Após críticas à manual de “suicídio de forma racional”, trilogia de autora alemã é retirada da Amazon

Internautas, usuários e classe de psicólogos se revoltam com temática abordada por Jessica Düber e se mobilizaram para que o produto fosse excluído da plataforma

Postado em: 07-08-2021 às 08h30
Por: Maria Paula Borges
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Internautas, usuários e classe de psicólogos se revoltam com temática abordada por Jessica Düber e se mobilizaram para que o produto fosse excluído da plataforma | Foto: Reprodução

O extenso catálogo da empresa internacional de e-commerce, Amazon, oferece diversos produtos com as mais variadas temáticas. Destes, os livros da autora alemã Jessica Düber geraram revolta em clientes e internautas. Os livros foram traduzidos para o português e foram removidos da plataforma nesta sexta-feira (06/08). A polêmica se deu por se tratar de um “Manual para um suicídio racional”, em que cada edição ensina uma forma diferente de cometer o ato.

Na resenha do livro, a autora deixa claro que sua preocupação é ‘não complicar os métodos de um suicídio racional através de explicações desnecessárias’. Com isso, internautas, usuários e psicólogos se revoltaram deixando comentários expressando a opinião sobre o produto comercializado e se mobilizaram para que fosse retirado da Amazon.

Na plataforma a revolta se fez clara com comentários de internautas. “Um absurdo, totalmente criminoso incentivar o suicídio, comercializando a morte”, afirmou um usuário. Outro cliente destacou a violação do Art. 122 do Código Penal Brasileiro, em que consta que induzir ou instigar alguém a suicidar-se é crime. O conteúdo foi chamado ainda de ‘desnecessário’ e ‘inadequado’.

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A psicóloga Alessandra Araújo frisou que o comércio desse tipo de conteúdo pode trazer graves consequências para aqueles que estão adoecidos. “Assim como a escritora Jessica Düber houveram outros livros e periódicos que já foram lançados e comercializados, claro que vemos nessa leitura descrições claras sobre morrer e numa sociedade em que o suicídio acontece constantemente e o adoecimento psíquico leva o sujeito a querer tirar sua vida para que seja sanada uma dor na alma, esse material pode induzir e fortalecer uma pessoa a cometer tal ato”.

Além disso, Alessandra também destacou que a classe de psicólogos se mobilizou para denunciar o livro. “A classe está mobilizada no que se refere a denúncia do livro. Mas uma coisa que precisamos salientar é que é uma publicação alemã e que lá é permitido aqui no Brasil não”, disse.

O advogado Rafael Brasil afirmou que nenhum direito é absoluto e todos podem sofrer restrição caso haja colisão de direitos, porém ressaltou que instigação e induzimento ao suicídio é crime previsto no Código Penal. Dessa forma, afirmou que não pode se permitir que uma atitude criminosa, mesmo que em forma de livro, tenha circulação livre. Rafael ainda destaca que é possível a restrição da circulação e até mesmo o impedimento de veiculação da obra no Brasil. Com a mobilização geral de usuários e psicólogos, a restrição se fez possível.

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