Vida e obra de Gandhi por Signorelli

“Gandhi entrou na minha vida como um tsunami bem positivo”, diz o ator, que dá vida ao líder indiano

Postado em: 27-05-2017 às 08h00
Por: Sheyla Sousa
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“Gandhi entrou na minha vida como um tsunami bem positivo”, diz o ator, que dá vida ao líder indiano

Ator global João Signorelli encena vida e obra do líder indiano Mahatma Gandhi na peça Gandhi, Um Líder Servidor, encenada em Anápolis (27 de maio) e Goiânia (28). Ao longo do espetáculo, o público é instigado a uma sensível reflexão sobre liderança, não violência e princípios ético-filosóficos nas relações humanas, integração, cooperativismo e amor. Gandhi (1869-1948) ficou conhecido em todo o mundo ao atuar na defesa da minoria hindu que vivia na África do Sul lutando pelos direitos iguais.  

Com a venda dos ingressos, o dinheiro arrecadado com o monólogo será destinado à Fraternidade Sem Fronteiras (FSF), organização não governamental sediada em Campo Grande, apolítica, sem fins lucrativos e sem cunho religioso ou nacionalista, que atende crianças órfãs em Moçambique, na província de Gaza, na África. Atualmente, nove mil meninas e meninos são assistidos em 12 centros de acolhimento, onde recebem refeições, orientações relacionadas à higiene, cidadania, e participam de atividades recreativas e fortalecem a autoestima, a cultura local e os valores fraternos. 

A ONG teve início em Campo Grande (MS) em meados de 2009. Do Centro-Oeste do país, a organização espalhou-se para outros estados. Em oito anos, a ONG soma 500 voluntários, dentro e fora do Brasil. Um dos braços fica localizada em Campinas (SP) e tem como objetivo levar uma vida mais digna a uma extensa faixa-etária de recém-nascidos a adolescentes em Moçambique, no sul da África. Hoje, no país, existe mais de um milhão de crianças órfãs e mais da metade em situação de contaminação do vírus HIV.

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SERVIÇO:

‘Gandhi, Um Líder Servidor’

ANÁPOLIS 

Onde: Centro Cultural São Francisco de Assis (Avenida Pinheiro Chagas, Bairro Jundiaí)

Quando: 27 de maio 

Horário: 20h

GOIÂNIA 

Onde: Centro Cultural Sesi (Av. João Leite, Setor Santa Genoveva)

Quando: 28 de maio 

Horário: 20h

Entrada: inteira: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada)

Vendas online: Sympla 


Entrevista João Signorelli 


Como surgiu essa oportunidade para você de interpretar Gandhi?

Fui convidado pelo Miguel Filliage, autor e diretor da peça, para fazer um espetáculo na abertura de um fórum sobre recursos humanos, promovido pela revista Gestão RH, cujo tema era Liderança Servidora. Miguel pensou em Gandhi como um exemplo dessa liderança e me convidou para fazer. Era para ser apenas uma apresentação, mas ficou tão bom que resolvi assumir a produção, e já se vão 14 anos na estrada – no mundo corporativo, em teatros, em colégios, em universidades, em hospitais e ONGs.

Por qual motivo a peça tem feito sucesso por tanto tempo?

Acho que a peça faz sucesso pela atualidade de Gandhi, pelo amor que tenho por esse trabalho – o faço com muita alegria e determinação – e pelo comportamento que assumimos na nossa vida, tentando praticar os exemplos que Gandhi nos deixou. Sinto que, assim, atingimos uma credibilidade junto ao publico.

Como foi o estudo para adaptação de textos e linguagens?

Vi várias vezes o filme Gandhi. No Youtube, havia algumas filmagens dele, e li muitos livros sobre ele e sua vida. Mas sou brasileiro, moro em São Paulo, e empresto minha sensibilidade, meu corpo e minha voz de um homem do século 21, que se passa por Gandhi.

Sua vida foi modificada por estar vivendo imerso dentro dessa filosofia de Gandhi? 

Sim, grandes mudanças na minha vida. Parei de mentir socialmente. Tento cumprir o que prometo para as pessoas. Diminuí o consumo de carne para uma ou duas vezes na semana. Eu brinco que Gandhi entrou na minha vida como um tsunami bem positivo.

Em uma entrevista antiga, você falou de uma corrente de prática da verdade entre a própria equipe de produção da peça. Durante todos esses anos, como você avalia a evolução do trabalho compartilhado alcançado pelas práticas do bem? 

Eu avalio como uma coisa altamente positiva e real, pois a resposta do público, nos aceitando durante esses 14 anos, nos mostra que estamos tentando o caminho certo.

Como é a interação entre o personagem Gandhi e a personalidade do João em cena? 

Os dois interagem muito bem. Como te falei, empresto a minha vida para dar passagem ao Gandhi, e sinto que ele tem gostado, pois há 14 anos ele aceita vir falar para o nosso público.

Como você põe em prática no dia a dia a paciência de lidar com estímulos externos? 

Eu estou sempre, o tempo todo, tentando me concentrar na minha respiração. Isso provoca um estado de calma e de bem-estar no momento presente,  no aqui e agora, que me leva a aceitar tudo o que vem para mim, de bom e de ruim.

Atuar tanto tempo com o personagem influenciou no seu modo de pensar?

Influenciou muito, pois, se pretendo ser uma pessoa melhor, um ator melhor, um companheiro melhor, um pai melhor, seguir os pensamentos dele é um caminho precioso. Tentativa e erro são nossa vida.

O que falta no mundo para alcançarmos a verdade defendida por Gandhi?

Através do autoconhecimento, somente me conhecendo, vou poder acessar o outro e respeitar as diferenças e andar na verdade. Preciso saber quem sou e o que estou fazendo aqui, e também preciso ter consciência do propósito. Silêncio interior, autorresponsabilidade e compaixão também são fundamentais.

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