Periferia na tela do ‘Favera’

Bruna Policena* 

Começa hoje (17) a quarta edição do Festival Audiovisual Vera Cruz (Favera), que será realizado de 17 a 19 de novembro, na Escola Municipal Laurindo Sobreira do Amaral, localizada no Conjunto Vera Cruz II (5ª etapa). A entrada é gratuita. 

O objetivo do Favera é democratizar o acesso à cultura audiovisual por meio da descentralização das iniciativas de exibição e produção de filmes, bem como contribuir com a formação de público e apoiar o cinema feito em Goiás e em regiões periféricas de todo o País. Um dos projetos é a Mostra Escolar que, já concluída, irá compor a programação apresentando produtos feitos por crianças (estudantes) de escolas públicas do Conjunto Vera Cruz.

A coordenadora do projeto, Rochelle Silva, conta que o festival foi consequência de uma produção de curtas independentes em colaboração e participação ativa da comunidade do Vera Cruz. E o Favera, então, foi uma forma de dar retorno para a própria comunidade. “Surgiu através da necessidade exibição dos curtas que foram realizados aqui. Porque o Rafael, que foi o idealizador do festival, começou a produzir alguns curtas-metragens com produção independente aqui no Vera Cruz. O começo da produção destes curtas foi de maneira bem independente, pegando as pessoas da comunidade, apoiando e atuando em várias frentes dentro da produção”.

Rochelle conta que a primeira edição foi feita de maneira independente, com apoio da comunidade. Já a segunda e a terceira edição começaram a trabalhar com a questão da formação. E a necessidade de ampliar e dar continuidade ao festival se fez mais presente, abrindo espaço para oficinas e espaços de produção. “A partir do momento que os curtas começaram a ser produzidos, surgiu essa vontade de exibir essas produções para as pessoas do bairro, para as que estavam contribuindo e que de certa forma eram responsáveis pelas obras”, explica Rochelle. 

Programação

Raphael Silva, coordenador do evento, explica que serão exibidos cerca de 40 curtas-metragens distribuídos em cinco diferentes mostras. A primeira é destinada a filmes goianos com diversas temáticas. A segunda contará com produções de todo o Brasil, mas que tenham alguma relação com a periferia do País. A terceira mostra é composta por filmes voltados ao público infantil. E, ainda, as mostras de curtas produzidos por alunos das escolas do Conjunto Vera Cruz e dos filmes gravados no setor. “O público irá se surpreender com as produções feitas pelos alunos e comunidade. É muito bom ver o envolvimento de todos no projeto e mostrar que a arte do audiovisual pode transformar vidas”, enfatiza o coordenador. 

Ele ainda destaca que na programação do festival serão oferecidas três oficinas de formação, todas gratuitas: oficinas de Crítica de Cinema, de Desenho Animado e de Vídeos de Humor. Amanhã (18), será realizado o segundo encontro dos fazedores de cultura do Conjunto Vera Cruz e região. O objetivo da atividade é reunir pessoas envolvidas com cultura e discutir possibilidades de agirem em conjunto em prol da região. Também fazem parte da programação o I Torneio de Streetball, o II Campeonato de skate e a III Batalha de Rimas.

Outra atividade foi realizada durante dez semanas com os alunos de seis escolas públicas do Conjunto Vera Cruz. Eles receberam o suporte de instrutores de audiovisual e foram instigados a realizarem filmes utilizando equipamentos eletrônicos e baseando-se nas histórias que os cercam. Esses filmes comporão a mostra escolar do Favera. “O mais importante não são os filmes finalizados, mas o ganho social que cada aluno obtém durante o processo de realização”, diz Raphael. A atividade é uma parceria do Favera com o CriaLab, projeto de extensão do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás.

As escolas participantes são: Colégio Estadual João José Coutinho, Colégio Estadual Senador Teotônio Vilela, Colégio Estadual Edmundo Rocha, Colégio Estadual Solon Amaral, Escola Municipal Laurindo Sobreira do Amaral e Escola Municipal Professora Antônia Maranhão do Amaral. O Favera é uma realização da É Nóis Ki Tá Produções, com patrocínio da MedComerce, por meio da Lei Goyazes, Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) e Governo de Goiás. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov