Mostra “Em nome da mãe” está aberta a partir deste sábado

Exposição é um convite às mulheres que se dão o direito de criar além da vida doméstica

Postado em: 12-05-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Exposição é um convite às mulheres que se dão o direito de criar além da vida doméstica

Sabrina Moura*

Está aberta, de sábado (12) a 8 de junho próximo, a exposição Em Nome da Mãe, na Potrich Galeria de Arte, em Goiânia. A mostra coletiva reúne quatro pontos de vista das mães e artistas Emília Simon, Adriana Mendonça, Simone Simões e Marilda Passos. Diferentemente do que impõe a sociedade machista, elas exprimem com naturalidade a mais importante de todas as funções sociais, a maternidade. “Já faz mais ou menos dois anos que escrevo para o blog da galeria, e um dos últimos artigos que escrevi foi bem feminista, sabe? A ideia já estava borbulhando na minha cabeça, de integrar mulheres, porque nosso acervo é muito masculino. É o que mais ou menos acontece em todos os lugares – museus e galerias de arte; realmente a gente percebe que ainda existe uma supremacia masculina. Esse pretexto do Dia das Mães ele só deu uma luz para realmente a gente fazer uma união desses mulheres, dessas mães, que produzem e já estão no mercado há algum tempo. Houve essa necessidade de dar uma supremacia feminina, uma exposição feminina”, comenta a curadora Tatiana Potrich. “Coincidentemente, todas elas já são mães, mulheres maduras, experientes e artistas”, completa.

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A proposta da mostra coletiva Em Nome da Mãe vem para cutucar o Pai, que não sente as dores do parto, o sacrifício da amamentação e a eterna dedicação maternal.  A curadoria das artistas é o contraponto de técnicas, idades e pontos de vista dessas mães que exercem dupla jornada. “Basicamente, as orações são sempre em nome do Pai, né? Em nome do filho… Mas quem coloca no mundo, mesmo, é a mãe, então por que não é ‘em nome da mulher’? Em ‘nome da filha’? Até dentro dessa perspectiva, temos uma pontinha de machismo – não é me desfazendo da religião –, mas, na minha opinião de uma questão laica. Deus sintetiza a natureza, e ela, no dicionário, é um substantivo feminino. Então realmente é para cutucar nesse sentido de abrir o olhar – sem querer me comprometer com a igreja – mas, às vezes, sintetizamos Deus como uma figura masculina e, na verdade, ela pode ser uma figura feminina; por que não? Esse nosso contexto é apenas para acender uma luz sobre o assunto. A mulher é muito excluída, e essa iniciativa de fazer essa seleção de mulheres, vem principalmente desse meu sentimento – essa necessidade de se afirmar – um espaço feminino dentro da arte”, conta Tatiana.

Artistas

Emília Simon – É a novata da turma. Dedica-se ao filho de 1 ano, ao desenho, à pintura e ao bom humor, ora sarcástico, ora debochando da dura condição de sermos humanos. Retrata, em figuras híbridas, coloridas e cheias de histórias engraçadas para contar, que a vida de uma mãe tem lá suas pitadas divertidas e repletas de peculiaridades fabulosas. A artista integrou o Coletivo Fake Fake, que entremeia a arte e a ilustração.

Adriana Mendonça – Permeia-se entre a ilustração e criação de personagens tridimensionais dentro de um universo lúdico, infantil, mas recheado de formas orgânicas, memórias do inconsciente e lembranças afetivas. Mendonça tem uma perspectiva figurativa curiosa no que diz respeito à família e seus membros. Consegue administrar o tempo entre lecionar, dissertar sobre sua tese, produzir sua arte e educar o filho de seis anos. 

Simone Simões – É visceral e investigativa. Abrange seu objeto de estudo na técnica da gravura, aquarela, pintura e encáustica. Uma alquimista em busca sempre do conhecimento, ela segue se espelhando na maternidade e deixa explícito em seu trabalho a delicadeza, a feminilidade, a doçura e a dor de ser mãe, de ser artista.  Sobre suas duas filhas já adultas, resume: “Estou numa fase mais de observar com alegria as sementes que plantei!”.

Marilda Passos – É a veterana. Expressa sua trajetória o início figurativo, passando por abstração, pintura e escultura, assim como, atualmente, sua habilidade na ponta seca em minuciosos desenhos geométricos. A beleza e o equilíbrio de suas formas são o contraste da penumbra, da luz, da sombra e da quase monocromia de suas obras, revelando e velando as certezas e incertezas das quais cabe uma mãe e artista sentir. Passos é duas vezes mãe: avó de cinco netos, divide sua jornada entre o seu compromisso com a arte e sua família.

Em nome da Mãe é um convite às mulheres que vivem em jornada dupla ou tripla, que se dão o direito de criar além da vida doméstica, e, com isso, cria suportes para expressar seus sentimentos de mulher, mãe e artista. “Para quem quer entrar no mercado, tem essa intenção de ter a arte como profissão é importante visitar essa mostra composta por mulheres, é uma forma de incentivar. Quanto mais houver essa união e esse incentivo, não dessa bandeira feminista, mas plantar essa sementinha é importante. O mundo precisa desse sentido maternal, que é cultural da mulher ser assim. A proposta é essa é conseguir promover esse sentimento afetivo que as mulheres têm; mais capacidade de mostrar, principalmente as mães”, finaliza Tatiana. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov.

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