Quinta-feira, 28 de março de 2024

Dia das Bruxas: entenda a origem do ‘Halloween’ e por que a festa se popularizou no Brasil

Festividade que remonta a tradições pagãs foi exportada pelos Estados Unidos, vendida como um produto cultural largamente desejado no mundo ocidental

Postado em: 31-10-2021 às 15h00
Por: Giovana Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Dia das Bruxas: entenda a origem do ‘Halloween’ e por que a festa se popularizou no Brasil
Festividade que remonta a tradições pagãs foi exportada pelos Estados Unidos, vendida como um produto cultural largamente desejado no mundo ocidental. | Foto: Reprodução

Comemorado no dia 31 de outubro, o Halloween, ou Dia das Bruxas, é uma festa típica principamente dos países de língua inglesa, que teve origem no Reino Unido e, com a peregrinação, conquistou também os Estados Unidos da América e o Canadá.

Uma possível origem da festa, que segundo historiadores apontam é praticada há mais de 3 mil anos, remete a um antigo festival pagão, o festival celta de Samhain, termo que significa “fim do verão”, e celebrava a abundância de comida após a época de colheita. O Samhain durava três dias, começando em 31 de outubro, e prestava uma homenagem ao “Rei dos mortos”. Estudos recentes destacam ainda que o Samhain tinha entre suas maiores marcas as fogueiras.

O termo “halloween”, por sua vez, deriva da expressão em inglês “All Hallows’ Eve”, traduzida como “véspera de todos os santos”, que designava, até o século 16, a noite anterior ao Dia de Todos os Santos, celebrado em 1º de novembro. Por isso, o Halloween é comemorado no dia 31 de outubro.

Continua após a publicidade

A comemoração da forma como é popularmente conhecida hoje tomou forma entre 1500 e 1800. A partir do Halloween, fogueiras tornaram-se especialmente populares, sendo utilizadas para a queima do joio, que celebrava o fim da colheita no Samhain, como símbolo do rumo a ser seguido pelas almas cristãs no purgatório ou para repelir bruxaria e a peste negra.

A popularização da imagem de monstros durante o Halloween também remonta ao Samhain, visto que os celtas acreditavam que, no período da festa, seres malignos poderiam aproveitar a presença dos mortos para fazer mal às pessoas vivas. Além disso, no Samhain, era comum que as pessoas fossem de porta em porta usando máscaras, para não serem reconhecidas pelos seres malignos.

Assim como em outros festivais e celebrações, comer era uma parte importante do Halloween. Um dos hábitos mais característicos envolvia crianças, que iam de casa em casa cantando rimas ou dizendo orações para as almas dos mortos. Em troca, eles recebiam bolos de boa sorte, que representavam o espírito de uma pessoa que havia sido liberada do purgatório. Com o passar do tempo, essa tradição se transformou no popular “doces ou travessuras?”, embora o simbolismo que costumava carregar tenha se perdido.

Hoje, a celebração tem diferentes finalidades: celebra os mortos ou a época de colheita e marca o fim do verão e o início do outono no hemisfério norte. Ao mesmo tempo, é um pretexto para reunir amigos e se divertir vestindo fantasias assustadoras. Nos Estados Unidos, o Halloween é o maior feriado não cristão da atualidade, tendo superado, em 2010, tanto o Dia dos Namorados quanto a Páscoa como a data em que mais se vendeu chocolates.

Popularização

Ao longo dos anos, a festividade foi “exportada” para outros países, inclusive o Brasil. Por aqui, o contato com a celebração se deu por meio de filmes, séries de TV e outros produtos culturais estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos. Dessa forma, a popularização da festa tem forte ligação com o imperialismo cultural exercido pelos Estados Unidos, que vendem sua cultura e seu modo de vida em diversos âmbitos.

Esse quadro pode ser explicado por meio do conceito de soft power, normalmente traduzido como “poder brando”, advindo dos estudos de Relações Internacionais. O termo diz respeito a um conjunto de iniciativas não militares ou econômicas que levam um Estado a atingir seus interesses de política externa. 

No caso dos Estados Unidos, um exemplo é a indústria cultural norte-americana, como produções de Hollywood e de séries de TV, que chegaram ao Brasil logo após a Segunda Guerra Mundial, quase simultaneamente à chegada da televisão no país. 

Um elemento desse tipo de influência é a exportação de um estilo de vida ideal, apresentado como um modelo a ser copiado. É o que acontece com o Halloween por aqui, visto que a celebração sequer possui relação com as tradições e a formação cultural brasileiras. 

Nesse sentido, uma consequência negativa da hegemonia cultural estadunidense é a supressão de tradições locais, que acabam substituídas pelo ideal americano, comprado como algo superior.

Por isso, no Brasil, na tentativa de resgatar figuras do folclore brasileiro em contraposição ao Halloween, celebra-se no dia 31 de outubro, desde 2003, o Dia do Saci, fruto de um projeto de lei que busca valorizar a cultura local. A iniciativa, no entanto, é pouco divulgada, e também entre os brasileiros o dia 31 de outubro já é largamente conhecido como Dia das Bruxas ou Halloween.

Veja Também