Ex-empresária de Anitta expõe influência do sertanejo e do agronegócio no cenário musical; entenda
Kamilla Fialho contou que enquanto tentava pagar para que rádios tocassem músicas da artista pop, empresários do sertanejo cobriam oferta para boicotá-la
Por: Giovana Andrade
Repercutiu na internet nos últimos dias uma entrevista da ex-empresária da cantora Anitta, Kamilla Fialho, em que a profissional expõe o poder do sertanejo e a influência financeira do agronegócio nos bastidores da música brasileira. Na ocasião, a empresária musical revelou que, até o momento da entrevista, em julho de 2021, o cachê de cantores sertanejos era maior que o de artistas da música pop.
Para exemplificar, Kamilla afirmou: “o cachê do Dennis é maior que o da Anitta”, mesmo a cantora carioca tendo projeção internacional. O trecho faz parte da entrevista que ela concedeu ao canal Corredor 5, do jornalista Clemente Magalhães do YouTube, em 2021, e que veio à tona recentemente.
Ao falar sobre estratégias de carreira, ela lembrou que é possível pagar para uma música tocar nas rádios, o chamado “jabá”, mas que é difícil competir com o dinheiro do mercado sertanejo. “Tem muito dinheiro, meu amor. Ali é boi. Eu pago para tocar uma música na rádio e eles compram a rádio… Como fica a concorrência? ‘Queria pagar para tocar aí. Ainda existe essa metodologia?’ ‘Não, não, porque o sertanejo passou aqui na semana anterior, comprou a rádio e aqui não toca mais música pop”, contou.
Segundo Kamilla, ainda assim artistas como Anitta incomodam a indústria do sertanejo ao ponto de praticarem uma espécie de “jabá 2.0”, ou seja, pagarem para boicotar a funkeira. “Era assim: ‘quanto custa para tocar uma música?’ e ‘quanto custa para tirar uma música da Anitta?’. Porque o top 10 era todo sertanejo e tinha uma menininha ali no meio”.
Ainda no vídeo que viralizou neste final de semana, Kamilla e Clemente refletem sobre a influência do agronegócio na indústria musical. “Sertanejo já nasce rico, milionário, fazendo DVD de outro mundo. Eu falo: ‘Meu Deus, por que não estou no boi?'”, brincou a empresária.
“O fazendeiro rico já é rico há cinco gerações. A vida dele é um tédio. Ele tem muito dinheiro, tem uma Ferrari, mas só usa em São Paulo… Então quando ele fica sócio de um sertanejo, a vida dele passa a ter graça. Ele pega R$ 5 milhões, que é nada, bota em um sertanejo, passa a ir para o show, tem camarim”, refletiu o apresentador.
“Existe uma identificação enorme deles com os artistas… Por que essa galera não investe no funk?”, questionou Kamilla. “Não tem identificação”, completou Clemente. Confira vídeo: