‘Ladainha’ traz cultura afrobrasileira para cena principal nesta

Guerreira Maria Felipa e o capoeirista Samuel Querido de Deus são os personagens centrais da peça

Postado em: 20-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Guerreira Maria Felipa e o capoeirista Samuel Querido de Deus são os personagens centrais da peça

GABRIELLA STARNECK*


O espetáculo infanto-juvenil Ladainha, realização do Núcleo Coletivo 22 a partir do projeto de pesquisa do diretor de arte Valmir Sérgio, será apresentado, nesta sexta-feira (20), no Céu das Artes e Esporte Unificados na Cidade Vera Cruz. Com texto e direção da mulher negra, professora da UFG, pesquisadora, artista e capoeirista, Renata Lima, o espetáculo convida o público a mergulhar em uma história de reencontro com a ancestralidade afrobrasileira.

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“Ladainha é um espetáculo infanto-juvenil que mescla teatro de animação, de bonecas, com a atuação. Ele tem o contexto da capoeira angola, e traz uma trama que envolve dois personagens que recebem o desafio, do seu mestre de capoeira, de produzir uma ladainha – canto típico da capoeira entoado no início das rodas. Para vencer esse desafio, eles contam com a ajuda da Maria Felipa e do Samuel Querido de Deus que, na verdade, são figuras lendárias da história da capoeira”, afirma Renata Lima. 


Espetáculo

Entre gingas e mandingas envolvendo atriz, ator e público, a peça dá visibilidade à cultura, à mulher e ao homem negro, trazendo personagens importantes da história do Brasil, que podem ainda hoje não serem representados nos livros didáticos, mas que no espetáculo Ladainha ganham destaque: os baianos Maria Felipa de Oliveira, considerada uma heroína da luta pela independência da Bahia, e Samuel Querido de Deus, capoeirista eternizado por Jorge Amado.

A importância dessas duas figuras para a cultura afrobrasileira, principalmente para a tradição da capoeira, é enorme, assim como Renata Lima destaca: “A contribuição deles é tamanha, primeiro para a gente ressaltar a importância das mulheres na construção da capoeira, e, depois, para lembrar de figuras que atuaram, no caso do Samuel, logo no inicio do século 19 – antes da consolidação da capoeira no formato que conhecemos hoje”. 

O trabalho tem a importante participação da bonequeira Izabela Nascente que, além de produzir os bonecos utilizados no espetáculo, orientou o trabalho de manipulação do ator e atriz em cena e conta com a produção geral de Lorena Fonte – e atuação e manipulação de Vinicius Bolivar e Lorena Fonte. As músicas utilizadas no espetáculo foram retiradas do cancioneiro da capoeira angola e conta, ainda, com ladainhas autorais produzidas por Gabriela Balanguer e Leandro Medina.


Importância 

O espetáculo traz a potência da cultura popular para dialogar, no contexto urbano, com pessoas que historicamente são marginalizadas do acesso a bens culturais, mostrando a capoeira como resistência, e expressão da força da cultura negra. Por meio de Ladainha “a gente deixa evidente que os nossos referenciais e matrizes estéticas e poéticas não são apenas fornecidas pela Europa e pelos EUA; que nós, aqui no Brasil, temos conteúdos e formas para pensar a produção artística. Eu acho que isso é importante, porque é mover preconceitos de lugares, e valorizar a cultura e um povo que contribui substancialmente para construção e formação do povo brasileiro”, destaca Renata. 

A diretora ainda ressalta a relevância de essa temática ser transmitida para o público infantojuvenil. “Além de ser uma peça muito divertida, ela traz um conhecimento muito próprio, muito especifico da capoeiragem – que, com certeza, não se encontra na escola. Eu acho que, com as crianças e jovens tendo acesso a essa temática, nós temos a oportunidade de romper algumas fronteiras do preconceito”, finaliza a professora Renata Lima.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov


SERVIÇO

Espetáculo ‘Ladainha’

Quando: sexta-feira (20) 

Horário: 19h

Onde: Céu das Artes e Esporte Unificados (Av. V-005, s/nº, Cidade Vera Cruz – Aparecida de Goiânia)

Entrada gratuita

 

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