“Queremos usar o trampolim para mergulhar no campo das artes visuais”

Projeto para jovens artistas oferece formação gratuita e oportunidade de fazer exposição no MAC

Postado em: 19-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Projeto para jovens artistas oferece formação gratuita e oportunidade de fazer exposição no MAC

GABRIELLA STARNECK*

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O projeto Trampolim: Mergulho para Jovens Artistas seleciona dez artistas visuais para formação gratuita, para isso está com inscrições abertas – de hoje (19) até 30 de março. Os interessados em participar do projeto seletivo devem enviar e-mail para  [email protected], contendo os seguintes documentos: ficha de inscrição preenchida em PDF, cópia dos documentos pessoais (RG, CPF e comprovante de endereço), proposta (em PDF com até duas laudas) para o desenvolvimento de obra/projeto, texto a respeito do processo de trabalho artístico e pesquisa poética em PDF (opcional), portfólio com currículo em PDF.

O projeto, contemplado pelo Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás 2016, tem como proposta estimular os processos artísticos em sua trajetória. Segundo o coordenador de Ação Educativa do MAC-GO e também idealizador do projeto, Gilson de Sousa Andrade, “o Trampolim objetiva alavancar a carreira de jovens artistas, criando outras redes de trabalho colaborativo entre eles, além de possibilitar uma visibilidade maior de seus trabalhos. Como costumamos falar: queremos usar o trampolim para mergulhar no campo das artes visuais”.  A iniciativa também conta com o apoio institucional da Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte (Seduce) e do Governo de Goiás. A realização é do Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC) e do Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). 

Projeto ‘Trampolim’

A iniciativa tem o intuito de preencher uma lacuna existente em Goiás, de formação artística alternativa à acadêmica, como acompanhamento curatorial e residências, fundamentais para as carreiras artísticas. “Há muitos jovens artistas produzindo, mas há uma desconexão. Os artistas não se conhecem, muitas vezes. Essa estrutura colaborativa pode criar novas dimensões de trabalho e de projetos paralelos a esse”, comenta Gilson.

O principal objetivo deste projeto, além de estimular a inserção no circuito artístico, é que eles encontrem seu caminho poético e identidade artística, além de criar uma estrutura de trabalho em rede. Para participar da iniciativa, os interessados devem ter produção artística comprovada em portfólio, ser residente em Goiás há no mínimo dois anos, ser maior de 18 anos, e não possuir uma exposição individual em seu currículo. Ao todo, serão selecionados dez artistas que, além de terem direito a formação gratuita, receberão curadoria individual e farão exposição no MAC. 

Os dez artistas selecionados pelo projeto Trampolim participaram de três etapas durante o processo de formação – entre os meses de abril e agosto. A divulgação do resultado será feita no dia 4 de abril. A primeira etapa, Ateliê, ocorrerá entre 20 e 25 de abril. A segunda, Diálogos, entre 21 e 23 de maio. A terceira parte do projeto irá ocorrer de junho até agosto. Cada artista selecionado terá uma ajuda de custo no valor de R$ 500, referentes ao período dos encontros, bem como aos custos de produção do trabalho que irá compor a exposição.

Segundo o curador do MAC, Gilmar Camilo, a seleção dos jovens artistas será feita por uma comissão formada por funcionários do museu, por professores da Universidade Federal de Goiás (UFG), além do curador convidado, Raphael Fonseca. Em relação ao critério adotado na seleção, Gilmar destaca como primordial criatividade, originalidade e capacidade de objetivar os meios empregados. “Estamos em busca de trabalhos que estejam contando um pouco da história desse tempo em que vivemos. As seleções são feitas com análises profundas e ampla discussão entre a bancada”, explica o curador. 

A etapa Ateliê é mais individualizada, já que consiste em visitas técnicas ao local de produção do artista feitas pela equipe do projeto, pelo curador convidado, Raphael Fonseca, e pelo curador do MAC, Gilmar Camilo. Fonseca, como responsável pela linha conceitual da exposição, vai acompanhar cada participante para o projeto que ele vai desenvolver ao longo do programa: uma obra inédita a ser exibida na última etapa.

A segunda parte, chamada de Mergulho, consiste em uma espécie de seminário a ser realizado no Centro Cultural Oscar Niemeyer ao longo de três dias. Esta etapa tem o objetivo de nortear os caminhos curatoriais dos trabalhos e construir a rede colaborativa entre os artistas. Este é o primeiro encontro dos artistas e, portanto, o principal momento de promover a troca de experiência entre eles. Por fim, entre junho e agosto, eles participarão da montagem da exposição e terão, por fim, seu trabalho exposto e divulgado em catálogo digital no Museu de Arte Contemporânea.

Importância e dificuldades

Gilson destaca que é importante que haja artistas desenvolvidos tecnicamente e com maturidade profissional para ocupar os equipamentos públicos de Goiás já que, hoje, não apenas em Goiânia, mas em cidades como Jataí e Anápolis, existem muitos espaços culturais a serem ocupados. “Nosso Estado é potente, mas há uma lacuna do ponto de vista de formação e profissionalização. Pensar a carreira do artista é fundamental para impulsionar a ocupação desses espaços disponíveis”, comenta um dos criadores do projeto.

Gilmar também fala das lacunas que existem no Estado para jovens artistas: “Eu acho que deve haver maiores espaços de discussão para esses artistas, além de mais espaços culturais, que funcionem, voltados para essa área. Dezenas de locais estão sendo subestimados e mal utilizados. É necessário que haja espaços adequados para abrigar a produção desses jovens artistas”.

O curador ainda comenta sobre as dificuldades em realizar a curadoria do evento: “Os desafios se dão principalmente por questões burocráticas e também em fazer com que esse projeto chegue a jovens artistas. Há dificuldades no campo da educação, principalmente no campo da arte e da cultura”, aponta Gilmar. O curador ainda destaca a importância da consolidação de projetos como esse – que façam emergir a criatividade dessa nova geração de artistas – independente da idade. 

A diretora do Museu de Arte Contemporânea de Goiás, Márcia Pires, completa a relevância do Trampolim para classe artística goiana: “Com ele, o Museu cumpre sua vocação natural de promover a difusão e a produção destas novas gerações que estão emergindo na cena artística, reforçando e criando perspectivas profissionais”.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Inscrições para o programa ‘Trampolim – Mergulho com Jovens Artistas’

Data: de 19 de fevereiro a 30 de março de 2018

Inscrições: [email protected] 

Divulgação dos selecionados: 4 de abril de 2018

Mais informações: (62) 3201-4923 

Entrevista : Gilson Andrade 

Como surgiu o projeto ‘Trampolim’?

O programa foi pensado inicialmente para criarmos um canal de acesso entre a produção de jovens artistas e o Museu de Arte Contemporânea, porém esse objetivo se tornou muito maior. Em nossas investigações, percebemos que o espaço do MAC deveria servir também para acompanhar a formação destes artistas em início de carreira, então pensamos em um programa que pudesse instrumentalizar os artistas do nosso Estado!

Quem teve a ideia de fazer o projeto e por quê?

O Núcleo de Ação Educativa do MAC tem desenvolvido diversas ações para atender um público diverso no Museu, e em nossos diálogos com artistas da cidade percebemos que a formação de artistas em início de carreira era uma demanda latente, assim começamos um diálogo entre o educativo a curadoria e produtores para constituir e o programa Trampolim: Mergulho para Jovens Artistas.

Qual a importância de iniciativas como essa voltada para jovens artistas visuais?

Diferente de outros grandes centros, Goiás ainda conta com poucas iniciativas deste formato, que se preocupam mais com a formação do que propriamente com a exposição final. Precisamos fortalecer a investigação poética e a pesquisa visual destes artistas. 

Quais são as principais dificuldades em realizar o projeto?

Conseguir desenvolver um programa tão ousado em relação as todas as suas etapas de execução com um recurso financeiro ainda pequeno, mas estamos trabalhando para superar esta questão; outro problemática talvez seja conseguir atender a expectativa de tantos artistas, visto que o programa seleciona apenas dez artistas.

Os dez artistas selecionados terão direito a quê?

Os artistas serão acompanhados pelo curador convidado, Raphael Fonseca, e o curador residente, Gilmar Camilo, durante todas as etapas do programa; participarão de uma exposição coletiva no Museu de Arte Contemporânea, e receberão uma ajuda de custo no valor de 500 reais.  

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