“A África civiliza o Brasil”, diz Gil em seu Refavela 40

Baiano apresentou repertório coeso e enérgico em turnê comemorativa de 40 anos do disco Refavela

Postado em: 12-05-2018 às 13h00
Por: Guilherme Araújo
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Baiano apresentou repertório coeso e enérgico em turnê comemorativa de 40 anos do disco Refavela

Guilherme
Araujo*

Dança,
energia e celebração. As reclamações sobre o atraso em que mergulhou a noite de
sexta-feira do Festival Bananada duraram só até Gilberto Gil subir ao palco.
Com seu Refavela 40, apresentado por Roberta Martinelli e Fabrício Nobre, o
ícone da música popular brasileira foi sem nenhuma novidade o condutor de um
dos pontos altos da primeira noite do fim de semana.

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Em
uma mistura de emoções que espantaram qualquer reclamação eventual sobre a
demora geral de cerca de uma hora para o início das apresentações, o show
lembrou em essência o emblemático “Refestança”, show em que dividiu os
vocais com a comadre Rita Lee, no alto da década de 1970.

A
metáfora tem propósito: Tudo lembrava uma festa. Acompanhado de uma banda enérgica,
composta pela filha Nara Gil, Anelis Assumpção, Moreno Veloso, Bem Gil, Ana
Namolino, e Sofia Freire, o disco foi sendo reconstruído no palco com a
presença de jovens e imponentes nomes da MPB.

Após
a canja, o headliner surgiu tranquilamente no palco para dividir os vocais com
a cantora Anelis Assumpção, arrancando aplausos calorosos. Não demorou para que
o recado fosse dado com a maior efetividade: Gil pintou na cabeça dos presentes
por meio das canções imagens que conectam o hoje com a ancestralidade
brasileira, a fim de resgatar musicalmente a forte ligação do povo brasileiro
com a mãe África.

A
plateia composta por um público plural, de todas as idades, parecia estar em
casa ouvindo as histórias do artista. Gil contou sobre a história de Refavela e
comentou sobre as influências do disco Exodus, de Bob Marley.

Sem
desperdiçar sucessos, Gil reviveu ainda uma faixa descartada do disco ao lado
da filha mais velha, Em plena forma, um dos pontos altos da apresentação
aconteceu logo no início, quando o artista entoou Sandra, faixa que logo mais
seria escolhida para o bis.

Nessa
ode a ritmos como o afrobeat, juju music, o reggae jamaicano e o tradicional
funk carioca, o grupo encerrou a apresentação com a faixa “Sítio do Pica-Pau
Amarelo”, composta para o seriado matinal da Rede Globo de mesmo nome. Com o
público nas mãos pedindo bis, desejo aceito por Gil, que ao lado de Moreno
entoou novamente o clássico “Sandra”, o astro brincou no adeus. “Assim termina
Refavela 40. Daqui a 40 anos, quem estiver aqui, comemorará os 80”.

*
Repórter e fotógrafa assistiram à apresentação a convite do festival.

 

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