As areias refletem o brilho de Marrakesh

Casinhas azuis, mesquitas e cenários de cinema compõem paisagem marroquina

Postado em: 15-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Casinhas azuis, mesquitas e cenários de cinema compõem paisagem marroquina

GUSTAVO MOTTA*

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Paisagens incríveis, cores vibrantes e sensações exóticas são alguns dos motivos que tornam Marrocos um dos destinos africanos mais buscados por turistas. O país fica na costa oeste da África, sendo banhado pelo Oceano Atlântico e também pelo Mar Mediterrâneo – essa proximidade com as águas mediterrâneas colocou a região no centro do mundo antigo, sendo ocupada por romanos, árabes, turcos-otomanos e franceses, entre outros povos.

A fusão de culturas originou um local de costumes variados, arquitetura e artes diversificadas. O país é de maioria islâmica e conserva muito das construções de origem árabe, mas também é composto por ocupações isoladas, cidades com estilo europeu, e conta com uma diversidade de estúdios cinematográficos, constantemente utilizados para a realização de superproduções do calibre de Gladiador e Lawrence da Arábia.

Cinema

Ouarzazate é uma espécie de Hollywood no meio do deserto – na região estão localizados vários estúdios de cinema que constantemente são empregados em filmagens da Hollywood que fica à outra margem do Atlântico. Quem for visitar os Estúdios Atlas vai ter que comprar bilhetes para hospedar no Oscar Hotel, porque a localidade fica literalmente no meio de areias, com um pequeno oásis e um vilarejo. Dali saíram cenas vistas no mundo todo em produções como Príncipe da Pérsia e Gladiador. O deserto cheio de dunas e formações rochosas serviu de fundo para a saga épica de Lawrence da Arábia ainda em 1962.

O local também foi usado para ambientar a terra de Essos na série Game of Thrones. Logo na entrada o turista se depara com um avião que foi pilotado por Michael Douglas em A Jóia do Nilo. Outra atração é o barco de Astérix e Obelix, que contou com mais de 2.500 figurantes – em sua maioria, marroquinos. Construções egípcias que aparecem no clássico Cleópatra (com Elizabeth Taylor), uma Jerusalém fictícia que serviu para Mel Gibson filmar o seu A Paixão de Cristo, e fortalezas medievais que foram pano de fundo para Orlando Bloom atuar em Cruzadas são outras atrações do local.

O país é o maior produtor de filmes na região conhecida como Magreb, que compõe o noroeste africano, e o segundo maior do país, após a África do Sul. A relação do país com a sétima arte também é muito estreita devido ao filme Casablanca, um clássico do cinema cuja história se passa na cidade marroquina de mesmo nome – apesar disso, a trama foi toda filmada nos Estados Unidos. O sucesso do romance estrelado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman colocou o nome da localidade entre os destaques locais para turistas. Apesar disso, a real Casablanca não é tão romântica quanto a cidade criada para Hollywood, mas encanta pela beleza do mar azul turquesa e arquitetura que mescla formas árabes e europeias.

Casablanca

Centro financeiro e industrial do país, a cidade está localizada na costa Atlântica, a 439 Km de Ouarzazate e 93 Km da capital Rabat. A localidade tem grande influência europeia na sua arquitetura, com muitos edifícios brancos e de estilo art-déco na sua região central. A metrópole foi inspirada na cidade francesa de Marselha, mas a sua principal atração é a mesquita de Hassan II – a segunda maior do mundo. O mirante da construção tem 210 metros de altura e é considerado o mais alto do planeta.O templo foi construído entre 1986 e1993, com capacidade para receber até 25 mil pessoas.

A Scala é um reduto fortificado, erguido no século XVIII pelo sultão Mohamed Bem Abdallah. O local funciona hoje como um belo restaurante com jardim que dá vista para o mar. O espaço preserva antigos canhões, ainda virados para as águas. Para quem se interessa em história, a Medina de Casablanca é um local obrigatório, com uma mistura de arquitetura árabe-muçulmana e colonial francesa. O visitante que passar pela parte mais antiga de Casablanca vai encontrar um comércio variado de peças para guardar de lembrança. Em 1755 a cidade foi atingida por um terremoto que teve seu centro em Lisboa (Portugal), que destruiu grande parte da cidade velha, hoje reconstruída.

Um dos lugares mais visitados na cidade é o icônico Rick’s Café, local onde se ambienta grande parte do filme que carrega o nome da cidade. O ambiente é um típico espaço marroquino charmoso e requintado, onde o visitante pode apreciar boa música ao vivo. Para quem prefere locais abertos, a via marginal, junto ao oceano, é repleta de belos bares e restaurantes. O grande areal da praia é convidativo para banhos de sol e mar – de um belo azul turquesa.

Cidade azul

Um dos lugares mais fascinantes que o turista vai encontrar no país africano é a cidade de Chefchaoen, mundialmente conhecida por seus edifícios e ruas pintadas de azul. O hábito de tecer os espaços públicos com a cor do mar começou na década de 1930 com os imigrantes judeus que viviam exilados. Como parte de uma tradição, eles pintavam as casas para lembrar que Deus estava acima de tudo – daí a escolha do azul, que além do mar, tece também os céus.

Atualmente os judeus não representam uma maioria local, mas o costume foi mantido. Frequentemente é comum as famílias repintarem as moradias de azul. Andar pela cidade é uma experiência de tranquilidade, e causa a impressão de que o turista está caminhando no céu. A cidade já existia muito antes da chegada de judeus, tendo sido fundada em 1471 pelo povo berbere. A localidade começou a ser povoada para tentar impedir o avanço colonial português na região. 

Marrakesh

A cidade é amplamente conhecida como ‘cidade vermelha’ devido à cor de muitos dos seus prédios, e transmite a sensação de exotismo aos visitantes. Marrakesh foi fundada em 1062 e a praça Djemaael Fna é considerada o centro de todo o movimento local. Pelo dia, o ambiente fica carregado de barracas com vendedores de insumos e frutas; já pela noite os contadores de histórias e encantadores de serpentes assumem o cenário – dividido com o charme de pequenos restaurantes. A região foi incluída pela Unesco no Patrimônio Mundial da Humanidade.

A mesquita Koutoubia é o maior cartão postal da cidade – representando o poder das antigas dinastias mouras, foi concluída em 1158. O edifício se destaca pelo alto minarete e pela cor vermelha, devido à composição da pedra de arenito presente na construção. Em árabe, seu nome significa “mesquita dos livreiros”, devido às diversas barracas de livros que a rodeavam nos primeiros séculos de existência. Apesar da exuberância arquitetônica, o acesso é limitado aos muçulmanos, sendo que estrangeiros geralmente precisam rodear a edificação para admirar sua beleza.

Outros prédios que chamam a atenção são os Túmulos Saadianos, erguidos no tempo do sultão Ahmad al-Mansur Saadi (1578-1603), mas que foram descobertos apenas em 1917. No coração da Medina de Marrakesh, a cidade-velha, o visitante vai se encantar com o belo chafariz chrob ou chouf, erguido no século XVII. Próximo à fonte se localiza a mesquita Ben Youssef, que abriga uma escola com alguns dos mais belos exemplos e arte e arquitetura local.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov 

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