‘Medicinas Exatas’: uma evolução espiritual

Os três artistas trabalham a cultura popular e pesquisam a ancestralidade de seus povos originais. Nessa produção, encontra-se a mistura rap e ‘ragga’, cujo tema é a Cultura Ancestral dos Índios

Postado em: 05-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Os três artistas trabalham a cultura popular e pesquisam a ancestralidade de seus povos originais. Nessa produção, encontra-se a mistura rap e ‘ragga’, cujo tema é a Cultura Ancestral dos Índios

SABRINA MOURA*

O goiano Rodrigo Kaverna é um dos precursores do ‘ragga’ no Estado. Nesta quinta-feira (5), juntamente com o rapper Akord e a cantora mexicana Patrícia Ordaz, ele lança o clipe da música Medicinas Exatas, no canal (de Rodrigo), no Youtube. “O Akord é um parceiro da minha região, nos conhecemos a partir do projeto Liga os Monstros. É um projeto de vários artistas, vários rappers daqui da área, e eu entro com meu estilo que é o ‘ragga’. É uma evolução do reggae, só que é cantado um pouco diferente”, conta Rodrigo. “Começamos a parceria, ele me mandou uma base de rap, e eu comecei a compor uma música (Medicinas Exatas), que fala muito da cultura das plantas de poder, plantas sagradas para os índios. Akon também começou a compor uma letra que se encaixou com a minha falava da cultura ancestral e dos índios. Na construção da música, logo pensei na Patrícia Ordaz, como a música fala das medicinas exatas, e ela trabalha com isso, ela entrou e deu um show. Além de cantar muito bem, ela compõe também, é uma grande artista do México que agora mora aqui em Goiânia. Foi assim que surgiu essa união”, completa.

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Os três artistas trabalham a cultura popular e pesquisam a ancestralidade de seus povos originais. Nessa produção, encontra-se a mistura rap e ‘ragga’, cujo tema é a Cultura Ancestral dos Índios e a Cultura Milenar das Plantas de Poder. “Nós gostamos muito do trabalho, e fomos atrás, produzir o clipe, que surgiu também através de uma parceria com o Samuel Augusto. Ele é um menino da minha região (leste de Goiânia) que começou a trabalhar em alguns projetos, e, logo depois, ele começou a produzir grandes clipes”.

O clipe foi gravado no meio da mata, mas dentro da Capital, um cantinho que Kaverna descobriu e tem como espaço sagrado. “O local é nosso refúgio dentro da Babilônia, é onde buscamos o contato com a natureza e onde pedimos permissão para os nossos trabalhos ancestrais”, comenta Kaverna. 

Esse trabalho também se relaciona, diretamente, ao local onde foi produzido. “Essa é uma produção ligada ao movimento cultural que acontece no gueto, mas traz a força dos guerreiros da mata e do poder milenar das plantas, tanto brasileiras quanto do México”, diz. “Essa medicina faz você se conectar com a sua ancestralidade. Ela traz limpeza espiritual, uma conexão com a sua espiritualidade, é um trabalho que traz pra mim uma limpeza. Só de estar falando das medicinas e trabalhando com elas, colocando-as como foco principal trazemos uma limpeza e uma conexão espiritual muito forte. A mensagem da música é para você se reconectar com as suas origens. Existe muito preconceito em cima das medicinas; as pessoas têm muito medo do que não conhecem, e a gente vem expor isso de uma forma que elas entendam a mensagem”.

A mistura do rap e ‘ragga’, que recupera as dimensões artísticas das culturas regionais, é uma novidade que o trio apresenta. Também colaboraram com o clipe os cantores João Pedro, do grupo Coco de Toadas, Sutor e Leo Ras do grupo Ápice. “A participação deles não foi direto na música eles colaboraram com a parte técnica e visual do clipe, o que foi de extrema importância, se não fosse eles não teria clipe (risos)”, comenta Kaverna.

O estilo ‘ragga’

O ragga assemelha-se ao reggae, porém partes da instrumentação (ou a maioria vasta dela) são digitais. O estilo é geralmente associado com o dancehall. “Ragga” é a abreviação para o ‘raggamuffin’, originalmente um termo usado pela juventude dos guetos de Kingston (capital da Jamaica). “Eu tenho um amigo de escola, desde os 14 anos, que me convidou uma vez para cantar com ele. Na época, acabei não aceitando, e seguimos cantando: ele, rap, e, eu, reggae. Um dia, nos reencontramos, e ele me convidou para cantar um ‘ragga’ em um trabalho que ele estava produzindo. A partir do momento em que eu cantei essa música com ele, acabou virando um projeto chamado Ragga Rural. É um trabalho feito desde 2004”, conta Kaverna.

Devido aos custos relativamente baixos de ritmos feitos por sintetizadores, o ragga transformou-se na modalidade preferida para muitos produtores jamaicanos, também os permitiu fugir da ideia de ‘roots’, pois o ragga não precisava ser feito com a mesma fé que os rastafaris usavam para compor um reggae.“No Estado, o ‘ragga’ se assemelha muito ao rap, só que não é rap por ser um pouco mais cantado; o rap é mais falado. É um trabalho muito solitário, dentro de Goiânia. Agora que começam a acontecer alguns movimentos, e a galera começa a conhecer um pouco mais sobre o estilo. Além disso, é um estilo muito difícil de cantar; ele não é para qualquer um: quem canta é porque canta mesmo”, finaliza Rodrigo Kaverna.

*Integrante do programa de estágio do 

jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov

SERVIÇO

‘Medicinas Exatas’ – de Kaverna Man, Akord e Patrícia Ordaz

Quando: quinta-feira(5)

Onde: Canal no Youtube Rodrigo Kaverna(youtube.com/Kavernaman2) 

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