¡Que viva nuestra latinidad!

Em clima de promoção do pensamento e celebração, Goiânia sedia, nesta quinta-feira (30), seminário internacional sobre cultura latino-americana

Postado em: 30-11-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Em clima de promoção do pensamento e celebração, Goiânia sedia, nesta quinta-feira (30), seminário internacional sobre cultura latino-americana

Guilherme Araujo*

Um dia frio do ano de 1935 em San Miguel Tucumán, cidade ao
Noroeste da Argentina, marcou as boas-vindas ao mundo de uma criança inquieta
que logo se tornaria uma jovem de cabelos negros e voz imponente. Anos mais
tarde, a mundialmente conhecida Mercedes Sosa, um ícone da América Latina,ironicamente
perceberia que compartilhava sua data e local de nascimento com a independência
de seu país, assinada em 9 de junho de 1816 – e traria isso em um grito de
emancipação, tanto de vida, quanto em sua carreira.

Singela e objetiva, constituiu esquadros detalhados de um
lugar posto de escanteio, erguendo seu punho em defesa da região até seus
últimos dias de vida, em 2009, quando faleceu aos 74 anos. Movidos por esta
mesma filosofia e em busca de fomentar e compreender a fundo as frenéticas imbricações
culturais e sociais do continente que acontece a partir desta quinta-feira (30)
a abertura do Seminário Cultura e
Pensamento – América Latina
. Com o objetivo de debater a cultura e as
políticas que a cercam que se transpõem, o evento acontece com programação
intensa até o dia 02 de dezembro, no Palácio da Música Belkiss Spenzièri, no
interior do Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), em Goiânia. 

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Em busca de ressaltar uma abundancia de riquezas, a
iniciativa, dividida em 4 eixos – Cultura das Fronteiras, Cultura Digital,
Economia das Culturas e Políticas Públicas Culturais – é totalmente gratuita e
contará com uma programação que englobará mesas redondas ao longo de todo o
dia. À frente das discussões estão especialistas em cultura e políticas
culturais de 12 países da América Latina, como a brasileira Dani Ribas, do
Colegiado Setorial de Música CNPC-MinC/SP, e o argentino Fernando Macedo, da Cinemateca y Archivo de La Imagen Nacional
da Argentina.

O evento é realizado nesta edição com recursos do Ministério
da Cultura, em uma parceria entre a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Media
Lab/BR, rede de laboratórios de pesquisa, desenvolvimento e inovação em mídias
interativas, formado pela UFG, Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). O diretor do Media Lab e um dos
responsáveis pela organização do Seminário, professor Cleomar Rocha, explica
que a ideia original era fazer um evento regional, seguindo um padrão de
edições anteriores. No entanto,os planos foram além: “Nos propusemos desta vez
a fazer algo a nível internacional, abrangendotoda a América Latina. Era
preciso discutir com mais profundidade e alcance temas tão pertinentes”.

Para o professor, o emprego de políticas público-culturais
nestes países possibilita ações e evidenciam a necessidade de um alinhamento:
“É notório como pensar a América Latina como um todo, até mesmo artisticamente,
tendea democratizar a movimentação de músicos e obras entre tais localidades, incentivando
essa arquitetura cultural”.

Estão ainda na pauta discussões sobre culturas digitais e a
indústria criativa: “Esperamos buscar um maior alinhamento e articulação em
relação à cultura digital, seja em sua produção, formação, disseminação ou
consumo, bem como compreender como a cultura pode ser encarada sob uma
perspectiva geradora de emprego e renda”, ressalta.

Ainda de acordo com Cleomar, é preciso cada vez mais lutar
pela valorização da cultura latina: “Principalmente no Brasil, notamos que
os olhos são muito mais voltados para a Europa e os Estados Unidos do que para
o lugar de onde viemos, que tem potenciais enormes, não restritos apenas pela
proximidade cultural entre as línguas portuguesa e espanhola, mas também e
principalmente pela formação de cultura”.

Atrações

Neste encontro sanguíneo, o Seminário Cultura e Pensamento – América Latina promete ainda uma
programação artística plural. A ideia ao selecionar
os artistas que sobem ao palco nos 3 dias de evento foi refletir a pluralidade
com que se apresenta a cultura no continente: “Essa é a nossa perspectiva.
Quando selecionamos as atrações, buscamos ter um astro de brasilidade, mas que
efetivamente também trouxesse essa vibração. As atrações refletem exatamente um
momento contemporâneo que indica essa diversidade e esse acento às nossas
origens”, relata o professor.

Sob a proposta de agradar a todos os gostos, o público poderá se
deleitar com um espectro verdadeiramente latino com estilos diversificados. Na
noite de abertura quem dita as regras – ou a falta delas – é a banda goiana Carne Doce. O quinteto, anfitrião da
casa, apresenta o show Princesa, embasado no repertório do disco de mesmo ano,
um dos mais aclamados pela crítica nacional.

Donos de um rock muito característico e que desponta como um dos
principais expoentes do indie nacional, o grupo, que é um dos mais novos
selecionados para o Projeto Natura Musical 2018, não tem ares de quem pretende
fazer bonito só para os conterrâneos. Cada vez mais atrevida, no melhor sentido
da expressão, a banda dividiu uma tarde de sol no palco da última edição do
Popload Festival, em São Paulo, ao lado de nomes como a deusa do rock britânico
PJ Harvey e o grupo francês Phoenix.

Na mesma noite a catarse total da banda francisco, el hombre desembarca em Goiânia, 3 meses após sua última
apresentação na capital, no caloroso Cafofo Estúdio. Recém indicados na
categoria Melhor Canção em Língua Portuguesa ao Grammy Latino, pela faixa Triste, Louca ou Má – uma parceria com
artistas femininas como a própria Salma Jô – o grupo de rock formado pelos
irmãos mexicanos radicados no Brasil Sebástian e Mateo Piracés-Ugarte e os
brasileiros Juliana Strassacapa, Andrei Martinez Kozyreff e Rafael Gomes
promete um show ainda mais enérgico e que reúne uma explosão de cores, vocais
poderosos e uma fusão das mais latentes formas de latinidade, em comemoração ao
lançamento de 1 ano do disco Soltasbruxa.

E por falar em raízes, é enobrecendo a cultura afro-brasileira
desde o nome que o trio Metá Metá sobe ao palco na última noite de festa. Com referências
ao idioma africano yoruba, completamente estampadas em sua performance, a banda
que traz como membros Kiko Dinucci, na guitarra;
Juçara Marçal, nos vocais; e Thiago França no saxofone,
apresenta novas
abordagens sonoras da música brasileira fugindo de clichês e ressaltando a
aproximação de culturas. Estão ainda no line-up nomes como Heróis de Botequim,
Lucas Lane e Bipolares e Canapé Jazz, junto à meticulosa escolha de faixas do
DJ Avá Canoeiro, que promete esquentar os presentes na pista de dança.

SERVIÇO

Seminário Cultura e Pensamento – América Latina

Quando: de 30 de novembro a 2 de dezembro

Onde: Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON)

LINE-UP

30/11/2017

17h30 – Palco Happy Hour: Lucas Lanne e os Bipolares

19h00 – Palco Principal: Carne Doce (com Juliana Strassacapa)

20h30 – Palco Principal: Francisco, elhombre (com Salma Jô)

1º/12/2017

18h00h – Palco Principal: Espetáculo de dança contemporânea e break dance: Concreto

19h00h Palco Happy Hour: Canapé Jazz

2/12/2017

18h00 – Palco Happy Hour: Roda de Samba com Heróis de Botequim

20h00 – Palco Principal: MetáMetá

21h30 – Palco Principal: Discotecagem DJ Avá Canoeiro

*Guilherme Araujo é participante do programa de estágio do jornal O HOJE 

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