Cultura popular é temática central nas obras de Helena Vasconcelo

GABRIELLA STARNECK*

A exposição Minha História, da artista plástica Helena Vasconcelos, será exibida, nesta terça-feira (20), no Teatro Sesi. Festas populares, religiosas e folclóricas, hábitos e costumes do povo brasileiro – principalmente do goiano – são as temáticas mais abordadas nas pinturas da artista. Dentre as obras que serão expostas, algumas já foram apresentadas ao público e outras são inéditas.

“É a primeira vez que estou realizando essa exposição. Vou levar algumas obras do acervo, mas que ainda não foram expostas – são pinturas particulares que eu guardei, como a Araguaia e o Festival de Balões”, afirma Helena Vasconcelos. Minha História retrata, de certa forma, a trajetória da artista. Helena conta que, como recebeu sua primeira premiação no Sesi, resolveu contar a história da sua criação nessa exposição, que será realizada no local. 

Helena Vasconcelos

A mineira de Uberaba, que mora em Goiânia há mais de 40 anos, conta que sua paixão pelas artes plásticas começou ainda na infância. “Desde criança, minha mãe pintava pano de prato e toalhas de mesa. Ela gostava muito disso e, como eu era curiosa, quis aprender. Mas, na verdade, nunca dei continuidade, porque na minha cidade não tinha curso de Artes Visuais. Eu fui aprendendo gradativamente – eu pintava tapetes e lãs”, afirma Helena.

A artista ainda retrata que seu marido foi quem a incentivou a pintar telas, e, a partir daí, ela começou a fazer oficinas voltadas para essa área. Helena até relata que tentou trabalhar com cerâmica, além de pinturas, mas a ideia não foi para frente: “Eu moro em apartamento, precisaria de um ateliê para mexer com esculturas, porque o material é diferente. Eu até pinto cerâmica e madeira, mas em menor escala”. 

Embora Helena pinte telas desde 1998, profissionalmente ela passou a se dedicar à área, em 2004, quando ganhou seu primeiro prêmio, o Sesi Arte Criatividade. “Foi aí que fiquei entusiasmada”, relembra. A partir de então, sua carreira deslanchou, inclusive em 2008 ela recebeu novamente a premiação do Sesi. Artista atuante e pesquisadora, Helena já realizou exposições individuais e coletivas, participou de salões e bienais em diversas cidades. 

Obras

Atenta aos detalhes e a história, até pela sua formação como historiadora, Helena Vasconcelos extrai a essência e o máximo de beleza dos folguedos, das festas populares, religiosas e folclóricas, dos hábitos e costumes da sua gente. “Pelo fato de ter estudado festas populares na formação histórica do Brasil, eu procurei conhecer mais essa realidade. Quando cheguei a Goiânia, percebi que poderia desenvolver meu projeto, porque o ambiente aqui é propício, as festas fazem parte do cotidiano do povo goiano”, afirma a artista plástica.   

Com pinceladas carregadas de cores, Helena capta a alegria e a beleza das Folias de Reis, Congadas, Festas do Divino, Cavalhadas, procissões. Expressão máxima de seu trabalho, a fragmentação visual, que lembra uma colcha de retalhos, se recompõe como um mosaico. Os críticos classificam as obras da artista no estilo naif ou primitivista, já que suas pinturas são puras e livres. “Atualmente, eu desenvolvi um processo de criação, porque eu queria fazer algo diferente. Eu quadriculo minhas telas para ficarem com a minha marca, as pessoas reconhecem minhas obras porque ela é quadriculada”, destaca Helena. 

A artista conta que sua inspiração pelas artes plásticas surgiu por meio de suas vivências e pelas lembranças da sua infância que ela encontrou em Goiás – além do seu interesse por festas que expressam a cultura popular. “Eu adoro Folia de Reis; esses eventos históricos me atraem e inspiram”, afirma Helena. Mas, apesar de já ter conhecimento a respeito de algumas festividades, a artista conta que viajou muito para o interior para acompanhar os eventos e romper as barreiras expressas em seu trabalho.

“Não foi fácil, eu viajei muito para essas cidades históricas (Pirenópolis, Trindade, Goiás e Corumbá) para acompanhar as festas, aí o meu interesse só aumentou. Meu marido também gosta muito de arte, foi ele quem me deu o verdadeiro ‘empurrão’”, afirma Helena. A artista ainda completa que, por enquanto, pretende continuar abordando temáticas voltadas para a cultura popular: “Já tentei fazer outras coisas, como natureza morta e paisagens, mas não é meu forte. Eu gosto de contar nas telas uma história verdadeira, como as festas”. 

Importância

As obras de Helena Vasconcelos contribuem para preservação e valorização da cultura popular, já que a artista capta e transmite para as telas momentos de festividades como Folias de Reis, Congadas, Festas do Divino, Cavalhadas e procissões. “Hoje, eu realizo trabalho voluntário no Hospital Alberto Rassi (HGG) e nas escolas. As crianças já conhecem minhas obras, com isso fazem releituras do meu trabalho e estudam as temáticas abordadas nas telas. Eu acho que é muito importante transmitir isso na forma de arte, com isso estamos fixando e valorizando a arte popular”, afirma a artista

Helena ainda destaca que, atualmente, estão sendo feitos muitos eventos voltados para as artes naïf – arte da espontaneidade, da criatividade autêntica, do fazer artístico sem formação, portanto é instintivo, o artista expressa seu universo particular. Neste ano, Helena já tem algumas programações agendadas para participar– como uma exposição na Paraíba e outra no Salão de Artes do Sesc Brasília. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Exposição ‘Minha História’, de Helena Vasconcelos

Quando: terça -feira (20)

Horário: 19h

Local: Teatro Sesi (Av. João leite, nº 1.013, Setor Santa Genoveva – Goiânia)

Entrada: Doação de 2 kg de alimentos ou um livro literário