“Hoje, nenhuma cadeira me faria mais feliz e honrada”

Sandra de Pina assume cargo na Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás nesta quarta (18)

Postado em: 18-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: “Hoje, nenhuma cadeira me faria mais feliz e honrada”
Sandra de Pina assume cargo na Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás nesta quarta (18)

Gabriella Starneck*

A escritora Sandra Maria de Pina vai tomar posse como titular da Cadeira nº 16 da Academia Feminina de Letras (Aflag), nesta quarta-feira (18), em solenidade a ser realizada em sua residência, em Goiânia. Ela foi eleita em sessão extraordinária realizada pela Aflag no último dia 10 de abril, concorrendo com as escritoras Daniela Rezende Seixo de Brito Fernandes e Valéria Victorino Valle. A nova acadêmica afirmou ser uma honra preencher a vaga deixada pela “saudosa Irmã Áurea”, falecida no dia 20 de novembro do ano passado, e colocou-se à disposição para contribuir com dedicação às tarefas a ela delegadas pela Aflag.

Continua após a publicidade

“Hoje, nenhuma cadeira me faria mais feliz e honrada do que a Cadeira 16, não só por ela ter sido ocupada por mulheres de vulto como Guiomar de Grammont Machado e Irmã Áurea Cordeiro Menezes, mas para poder participar, como escritora, de um movimento cultural que se apresenta cada dia mais desafiador e interessante. Isso porque, com a presença maciça da mulher em todas as áreas acadêmicas, estamos prontas para liderar nos campos sociais, políticos e econômicos”, afirma Sandra.

Sandra de Pina

Sandra Maria Fontoura Queiroz de Pina é escritora e professora aposentada de Língua Inglesa na Universidade Federal de Goiás (UFG). Formada em Letras e Piano, com pós-graduação em Teoria da Literatura e diversos cursos no exterior, é autora do livro de poesias Folhas Secas Sob Neus Pés. É membro da Academia Goianiense de Letras, da União Brasileira de Escritores, seção de Goiás, e da Associação Nacional de Escritores.

A paixão pela escrita surgiu por influência de sua mãe, Celma, ainda aos 5 anos. Seu pai, Jerônimo Queiroz, também teve grande contribuição no interesse da filha por essa área – já que, além de ser um grande leitor, como Sandra conta, também era professor e escritor. “Ele colocou o livro nas minhas mãos e, delas, ele nunca mais saiu. Usufruí e herdei a biblioteca em língua portuguesa de meu pai; hoje, tenho a minha em língua inglesa, também”, diz Sandra. 

A escritora ainda afirma que, na infância, lia em intervalos de aula ou empoleirada em galhos de árvore na fazenda. “Hoje, leio a qualquer hora, em qualquer lugar, seja em salas de espera ou em rede de varanda de fazenda. Escrevo desde sempre. Mas só vim a publicar aos 70 anos; demorou o momento de compartilhar”, ressalta Sandra. Os próximos livros da escritora, a serem  lançados ainda neste ano – O Verso do Caso (poesia e prosa) e Rua Vinte e Seis (parte de uma pesquisa que resgata a história de Goiânia por meio de seus moradores pioneiros) –, já farão parte da produção literária da Aflag. “Um orgulho para mim”, finaliza Sandra.

Entrevista : Sandra de Pina 

Sandra, a sua posse, nesta quarta-feira (18), coincide com o Dia Nacional do Livro Infantil. Essa relação entre as duas datas foi proposital?

Não, mas é uma feliz coincidência, e, considerando a importância do despertar inicial do gosto pela leitura, eu aproveito a oportunidade para cumprimentar a Aflag por ter em seu quadro a escritora Augusta Faro Fleury de Melo, com excelentes publicações voltadas ao público infantil.

Qual a função e a importância da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás?

A Aflag surgiu pelo empenho inicial de três senhoras, cultas e visionárias, escritoras e educadoras, Rosarita Fleury, Ana Braga e Nelly Alves de Almeida, que buscaram espaço para a expressão feminina nas artes literárias, musicais e plásticas em Goiás. A Aflag comemorará seu centenário, em 2019, em pleno cumprimento do seu objetivo de apoiar a cultura e as artes. Se as pioneiras deram um importante passo inicial, as acadêmicas seguem acrescentando elos, conforme seu tempo e seu segmento, expandindo e sedimentando a produção cultural feminina. 

Quais atividades você irá exercer nesse cargo?

No momento, entro como sócia efetiva da Aflag. Terei direitos e deveres expressos, que estão, ambos, no Estatuto da entidade. De maneira geral, na área cultural, espero colaborar nas publicações da Aflag e nas iniciativas de interesse da Academia. Na área administrativa, estarei à disposição para colaborar em qualquer atividade ou função para a qual for, eventualmente, designada.

Em sua opinião, de que forma a Academia pode contribuir para estimular as pessoas a terem mais interesse pela leitura e pela escrita ?

A Academia tem atividades culturais frequentes, que são sempre abertas ao público em geral, na sua própria sede. Além da participação de seus próprios membros, a Academia convida pessoas ilustres para suas reuniões culturais, com temas que variam de literárias a musicais, de palestras informativas a lançamentos de livros e exposições de arte. A Academia também promove concursos, como o último realizado para alunos da rede pública, que premiou redações sobre Cora Coralina. Além de um belo acervo de artes plásticas, a Academia tem uma biblioteca à disposição de alunos e professores. Uma iniciativa de vulto da atual presidente, escritora e musicista, Alba Lucínia de Castro Dayrell, e da vice-presidente, escritora, arquiteta, urbanista e escultora, Narcisa de Abreu Cordeiro, está em andamento. Trata-se do resgate da história de Goiânia, por meio das ações dos seus moradores pioneiros, realizado por diversos escritores e colaboradores, abrangendo as ruas do Centro da Capital.  

Veja Também