas para mim esse reconhecimento vem pelos feriados em que eu tive que trabalhar, fins de semana em que eu não pude viajar, férias que eu não tiro há cinco anos com meu marido. Eu tive sorte, mas trabalhei muito, tenho meu mérito”. 

Segundo ela, a visibilidade alcançada é de extrema importância para que sua marca seja mais conhecida e reconhecida. E, com isso, que mais empresários brasileiros possam também ter oportunidades com investidores internacionais. Seus ovos de Páscoa já viajam o Brasil. Agora, ela quer que seus produtos cheguem o mais longe possível. 

Mariana Tolentino é a primeira de uma série de mulheres sobre quem o Essência vai falar durante o mês de março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. E, sobre ser mulher, a doceira conta que é “poder ter mil e uma utilidades, ser empresária, dona de casa, esposa, doceira, tudo ao mesmo tempo, sem deixar de ser 100% tudo isso. É saber se dividir em mil e dar o meu melhor, é poder ser meiga e ser lutadora ao mesmo tempo. Ser guerreira e ter coragem de enfrentar o mundo”, finaliza ela, com muita doçura em cada palavra.

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