‘Pra Molhar’: Carioca Claudio lança seu primeiro episódio com músicas inéditas

Produção aborda a sensibilidade do homem preto e traz referências a sua trajetória artística

Postado em: 25-04-2023 às 09h23
Por: Lanna Oliveira
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Produção aborda a sensibilidade do homem preto e traz referências a sua trajetória artística | Foto: Divulgação

Ao mostrar a possibilidade do afeto e do sentir, especialmente como um homem negro, que é visto como uma figura forte e agressiva, o cantor Claudio faz referências a sua trajetória, ‘Da Favela para o Mar’, em seu novo trabalho. Ele lança o álbum ‘Pra Molhar’, primeiro EP do carioca, com músicas inéditas. A coletânea trará sete canções, desde queridinhos do público como ‘Brota comigo’ até a inédita ‘Calor Cicatriz’. Ele revela que quer mostrar que se amam, choram e sentem dor.

O cantor e compositor carioca Claudio lançou seu primeiro EP na última quinta-feira (27), intitulado ‘Pra Molhar’. A produção aborda a sensibilidade do homem preto e traz referências a sua trajetória artística, ‘Da Favela para o Mar’. “A analogia da favela até a praia representa esse percurso árduo que eu e tantos outros fazemos. Esse lançamento representa o meu mergulho e meu direito de usufruir desse mar”, conta Claudio. Nesse mar de profundidade que ele se vê envolto, muitas descobertas foram feitas e são expressadas no trabalho.

Com influências que vão da MPB às raízes afrolatinas, todas as composições são autorais. O destaque fica por conta de ‘Cai no Mar’, capa da coletânea que traz uma metáfora sobre a profundidade das relações humanas e a inédita ‘Calor Cicatriz’. “A primeira é uma música tropical, que usa o violão e a percussão para trazer um ambiente de calmaria e reflexão. A letra traz duas visões e formas de se relacionar. Já ‘Calor Cicatriz’ é um convite para se molhar e viver um amor com liberdade e sem culpa”, aponta.

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O EP abre com a participação especial de Dona Mirtes, mãe do cantor e ator, que concedeu um relato pessoal e emocionante sobre seu filho. Claudio traz ainda uma poesia cantada, como forma de expressão artística. “Quis trazer diferentes formas e linguagens que me ajudassem a construir essa narrativa do sentir. É um trabalho de exposição das minhas vulnerabilidades, falo que vivências minhas. Quero romper com minhas amarras e paradigmas sociais e mostrar quem eu sou de verdade, e a arte é sobre isso, sobre ressignificar histórias”, explica.

Diretamente do Morro do Jordão, zona oeste do Rio de Janeiro, ele iniciou a carreira musical em 2020, quando escreveu e produziu seu primeiro single, ‘Além do Estalo’. Agora ele planeja o reencontro com seu público, durante esse processo. “Começar os lançamentos na pandemia foi desafiador, porque não tive o público por perto para entender como as letras chegavam às pessoas e isso é fundamental no trabalho de qualquer artista. Porém, ao mesmo tempo, fazer música foi o que me manteve de pé e seguindo em frente num período tão difícil para todos nós. Sinto que, agora, posso receber essa galera e me conectar pessoalmente”, relembra.

Os visualizers fazem referência a estética de ambulantes do litoral carioca, que usam a praia como forma de sustento. Para o cantor, seu trabalho se dedica a criar narrativas positivas sobre a beleza do que é comum dentro da cidade. “A praia como lugar democrático funciona na teoria, mas na prática as desigualdades também atravessam este espaço. Nessa analogia colocamos estes homens como protagonistas, porque eles representam a subjetividade e os afeitos de homens negros que, como eu, estão à mostra, mas são invisibilizados”, finaliza.

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