Amor que une culturas

Tocantinense, noiva de egípcio diz que o Dia dos Namorados tem sabor especial: casamento à vista

Postado em: 12-06-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Tocantinense, noiva de egípcio diz que o Dia dos Namorados tem sabor especial: casamento à vista

Ludmilla Lobo 

Todos sabem que não existe um limite de idade para que a paixão aconteça. No entanto alguns mais experientes provam que, além de conhecer um novo amor, o relacionamento pode surgir de uma forma inesperada e atípica. Foi o que houve com a vendedora Docila Neves, que tem 58 anos  e conheceu seu noivo pelo Facebook. A história seria apenas mais um namoro virtual, caso o noivo não fosse egípcio.

Tudo começou quando Docila (tocantinense que vive em Goiânia) conheceu outra vendedora que estava de passagem marcada para conhecer o namorado no Marrocos. Naquela época, cerca de dois anos atrás, Docila passava por uma depressão, e viu na história da colega uma possibilidade de acontecer algo novo em sua vida. No mesmo dia, ao chegar à sua casa, ela começou a pesquisar sobre o Marrocos e países do Oriente Médio, e se apaixonou pela cultura árabe. A partir daí, Docila começou a procurar perfis no Facebook de pessoas que moravam nesses países. Ela adicionou tanta gente que seu perfil acabou sendo bloqueado pela rede social. Docila era objetiva. “Estava disposta a conhecer algum homem solteiro, árabe, que estivesse aberto a um relacionamento com uma estrangeira”, afirmou ela.

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Após seu perfil ser reativado pela página, Docila conversou com algumas pessoas e até começou uma grande amizade com um iraquiano, mas o relacionamento – que durou alguns meses – acabou não se desenvolvendo para um sentimento além da amizade. Durante esse tempo, a vendedora continuou estudando sobre a cultura árabe, e, com a ajuda do Google Tradutor, Docila conversou com muitas pessoas. Um dia, em meados de março de 2015, ela recebeu uma notificação de pedido de amizade. O perfil era de um egípcio, da cidade do Cairo, chamado Eslam Badr.

Até então, o foco de Docila estava voltado para amizades do Oriente Médio, mas, quando começou a conversar com Eslam, ela foi saber mais sobre o Egito, e logo decidiu que queria conhecer o país do norte-africano, que também carrega a cultura árabe. Já nas primeiras conversas com o egípcio, a tocantinense deixou claro que estava a fim de conhecer um novo amor. Eslam, que tem 34 anos, foi recíproco, e o romance virtual começou a partir daí. Segundo Docila, Eslam foi quem tomou a iniciativa de conversar por chamada vídeo, refutando a opinião de alguns de que o perfil era falso e que ela não sabia com quem estava falando. 

Desde os primeiros meses de namoro, o casal sempre fez planos de se encontrar e ter a chance de se abraçar e beijar como casais que não são vítimas da distância. Após nove meses de relacionamento virtual, Docila se organizou e comprou sua passagem com destino ao Cairo. Até a chegada da data viagem, os dois passaram por muitos conflitos, a começar pela chance do relacionamento de culturas tão opostas dar certo, até mal-entendidos por conta de traduções do Google. Apesar de tudo, Docila estava certa de que estava disposta a conhecer o namorado e sua família islâmica.

Na semana da viagem (no fim de 2015), o inesperado aconteceu. Após uma discussão, Docila e Eslam terminaram o namoro. “Eu já estava de malas prontas, passagem na mão e reservas de hotel, não iria cancelar tudo” contou Docila, que seguiu com seus planos de conhecer o Egito. Ela embarcou no aeroporto de Goiânia com destino à capital do Egito disposta a viver novas experiências. Eslam, que agora era ex-namorado, sabia do trajeto da viagem, e tentou contato com Docila, dizendo que iria buscá-la no aeroporto. 

Dessa vez, a tecnologia deixou Docila na mão. “O celular estava descarregado, quando desembarquei em Paris, e o carregador que tinha na bolsa não encaixava na tomada de lá”. Com pouco tempo para fazer a conexão e embarcar com destino ao  Cairo, Docila acabou não visualizando a mensagem enviada por Eslam. Como ela não tinha certeza quais seriam os rumos do relacionamento, combinou com um guia que falava espanhol para buscá-la no Aeroporto Internacional do Cairo. Docila foi para o hotel, e só conseguiu falar com Eslam à noite, que a convidou para ir a uma pizzaria da cidade.

Quando os dois se encontraram no hall do hotel, todo mal  entendido caiu no esquecimento. “Ele me abraçou bem forte, mas ainda não poderíamos nos beijar ali, na frente de todos,” conta ela com um sorriso no rosto. Ao chegar à pizzaria, os dois conversaram – Eslam fazia um esforço para formar frases em português – e o namorado foi reatado. Docila passou mais de um mês na cidade, e foi muito bem recebida pela família de Eslam, que se dedicava a conversar e explicar a ela a cultura do país.

A viagem chegou ao fim, mas o namoro continuou firme, agora com planos de casamento. Docila voltou a Goiânia com uma única coisa em mente: organizar os documentos necessários para o casamento e planejar a nova vida longe dos familiares e amigos. Docila tem quatro filhos e cinco netos, fruto de um casamento que acabou há mais de 20 anos. A opinião da família sobre o relacionamento sempre foi dividida: alguns apoiam e dizem que Docila tem o direito de conhecer uma pessoa e viver um novo amor. Já outros a chamam de “doida” por ter um relacionamento com um estrangeiro que está a mais de 10 mil quilômetros de distância.

Atualmente, Docila e Eslam continuam conversando por chamadas de vídeos e mensagens em redes sociais, e estão cuidando dos arranjos finais para o casamento, que será feito por meio de uma procuração em um cartório de Goiânia. Docila pretende ir para o Egito já casada com Eslam. Apesar de o casamento no cartório, sem o noivo, não ser o sonho de casamento ideal para Docila, ela afirma que os dois estão confiantes e com grandes expectativas. “Conversamos sobre a decoração do nosso quarto e como será nossa vida juntos”, disse ela, que inicialmente desejava um casamento em um barco no Rio Nilo.

 

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