‘O som da história: do gramofone à internet’

Nelson Motta abre a temporada 2018 do projeto ‘Café de Ideias’, do CCON, com palestra gratuita

Postado em: 09-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Nelson Motta abre a temporada 2018 do projeto ‘Café de Ideias’, do CCON, com palestra gratuita

GABRIELLA STARNECK*

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O jornalista Nelson Motta abre a temporada 2018 do Café de Ideias, nesta sexta-feira (9), com uma palestra gratuita no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). Com uma carreira de sucesso, Nelson aborda a temática O Som da História: do Gramofone à Internet em uma noite de muito aprendizado. Segundo o jornalista, sua palestra não é voltada para um público específico: “Eu tento sempre fazer algo mais amplo, pois sei que estará presente um público de várias gerações – diferente de quando vou a uma universidade. Tento fazer um debate para que todos possam aproveitar”. 

Além de Nelson Motta, outros  três nomes já estão confirmados para o primeiro semestre de 2018: Zuenir Ventura, jornalista, no dia 6 de abril; Monja Coen, missionária zen budista, no dia 27 de abril; e Maria Rita Kehl, psicanalista, no dia 25 de maio. “Nelson Motta dispensa apresentações, e Zuenir Ventura é importante, porque resgata o cinquentenário de episódios que deixaram marcas profundas no Brasil. Já a Monja Coen e Maria Rita foram dois nomes muito pedidos pelo público. O goianiense abraçou o Café de Ideias e merece ser atendido”, afirma o chefe do Gabinete Gestor do CCON, Lisandro Nogueira.

‘Café de Ideias’

O Café de Ideias do Centro Cultural Oscar Niemeyer foi criado em 2012, por Lisandro Nogueira e pelo professor Nars Chaul, com o objetivo de debater temas contemporâneos. “Achávamos que faltava em Goiânia um fórum de debate sobre essas questões”, afirma Lisandro. O idealizador ainda destaca que o projeto tem sido sucesso absoluto desde sua criação, discutindo assuntos relevantes para o público. “Além de ser um fórum de discussão com nomes importantes, o Café de Ideias contribui para que as pessoas saibam discernir questões cotidianas para desenvolver um olhar mais crítico”, destaca Lisandro. 

Em 2017, o projeto recebeu a psicanalista Regina Navarro e o filósofo Luiz Felipe Pondé em duas palestras que reuniram mais de 1,3 mil pessoas. “A adesão tem sido crescente, desde o início, tanto que precisamos enfatizar que quem tem o interesse de participar precisa chegar mais cedo, pois o auditório tem capacidade limitada, sujeito a lotação”, afirma Lisandro.  Todas as palestras são gratuitas, não requerem inscrição prévia e dão direito a certificado de participação para estudantes e outros interessados.

Já passaram pelo palco do Café: Ruy Castro, Christian Dunker, Marcia Tiburi, Claudia Riolfi, Roberto DaMatta, Jorge Forbes, Mary Del Priore, Eliane Brum, Vladimir Safatle, Flávio Gikovate, Renato Janine Ribeiro, Marco Antônio Villa, Cacá Diegues, Ismail Xavier, Luiz Carlos Bresser Pereira, Demétrio Magnoli, Viviane Mosé, Leandro Karnal, Oswaldo Giacoia Jr., Marilena Chaui, José Arthur Giannotti, José Miguel Wisnik, Miriam Goldenberg e Lair da Silva Loureiro Filho.

Nelson Motta

Nelson Cândido Motta Filho nasceu no dia 29 de outubro de 1944 em São Paulo, contudo foi morar com os pais no Rio de Janeiro ainda na infância, com apenas 6 anos de idade. O jornalista – que também é produtor musical, compositor, letrista, escritor, roteirista, apresentador, colunista e palestrante – também já morou por quase dez anos em Nova York, durante os anos 90, e em Roma, de 83 a 87. 

Com uma carreira versátil, Nelson começou a atuar como jornalista: “Eu era estudante de Design, e fui fazer estágio no Jornal do Brasil. Três meses depois, fui contratado e fiquei lá”. Contudo Nelson conta que, em princípio, a música era sua verdadeira paixão: “Era um caso de paixão não correspondida (risos); eu não tinha talento na área, embora tenha feito aulas de violão”. Profissionalmente, a relação de Nelson com a música surgiu por causa de seus amigos: Eu comecei a compor com meu amigo Dori Caymm, e foi aí que começou a minha carreira de letrista”. 

Nelson trabalhou como diretor-artístico da gravadora Warner Music, produtor da Polygram e produziu discos e dirigiu shows de gente como Elis Regina, Marisa Monte, Sandra de Sá, Elba Ramalho, Djavan e Daniela Mercury. Também já concebeu, dirigiu e apresentou espetáculos e projetos especiais para diversas empresas e grandes centros culturais, além de ter sido curador do Festival Sonoridades, no Oi Futuro , nas suas cinco edições.

O jornalista também escreveu os best-sellers Noites Tropicais e Vale Tudo, o Som e Furia de Tim Maia que, juntos, venderam mais de 300 mil cópias. Em outubro de 2011, lançou A Primavera do Dragão  (Ed. Objetiva), biografia de Glauber Rocha, que narra sua vida até os 24 anos. Seus romances Ao Som do Mar E À Luz do Céu Profundo, O Canto da Sereia e Bandidos e Mocinhas, além do livro de contos Força Estranha, que mistura ficção e realidade, permaneceram na lista dos livros mais vendidos por semanas. 

Outro destaque na carreira de Nelson é a peça Tim Maia, Vale Tudo – O Musical, baseado na biografia do autor sobre a vida de Tim Maia, se tornou o maior  fenomeno de bilheteria teatral, em 2011, e segue carreira de sucesso. 

Nelson é também presença constante na TV. Atualmente, apresenta  uma coluna eletrônica semanal, às sextas feiras,  no Jornal da Globo , sobre cultura e comportamento.

É autor de cerca de 300 músicas, e, dentre seus parceiros, estão Lulu Santos, Rita Lee, Ed Motta, Guilherme Arantes, Dori Caymmi, Marcos Valle, Guinga, Max de Castro, Erasmo Carlos, João Donato e a banda Jota Quest. Algumas de suas composições se tornaram clássicos da MPB: Como Uma Onda, Perigosa, Dancing Days, Coisas do Brasil e a famosa canção de fim de ano da TV Globo Um Novo Tempo. E já fez palestras nas Universidade de Harvard (2000), Oxford (Inglaterra, 2005), Roma (2002), Madri (2004) e em quase todas as capitais brasileiras. Desde 2009, Nelson escreve colunas semanais nos jornais O Globo e O Estado de São Paulo. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora 

Flávia Popov

SERVIÇO

‘Café de Ideias’ com Nelson Motta 

Quando: sexta-feira (9)

Onde: Centro Cultural Oscar Niemeyer-CCON (Avenida Deputado Jamel Cecílio, nº 4.490, Quadra Gleba, Lote 1,  Setor Fazenda Gameleira – Goiânia)

Horário: 19h30

Entrada gratuita 

Entrevista : Nelson Motta 

Como consegue conciliar tantas áreas de atuação (você é compositor, escritor, jornalista, palestrante, letrista e produtor musical)?

Se eu não conciliar, eu fico louco de tédio. Quando faço uma coisa só, eu fico entediado, eu enjoo rápido, então vou alternando as áreas de atuação. Quando eu estou cansando de um passo, para outra; dessa forma estou sempre animado com as próximas atividades. 

Por qual dessas áreas você diria ser mais apaixonado?

Atualmente, a coisa que eu mais gosto é de escrever, porque faço isso sozinho. Não preciso de ninguém, nem de câmera, público, microfone, Lei Rouanet – é só ir para o computador e escrever. É uma sensação de liberdade incrível! Hoje em dia, gosto mais de ler livro do que ouvir música, dedico meu tempo mais a isso. 

Qual foi o momento mais marcante ao longo da sua trajetória?

Felizmente tive muitos, um em cada idade. O primeiro foi ganhar o Festival da Canção de 1966, com 22 anos, com a música Saveiros. Outro momento marcante foi o sucesso das trilhas sonoras de novelas, porque na época eram usados discos americanos. As primeiras trilhas escritas para as novelas foram muito relevantes. O livro Noites Tropicais foi muito importante também, foi meu primeiro sucesso literário – com mais de 10 mil livros vendidos. Depois, quando gravaram a minissérie do romance O Canto da Sereia, que foi um sucesso enorme. Recentemente, recebi da Academia Latina de Gravação na 17 ª edição do Grammy Latino o Prêmio Especial da Junta Diretiva pela contribuição no campo das gravações fonográficas – só dois brasileiros ganharam isso. A (premiação) foi o conjunto da das minhas atuações: músicas, produções, livros e atividades na televisão. 

Em sua opinião, qual foi o fator determinante para ter uma carreira profissional bem-sucedida?

Há coisas que todo mundo tem que ter: esforço determinação e sorte. Algumas coisas que dependem totalmente de você, e outras que não. Eu fui ajudado, não se faz nada sozinho; eu tive grandes mestres como Nelson Rodrigues, Glauber e João Gilberto. Além disso, eu sou muito esforçado mesmo: se me meto pra fazer algo, vou até o fim – e com muito amor. Atualmente, estou fazendo o roteiro do filme do Roberto Carlos e a biografia da Rita Lee. 

Que mensagem você deixaria para os jovens que estão iniciando carreira?

Paciência, determinação e entrega: essas são as três coisas que destaco. Uma crônica de jornal que as pessoas leem não é nada, é uma pequena faixa de texto, e me consome dias. Eu escrevo e reescrevo várias vezes; a questão é não ser dar por satisfeito. 

Agora vamos falar sobre o evento em Goiânia: qual a importância da temática da sua palestra?

Não vou abordar só a música na área digital; vou falar da importância dela no Brasil. É uma palestra nova, só fiz uma vez, acho que em São Paulo. Não é a palestra Música Na Era Digital, agora é O Som da História: do Gramofone à Internet. Amo fazer palestras, porque eu encontro pessoas que acompanham meu trabalho. É diferente de um show, de um livro; você está cara a cara com o público. Gosto muito de responder a perguntas. 

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