Buffy, a Caça-Vampiros: conheça a série dos anos 2000 que chegou ao novo serviço de streaming da Disney

Série que foi ao ar entre 1997 e 2003 foi pioneira na representatividade feminina com uma abordagem feminista e se mostra relevante apesar da passagem de tempo

Postado em: 10-10-2021 às 16h13
Por: Giovana Andrade
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Série que foi ao ar entre 1997 e 2003 foi pioneira na representatividade feminina com uma abordagem feminista e se mostra relevante apesar da passagem de tempo

Uma nova plataforma de streaming chegou ao Brasil no dia 31 de agosto. Parte do grupo Disney, o Star+ contrasta com o Disney+ porque foi desenvolvido especificamente para o público adulto, com um catálogo que inclui filmes e séries produzidas pela própria companhia, bem como por produtoras parceiras. Os usuários podem adiquirir apenas o Star+, por R$ 32,90 ao mês, ou o combo Disney+ e Star+, por R$ 45,90 ao mês.

O catálogo do novo serviço é extenso e reúne séries conhecidas e amadas, como Lost, Grey’s Anatomy, Bones, Modern Family, Arquivo X, This Is Us, Glee, How I Met Your Mother, Prison Break, Sons of Anarchy, além de atrações originais da 20th Century Fox, que foram incorporadas pela plataforma da Disney também em outros países, e produções desenvolvidas especialmente para o Star+, a exemplo de Only Murders in the Building.

Entre os títulos disponíveis na plataforma, um clássico dos anos 2000 merece destaque: Buffy, a Caça-Vampiros. A série, que foi ao ar de 1997 a 2003, pode passar despercebida quase vinte anos depois de seu último episódio, mas quem der uma chance vai se surpreender com a atualidade que a produção ainda carrega, e a profundidade que a história adquire no decorrer das sete temporadas.

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É preciso admitir: à primeira vista, pela sinopse, a série não parece oferecer nada surpreendente, e pode até mesmo parecer juvenil demais. No entanto, no final das contas, não é a toa que ela foi colocada no serviço da Disney voltado para adultos. O roteiro aparentemente simples apresentado nos episódios das temporadas iniciais ganha nuances, abordando temas relevantes de uma forma que, por diversas vezes, emociona.

Buffy Summers (Sarah Michelle Gellar) é uma adolescente que, aos 15 anos, descobre que não é uma garota comum. Ela é uma caça-vampiros, uma das escolhidas pelo destino para lutar contra o mal e proteger o mundo de monstros. Ao lado dos amigos Willow (Alyson Hannigan) e Xander (Nicholas Brandon), e com o apoio de seu guardião, Giles (Anthony Head), ela enfrenta os perigos dos vampiros e de outros demônios enquanto tenta sobreviver ao ensino médio.

No decorrer da série, acompanhamos o crescimento dos personagens que, assim como a trama, ganham cada vez mais profundidade. Esse é um dos pontos altos da série, de forma que é praticamente impossível não gostar da maioria dos personagens centrais. Assim como dos demais, acompanhamos o desenvolvimento de Buffy, suas questões enquanto ela lida com a solidão, o luto, a vida adulta, e a inefável responsabilidade de salvar o mundo, temporada após temporada.

Por meio de metáforas, a série também aborda temas como o abuso de drogas e a depressão, assuntos tratados com o devido cuidado, e não apenas para chocar o espectador. Além disso, vale destacar a presença de personagens e relacionamentos homoafetivos, inseridos de maneira sensível e livre de estereótipos e fetichização, o que caracteriza uma excessão nas produções de vinte anos atrás.

Nesse mesmo sentido, o cerne da série é absolutamente feminista, ainda que não precise se vender por essa narrativa. Buffy é indiscutivelmente a heroína, e seu status chega a incomodar homens com quem ela divide a linha de frente, por não estarem dispostos a admitir ou aceitar que estão abaixo dela. Essa característica da série a consagra como uma pioneira das narrativas femininas e feministas.

Diferentemente do que se pode notar em produções atuais, a construção de Buffy é despretensiosa, até porque, na época em que foi lançada, adotar uma visão feminista ou abordar questões LGBT não era a regra entre as produções, como veio a se tornar. O próprio criador da série, Joss Whedon, já afirmou que, enquanto a escrevia, não era guiado por um impulso externo de abordar determinados temas sob determinada óptica, mas que na verdade o fazia daquela maneira porque era o que ele desejava e acreditava.

Essa carcterística está presente desde o início. A primeira temporada, uma espécie de teste, possui menos episódios, e é mais superficial que as demais. Por outro lado, apesar da abordagem diferente dos temas apresentados, uma frequente durante a produção é um uso muito bem feito do humor, construído de uma forma extremamente marcante e equilibrada, em que os alívios cômicos são inseridos com maestria em meio ao drama, muitas vezes proporcionando risadas inesperadas em meio às lágrimas.

Com o passar do tempo, é notável que Joss ganhou confiança e espaço para ousar, e a série atinge seu ápice na quinta temporada, nível que se mantém na sexta, a qual marca uma fase mais sombria da produção. A sétima e última temporada tem um pequeno declínio, mas não o suficiente para estragar a experiência.

Como bem lembrado pela atriz que interpreta a protagonista, ainda que seja difícil para os fãs aceitarem, a realidade é que a série não precisa de um remake ou de uma atualização, pelo menos por enquanto, porque permance atual e relevante. Com discussões sobre livre arbítrio, amor, solidão, depressão, luto, a vida e a morte, o bem e o mal, somadas à dose certa de humor, além de personagens cativantes e a atuação impecável de Sarah Michelle Gellar, Buffy, a Caça-Vampiros se consagra como um verdadeiro clássico atemporal.

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