Segunda-feira, 29 de julho de 2024

Flores de Goyá lança nova proposta audiovisual

Projeto cultural exibe, hoje, o lançamento digital do ‘Pequenino Filme Darãn-gà’

Postado em: 06-04-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Flores de Goyá lança  nova proposta audiovisual
Projeto cultural exibe, hoje, o lançamento digital do ‘Pequenino Filme Darãn-gà’

Bruna Policena

A Projeto Cultural de Artes Integradas Flores de Goyá lança, nesta quinta-feira, o Pequenino Filme Darãn-gà. O filme é uma criação e produção totalmente goiana, dirigido e produzido por Tainá Pompêo, que, dentro de uma nova proposta audiovisual, integra diferentes formas de arte. Do palco às telas, o filme leva mensagens de altruísmo social e respeito à natureza. O filme, que conta também com apoio da Diverso Filmes, seguirá, após seu lançamento, para Paris (França), onde Tainá está atuando.

O lançamento será digital, no site oficial do Flores de Goyá – onde a première on-line marca a passagem do projeto para a tela –, inserindo no cenário cultural goiano uma proposta audiovisual ousada. O Pequenino Filme tem cerca de seis minutos de duração e, bilíngue nos idiomas português e francês, poderia ser considerado um minimusical ou até documentário reflexivo – é composto por vídeo musical, com letra e melodia de Tainá, seguido por uma reflexão em francês sobre o tema proposto. 

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Dentre as parcerias, a música cantada no vídeo é na voz doce de Bebel Roriz, cantora, compositora e corista da Orquestra Sinfônica de Goiânia desde 2011. A canção tem participação especial de violão de Marcelo Barra, famoso cantor e compositor goiano. A dança foi coreografada por Valeska Gonçalves e Jackeline Leal, bailarinas do Flores de Goyá, carregando no currículo integração na Quasar Cia. de Dança, antiga companhia reconhecida internacionalmente por sua atuação em dança contemporânea.

Enredo

Com a temática psicológica e espiritualista, a trama aborda uma disputa entre o ego e a consciência, convidando o espectador à análise das manifestações da dualidade humana. O Pequenino Filme foi inspirado na personalidade da avó centenária de Tainá, finada em 2015. Ophelia Jayme de Pina nasceu na cidade de Pirenópolisem 1917. Foi uma mulher à frente de seu tempo e marcou a história goiana por sua atuação como professora e pianista.

A história se passa na antiga casa de Ophelia, na Avenida Araguaia, em Goiânia. A personagem Vó Ar percorre sua própria casa, abandonada repleta de lembranças, oscilando entre o real e o sonho. No cenário, a casa é o local em que Vó Ar viveu toda sua vida. E Tainá reproduz: “Uma parte dela, que ali ficou, ou uma máscara que ela usou por pressões sociais? Um membro da família que ali está ou apenas uma doce memória? É um filme de apenas alguns minutos, mas com cargas intensas de reflexão”. 

Tainá Pompêo

Tainá Pompêo é a fundadora, compositora, diretora artística e produtora do Projeto Cultural Flores de Goyá.  E, após sua consagração em duas edições como miscelânea de artes e apresentação de artistas goianos, o projeto, neste mês, abre espaço aos primeiros passos da produção cinematográfica. Tainá, discípula da escola francesa, explica que o nome Darãn-gà é um mantra criado por ela. “Ele nos remete à plena harmonia existencial com os ciclos da vida, aos doces movimentos da natureza, com resignação e amor incondicional, unidos à plena consciência do existir e de um evoluir altruísta” conta ela. 

Já estudou e trabalhou em diversas frentes em economia, finanças, marketing, comunicações internacionais, cinema e diversidade cultural nos Estados Unidos, na França, na Espanha, no Rio de Janeiro e em Brasília. Estudou música durante dois anos no Centro Profissional de Educação em Artes Basileu França (Escola Veiga Valle) e, hoje, atua nas áreas de finanças, direção artística, roteiro e produção de espetáculos musicais e produções áudios-visuais.  


SERVIÇO:

Lançamento digital de

‘O Pequenino Filme Darãn-gà’

Quando: Hoje (6 de abril)

(não precisa de cadastro)

 

ENTREVISTA: TAINÁ POMPÊO 

Você veio da área das exatas. Como surgiu o interesse pela arte?

Desde pequena, eu compunha musiquinhas no piano da mamãe. Era meu brinquedo favorito. Aos 6, ganhei um violãoe as criações continuaram, amadurecendo-se comigo. Depois comecei a escrever livrinhos para mim. Criar é um hobby!  Trabalhar com arte sempre foi um sonho, mas, devido à instabilidade desse mercado no Brasil, deixei o lado racional falar mais alto: optei por entrar no mercado artístico apenas quando eu já tivesse uma base cultural e financeira estabelecidas, para então, seguir ambas as profissões. Não adianta fingir que não sabemos as dificuldades do mercado artístico e, depois, fazer como alguns artistas que se perdem no vício e só reclamam que o mercado é ruim. Às vezes, é preciso ter duas profissões e pronto. Esta é nossa realidade, infelizmente.

Como foi a experiência da produção audiovisual?

A experiência foi muito intensa, pois nada havia sido preparado. Eu já estava pronta para voltar para a França quando, do nada, escrevi a música Darãn-gà e senti um ímpeto intenso de compartilhar esta história! Desde o primeiro acorde ao último ajuste no filme, foram apenas três semanas. Foi uma experiência gratificante, um mergulho mágico que se tornou ainda mais belo devido à presença de profissionais tão queridos e talentosos no set. Todos estavam ali com a alma e isto foi lindo.

Como se deram as parcerias?

Grande parte das parcerias já existe, desde a primeira edição do projeto, em 2011. Algumas se intensificaram dada a amizade que foi surgindo em todo este tempo de trabalho juntos. Também novos profissionais que admiravam o projeto Flores toparam nos ajudar. Pessoas de coração e generosidades imensas!

Quais os próximos planos para o filme? Como ele será apresentado na França?  Será na mesma plataforma?

O filme seguirá para a França comigo, mas, por questões contratuais, ainda não posso divulgar seus passos internacionais. Nossa linha artístico-filosófica é fiel à escola francesa. Este tipo de trabalho é muito apreciado por lá. O Flores tem sido muito bem recebido naquela cultura, tão artisticamente sensível. Infelizmente, no Brasil, somos categorizados no segmento ‘cult’. Pois nossa cultura, em sua maioria, ainda carece de educação artística para se apreciar conteúdos mais complexos e reflexões.  Uma grande maioria do público, aqui, ainda se encontra seduzido exclusivamente por segmentos com pouco conteúdo artístico, porém, excesso de informações sensuais e agressivas. Eu me recuso a plantar lixo na mente humana. Nossa luta no Flores é plantar beleza e paz; mostrar um produto com intenso conteúdo artístico, filosófico e cultural, permitindo a uma minoria (que aprecia o desafio do pensar), refletir e se deliciar com a arte.

Como foi sua relação com sua avó?

Eu tinha muita admiração por ela. Me via em muitas histórias que ela contava de sua infância. A paixão pelo esporte, pela música, pelos livros. E, recentemente descobri: pela França também! Hoje, quando toco em seu antigo piano, ainda me arrepio! Sinto-a presente.

Quem foi Ophelia Jayme Pina?

Vó Ophelia foi uma mulher à frente de seu tempo; de uma inteligência atípica, que assustava a sociedade machista da época. Não fosse a pressão familiar que sofreu para seguir os – então definidos – caminhos femininos de abdicação de sonhos para se tornar a esposa exemplar, acredito fielmente que ela teria ousado muitos caminhos Brasil afora. E estou convicta de que ela me incentiva em meus projetos ousados.

Como foi o processo criativo da Vó Ar?

Acredito plenamente que fui inspirada espiritualmente pela vovó! O processo criativo foi imediato, praticamente simultâneo à composição da canção. É como se vovó e meu anjinho da guarda me contassem uma história. Na hora de colocar no papel, fui aos poucos inserindo alguns conceitos que julgo de extrema importância para reflexão nos dias atuais. Vejo o produto artístico como um instrumento de transmissão de amor e esperança para a sociedade, portanto prezo os detalhes que a levarão  a refletir, a crescer. Faço valer positivamente cada minuto que um telespectador se dedica ao Flores. Tempo, hoje, é luxo. Gosto de respeitar o tempo de nosso público.

E por que o nome da personagem é Ar?

Ar simboliza a leveza, a fluidez. Seria uma forma sutil de simbolizar o fato de que a Vó não existe mais em corpo físico. Seu estado é fluídico. Ela visita sua casa em forma de espírito. O enredo brinca constantemente com a dualidade: o que é físico, versus o que é apenas espiritual. O que é real, versus o que é imaginação ou lembrança. O que representa quem ela era versus o que representa quem ela gostaria de ser, mas não pôde devido a pressões sociais ou medo. Tão redondo estava o projeto que, a atriz que surge para representar vó Ar se chama Argemira. Parece até que foi combinado!

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