Filarmônica de Goiás lança 2º CD e turnê nacional

Amanda Cunha

Depois do sucesso de sua primeira produção digital, lançada na mesma época do ano passado, a Orquestra Filarmônica de Goiás (OFG) estreia  seu segundo CD, nesta segunda-feira (3 de julho). A cerimônia de lançamento ocorrerá no salão Dona Gercina, no Palácio das Esmeraldas, e será reservada a imprensa e autoridades culturais. 

Um concerto no próximo dia 4 de julho, no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), trará o mesmo repertório da turnê para o público geral prestigiar – a entrada é franca. Sob a regência do maestro britânico Neil Thomson, a apresentação traz, no programa, o Concerto Para Piano Nº1, de Tchaikovsky, interpretado pelo pianista brasileiro Cristian Budu, solista dessa turnê. Além disso, a programação conta com o Quarteto Para Piano,de Brahms, adaptado por Schoenberg para orquestra.

O segundo álbum da OFG foi gravado logo após uma das turnês de 2016, entre os dias 5 e 8 de novembro, no Palácio da Música Belkiss Spenzièri do CCON. A gravação foi dirigida pelo produtor musical alemão Ulrich Schneider, responsável por consagradas produções da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Dando continuidade à primeira obra, esse CD traz três canções do compositor César Guerra-Peixe: Suíte Sinfônica Nº1 Paulista, Roda de Amigos e Suíte Sinfônica Nº2 Pernambucana. O Mamoeiro e São Paulo, ilustrações de Tarsila do Amaral, tiveram seus direitos autorais cedidos à OFG para estamparem o CD. 

A IV Turnê Nacional da Orquestra Filarmônica de Goiás passará por Goiânia, Rio de Janeiro, Campos do Jordão e São Paulo. Nas cidades paulistas, os concertos farão parte do 48º Festival de Inverno de Campos do Jordão, que ocorre anualmente, e, neste ano, apresentará mais de 80 concertos  entre os dias 1º e 30 de julho. Durante a turnê da Filarmônica, o 2º álbum da instituição será distribuído gratuitamente ao público.

Artistas

Desde 2014, Neil Thomson é regente titular e diretor artístico da OFG. Nestes três anos, sua colaboração e experiência musical conferiram excelência artística e um padrão internacional à orquestra. Ele afirma que, na Filarmônica goiana, encontrou um grupo musical que trabalha em sintonia. “Nestes últimos anos, houve uma enorme consolidação da orquestra. No ano passado, recebi vários elogios do público que nos assistiu em Campos do Jordão e São Paulo. Várias pessoas comentaram como nós crescemos. Temos aqui uma orquestra precisa, flexível e extremamente comprometida com o trabalho e com resultados positivos”, comenta o maestro. Britânico, Thomson possui uma atuação musical que extrapola limites territoriais. Começou seus estudos musicais em Londres, e já passou por inúmeros países – como Japão, Israel e Romênia. 

Nascido em Petrópolis, Rio de Janeiro, César Guerra-Peixe foi um compositor de música erudita que faleceu em 1913. Ele deixou uma obra constituída por incontáveis suítes, sonatas, peças, cantatas, entre outros. O filho de imigrantes portugueses era o caçula de dez irmãos, e começou a tocar violão aos 6 anos de idade. Seu pai, Francisco Antonio Guerra-Peixe, ferrador e músico amador, foi quem o ensinou. O maestro Thomson confia que a obra de Guerra-Peixe merece mais reconhecimento. “A música de Guerra-Peixe tem uma sonoridade particular. É repleta de cor, vitalidade rítmica e invenção melódica. Eu acredito que é uma grande obra do repertório sinfônico brasileiro que havia sido negligenciada”, destaca.

O jovem pianista Cristian Budu é brasileiro de origem romena, considerado um dos expoentes de sua geração. Ele e Thomson executaram, juntos, no ano passado, o Concerto Para Piano e Orquestra em Lá Menor, de Robert  Schumann,  e estarão no palco com a Filarmônica nessa turnê para interpretar o Concerto Para Piano Nº1, de Tchaikovsky. Budu já esteve à frente de outras orquestras. São algumas delas: Orquestre de la Suisse Romande (Suíça); Orquestra Sinfônica da Rádio de Stuttgart (Alemanha); Orquestra Emil Nichifor (Romênia); Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Filarmônica de Montevideo, Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra Petrobrás Sinfônica e Orquestra Sinfônica do Paraná.

A Filarmônica

A OFG por muitas fases de sua existência até chegar ao que é hoje. Foi fundada em 1980 pelo maestro Braz de Pina Filho e, atualmente, tem vasta atuação em todo o Estado e no Brasil afora. Seu objetivo é a democratização do acesso aos bens culturais, desenvolvendo diversas iniciativas educacionais que visam a apresentar a música de concerto a estudantes das redes pública e privada de educação.

Atualmente, a Filarmônica de Goiás é dirigida pela Organização Social (OS) Elysium Sociedade Cultural, e é um programa do Governo do Estado vinculado à Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) e ao Centro Cultural Oscar Niemeyer. A OS irá gerir a OFG por 48 meses e, durante esse tempo, ela tem a responsabilidade de produzir, gerenciar, operacionalizar e executar as atividades artísticas, culturais e sociais da orquestra, propostas pela Seduce.

SERVIÇO

IV Turnê Nacional da OFG

Goiânia (GO)

Quando: 4 de julho

Onde: Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON)

Horário: 20h30

Entrada gratuita

Rio de Janeiro (RJ)

Quando: 6 de julho

Onde: Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Horário: 20h30

Ingressos: Bilheteria do teatro e site do Ingresso Rápido 

Campos do Jordão (SP)

Quando: 7 de julho

Onde: Auditório Cláudio Santoro

Horário: 20h30

Ingressos: www.festivalcamposdojordao.org.br 

São Paulo (SP)

Quando: 8 de julho

Onde: Sala São Paulo

Horário: 16h30

Ingressos: www.festivalcamposdojordao.org.br 

Entrevista NEIL THOMSON 

O segundo CD da Orquestra Filarmônica de Goiás conta novamente com obras do compositor César Guerra-Peixe. O que contribuiu na decisão desta escolha?

Guerra-Peixe é um dos compositores brasileiros mais interessantes, cuja música está cheia de cores e ainda menos representado em gravações ou nas salas de concertos. A primeira vez que ouvi a música dele eu sabia que seria uma perfeita escolha para a orquestra!

A quarta turnê da orquestra  – que começará no dia 4 de julho em Goiânia – terá a colaboração do pianista Cristian Budu. Como ocorreu a união de Thomson com Budu?

Cristian veio para tocar conosco o Concerto Para Piano e Orquestra em Lá Menor, de Robert Schumann, no ano passado, e houve uma química imediata entre ele, eu e a orquestra. Ele é realmente um artista fantástico, uma pessoa maravilhosa, e trabalha de maneira tão colaborativa conosco!

Após a turnê, a OFG vai começar se preparar para gravar o terceiro CD. Poderia nos contar mais sobre este novo projeto?

Este CD contém duas suítes orquestrais que retratam as paisagens musicais de Pernambuco e São Paulo, usando ritmos de dança e melodias típicas de ambos os lugares. A terceira peça é um trabalho curto para solistas de sopros e cordas, Roda de Amigos, que Guerra-Peixe escreveu como uma homenagem amigável a um grupo de seus amigos. Cada movimento retrata um amigo diferente e seus personagens individuais!

Como você vê o desempenho e a qualidade musical da OFG depois desses anos como diretor artístico da orquestra?

A orquestra está crescendo a um ritmo mais rápido do que nunca. Começamos a temporada com um concerto de nível extremamente alto, e esse nível foi mantido. Esta é uma temporada extremamente ambiciosa, e agora sou capaz de programar um repertório que eu nem poderia ter sonhado há três anos !