Segunda-feira, 01 de julho de 2024

SPFW traz o veludo com força total

O tecido foi uma das estrelas do mais badalado evento de moda do País e pode ser visto, não só nas roupas, mas nos sapatos e demais acessórios

Postado em: 01-04-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O tecido foi uma das estrelas do mais badalado evento de moda do País e pode ser visto, não só nas roupas, mas nos sapatos e demais acessórios

ALINNE TELES, ESPECIAL PARA O HOJE

Veludo, transparência e brilhos foram, sem dúvida, as grandes estrelas da edição 43 da São Paulo Fashion Week (SPFW), que trouxe para as passarelas as coleções outono/inverno tendências dos cenários nacional e internacional. Em 2017, o veludo chegou chegando e pôde ser visto em texturas como molhado, cotelê, cristal, alemão e até no devorê dos looks de marcas como PatBo, Apt03, Cotton Project, Ratier, TIG e Lilly Sarti.

“O retorno foi triunfante. Depois de esquecido por quase 17 anos, o tecido volta com tudo à moda”, diz consultora de imagem e estilo Mariana Seixlack, que acompanhou os cinco dias da mostra bem de pertinho. Ela conta que o veludo já havia chegado às passarelas das grandes grifes internacionais, e, agora, depois da SPFW, é muito provável que invada o closet das fashionistas mais antenadas.

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Desta vez, o tecido vale tanto para peças do dia a dia como para o glamour da noite. “Em setembro do ano passado, quando estava nos Estados Unidos para atender clientes nas cidades de Miami e Birmingham, já tinha observado a tendência do veludo nas lojas das principais grifes do cenário internacional. E essa foi uma aposta que fiz nos trabalhos de pesquisa sobre moda e estilo que desenvolvi nos últimos meses”, conta Seixlack.

“As combinações são variadas, podendo ser harmonizadas com couro metalizados e jeans de lavagens claras e bordados, que chegaram com tudo”, conta Mariana. Ela lembra que a presença do veludo nos looks pode ser observada em calçados, necklaces, roupas casuais, formais ou festa. “Um verdadeiro flashback dos anos 80 e 90, o tecido aparece em todas as formas e em todas as peças que compõem o visual; está liberado look com veludo de cima a baixo”, diz a consultora. 

Mudam as marcas, os estilos, mas algumas tendências de modelagem, cores e outras características acabam aparecendo mais. Preto e branco, vermelho e tons terrosos, os básicos areia, marrom, e o off-white – aquele tom de branco que parece envelhecido, nem totalmente branco e nem bege –, predominaram nas cartelas de cores das grifes. Os metalizados e brilhos chegaram com mais força na edição 43 da SPFW. 

As transparências, da mesma forma, chegaram com tudo e se consolidam sem pudores. “Percebi muita ousadia nesse ponto, vamos ver quem serão as corajosas a usar! É claro que o que se apresenta nas passarelas são conceitos, são obras de arte. Mas ao mesmo tempo existe aquele grupo que encarna a proposta de forma mais literal”, diz Mariana Seixlack. 

Outra tendência que ficou muito clara em boa parte dos desfiles foi a proposta de peças amplas e largas, conhecidas também por oversized – muito usadas nos anos 90. “E também referências dos anos 50 com o comprimento mídi, duas referências misturadas em uma proposta”, conta Mariana. 

Segundo ela, essa tendência vale também para os homens. A Reserva, marca exclusiva para o público masculino, levou para as passarelas peças que misturavam o oversized e alfaiataria militar, sempre enfatizando o uso de meias aparentes. Segundo Mariana, as meias são os acessórios da vez tanto para eles quanto para elas. “Veremos bastante meia-calça fina preta e meias arrastão para complementar a marca da temporada”, frisa.

Não podem faltar

Continuam em alta as botas over the knee – e agora também no veludo – assim como as ankle boots, já queridinhas das fashionistas e que dão a impressão de ‘cortar a silhueta’. A consultora de moda e estilo explica que, há algum tempo, a moda propõe infringir as regras. Mas para quem quer se preservar e manter-se longilínea é só usar as peças em tons nude e cor de pele, já que a sugestão acompanha composição de looks de comprimento mídi.  

Vale também o uso de coturnos para compor looks leves. E mais: continuam as bolsas pequenas e de alças curtas e podem ser usadas atravessadas. Nesta temporada da SPFW, esse acessório feminino aparece no veludo total, lisas, ou cheias de bordados.  

                   

Androginia em alta

“A moda sempre volta, mas sempre com novos ares e propostas muito mais ousadas”, explica Mariana ao comentar sobre a maior diversidade e menor diferenciação entre masculino e feminino nas roupas apresentadas na última SPFW. Ficou muito evidente uma maior androginia de estilo nas marcas. A consultora explica que para este conceito de peças não importa mais se é homem ou mulher, “as pessoas podem até se vestir igual”.

Já que esse caminho da androginia vem sendo adotado por muitas grifes, o que chama a atenção é quando a peça é muito feminina ou muito masculina.  E foi o que ficou evidente na coleção da marca Fabiana Milazzo, novata no evento. “Um desfile de looks extremamente femininos e delicados, um verdadeiro colírio para os olhos! A marca estreou com uma qualidade incrível e minúcia de detalhes das peças, digno de admiração, obras de arte prontas para vestir”, afirma Mariana. 

Mistura high-low

No desfile da Ellus, que propôs uma mistura de uma caprichadíssima alfaiataria ao estilo rock’n, e com peso dark em composições de tecido plano e peças em couro. “Chamamos essa mistura de high-low, duas propostas de universos opostos no mesmo look, isso é bem interessante! Uma proposta que alcança homens e mulheres”, afirma a consultora.

Neste caminho, outro detalhe que chamou muita atenção foi a tendência do streetstyle, a moda que surge das ruas.  “O que vem das ruas não segue padrões; os vanguardistas de estilo hoje se vestem como forma de expressão, e a moda vai captando isso para então propor um padrão ou algo a ser seguido”, explica Mariana. A consultora reforça que não é tudo que passa pelas passarelas que fica bem no dia a dia. “A moda precisa ser interpretada para que as propostas apresentadas nos desfiles fiquem mais viáveis para o uso cotidiano”, afirma. 

Para usar agora 

O conceito see now, buy now (“veja agora, compre agora”) chegou com tudo nesta temporada. Antes, as coleções eram apresentadas nos desfiles e, só depois, confeccionadas para o público. Esse intervalo tinha um gap médio de seis meses. “Algo muda na indústria da moda com essa alteração significativa de conceito; as marcas precisam se preparar para dispor das peças já quando desfilam”, garante Mariana.

Segundo ela, essa mudança talvez tenha sido uma das razões que motivaram  a ausência de marcas consagradas e importantes para a moda nacional na última edição do SPFW – como Alexandre Herchcovitch, Glória Coelho e Reinaldo Lourenço. Em contrapartida, chamou muito a atenção nos bastidores do evento a entrada de novas marcas como Sissa, TwoDenin, Fabiana Milazzo, Alexandrine, TiG – que vem da Tigresse – A. Niemeyer e a volta da Reserva.

O fato é que foram observados espaços muito mais vazios nesta temporada, menos patrocinadores e movimentação de estandes. “Porém muita visitação e pessoas prestigiando com força o evento. Neste sentido, avalio que isso foi positivo para as marcas que entraram neste ano, tiveram uma visibilidade muito grande”, finaliza Mariana.

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