Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Feminismo e antirracismo: bell hooks se vai, mas deixa seu legado ao mundo

Escritora e ativista compartilhou com o mundo suas percepções sobre a vida através de suas obras literárias

Postado em: 16-12-2021 às 07h20
Por: Redação
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Escritora e ativista compartilhou com o mundo suas percepções sobre a vida através de suas obras literárias | Foto: reprodução

Por Lanna Oliveira

Falar sobre feminismo, racismo, cultura, classe, gênero, amor e espiritualidade não é fácil, mas a ativista bell hooks fez com maestria. A escritora publicou ao longo de sua carreira mais de 40 livros, no Brasil ela ganhou destaque com as obras ‘Olhares negros: raça e representação’, ‘Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade’ e ‘O feminismo é para todo mundo’. Ela morreu nesta última quarta-feira (15/12), mas deixa um legado envolto em uma magia de poder, representatividade e luz.

Parte da riqueza da humanidade, as obras da autora, professora, teórica feminista, artista e ativista antirracista estadunidense bell hooks, permanecem no compilado de obrigações a serem vistas. “Eu não terei a minha vida reduzida. Eu não vou me curvar ao capricho ou à ignorância de outra pessoa”, frase dita pela própria já demonstrava o quão grandiosa ela era. bell hooks sabia que permanecer no caminho que lhe foi oferecido pelo destino ainda muito jovem seria árduo, porém arrebatador.

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Batizada Gloria Jean Watkins, bell hooks é uma das escritoras feministas e teóricas mais importantes de sua geração. Capaz de escrever ensaios com tom político, mas também bem pessoal, ela poderia analisar clipes de Madonna ou a representação de negros americanos no cinema com o mesmo empenho e clareza. O seu trabalho já foi descrito como “a redefinição do feminismo”. Para o jornal ‘Washington Post’, ela conseguiu ampliar um movimento que muitas vezes era associado à mães e esposas brancas, de classe média e alta.

Nascida em Hopkinsville, cidade de Kentucky, nos Estados Unidos, hooks começou seus estudos em uma escola pública para negros, já que os EUA ainda possuíam escolas que praticavam segregação racial. Mais tarde, formou-se em literatura inglesa em Stanford e fez mestrado na Universidade de Wisconsin. Além disso, ela possui doutorado pela Universidade da Califórnia. Toda sua trajetória pessoal se entrelaça com a sua vida acadêmica e profissional, conjunto de fatores que deu origem a potência que ela se transformou.

Potência esta, que tinha como prioridade discutir recortes da sociedade, para que de maneira efetiva contribuísse para a evolução social. bell hooks sempre buscou escrever sobre os elementos fundamentais na luta contra o racismo, expandir a compreensão sobre a vida dos negros e negras no contexto social, econômico e afetivo. A escritora é sinônimo de amor, ela acreditava na possibilidade de se viver em uma ‘ética do amor’ como centro em todas as esferas da vida, como religião, trabalho, ambiente doméstico e relações românticas.

Jamais esquecida

“A autora, professora, crítica e feminista fez sua transição cedo, de casa, rodeada de familiares e amigos”, escreveu a família de hooks em um comunicado. Tamanha sua grandeza, que não apenas os familiares lamentaram sua partida, artistas, colegas e amigos também deixaram suas mensagens de pesar nas redes sociais: “bell hooks gigante. Descanse em paz. Obrigado por partilhar sua luz com o mundo!”, escreveu Emicida; “Triste demais. A obra de bell hooks é maiúscula. Rest in Power”, Maria Bopp.

As homenagens não pararam por aí: “Que a incrível bell hooks possa ir em paz! Obrigado pelos ensinamentos, por compartilhar suas ideias conosco! Meu coração foi partido por essa notícia. Sua obra é uma riqueza para a humanidade. Que sua família e amigos fiquem firmes”, Rashid; “Bell Hooks descanse em paz! Tô lendo vc hoje e sempre”, Dada Coelho; “Muito triste a notícia da partida de bell hooks que por anos se dedicou a lutar por uma sociedade mais justa. Suas obras me ajudaram e me inspiraram a me tornar educador e defender uma educação antirracista. Ficará para sempre na nossa memória!”, João Luiz.

bell hooks mergulhou no entendimento do feminismo negro como forma de pensar os gêneros. “Como jamais havia sentido que tinha um lugar na tradicional noção sexista do que uma mulher deveria ser e fazer, eu estava ansiosa para participar do movimento de libertação da mulher, desejando criar um espaço de liberdade para mim mesma, para as mulheres que eu amava, para todas as mulheres”, contou certa vez. Ela foi amor, ensinamento, luta e liberdade. Assim bell hooks permanecerá na memória de quem a conheceu e quem ainda conhecerá através de seus livros.

(Lanna Oliveira é estagiária do jornal O Hoje)

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