Luz brilhante de eletrônicos X produção de melatonina nas criança

Efeito continua por pelo menos 50 minutos depois que a criança é afastada dos eletrônicos

Postado em: 03-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Efeito continua por pelo menos 50 minutos depois que a criança é afastada dos eletrônicos

O sono das crianças – ou a falta dele – é um assunto que tira a paz dos responsáveis pelos pequenos. Crianças que não dormem, dormem mal, dormem pouco ou que não querem dormir são queixas rotineiras nos consultórios de pediatras e neuropediatras. Mas o que os pais não podem ignorar é o malefício para o sono causado pela exposição à luz emitida por tablets, celulares, computadores e televisão.

Para reforçar o lado negro da luz emitida pelos eletrônicos, a Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, realizou uma pesquisa que foi divulgada, recentemente, na revista Physiological Reports, sobre o impacto da luz brilhante na produção da melatonina, o hormônio que avisa ao corpo que é hora de dormir.

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E o resultado foi assustador: uma hora de exposição a qualquer tela que emita a luz brilhante reduz em 88% os níveis da melatonina, e o efeito pode durar até 50 minutos após a retirada do eletrônico.

Para a neuropediatra Karina Weinmann, cofundadora da NeuroKinder, esse estudo é muito importante para alertar os pais de que o desenvolvimento infantil está em risco devido à superexposição dos pequenos aos eletrônicos em idades cada vez mais precoces.

“O sono com qualidade é fundamental para o crescimento, amadurecimento do cérebro e, consequentemente, para o desenvolvimento infantil. Quando a criança não dorme, ela pode apresentar alterações de comportamento, déficits de aprendizagem, alteração nos níveis de ansiedade e estresse, sem contar os efeitos no organismo, como um todo”, comenta a médica.

Esse foi o primeiro estudo que avaliou o impacto fisiológico dos eletrônicos em crianças pequenas, e serve de alerta em um momento em que tablets e celulares viraram rotina na noite das crianças. 

Luz e melatonina

Karina explica que a luz serve para avisar o corpo que é hora de acordar e, a falta dela, hora de dormir. “Quando anoitece, a falta de luz faz com que a melatonina seja produzida, e é este hormônio que ajuda na indução e aprofundamento do sono, garantindo a sua qualidade. Porém, ao expor a criança à luz dos eletrônicos, são enviados sinais para suprimir a produção da melatonina, desequilibrando o ciclo circadiano, responsável por dar ao nosso corpo o nosso ritmo biológico”, completa ela.

Vale lembrar que a melatonina desempenha outras funções no organismo – como a regulação da temperatura, pressão sanguínea e o metabolismo da glicose. “Então podemos concluir que a exposição noturna à luz brilhante vai muito além do sono”, diz a médica.

Com estes resultados, é preciso repensar os hábitos da família e a rotina da noite. “A recomendação é evitar, ao máximo, deixar a criança ficar vendo TV ou usar os outros eletrônicos depois que o sol se põe. Além disso, o uso dos eletrônicos não é recomendado para crianças menores de 2 anos e, para as maiores, não deve ultrapassar uma hora por dia”, reforça Karina. 

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