Câncer de esôfago: Tumor silencioso tem sua incidência aumentada na população diante do uso excessivo do álcool e tabaco

Médico Manoel Antônio explica que existem dois subtipos da doença: Carcinoma Epidermoide escamoso e o Adenocarcinoma

Postado em: 01-05-2023 às 09h12
Por: Lanna Oliveira
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O médico Manoel Antônio explica que existem dois subtipos da doença: Carcinoma Epidermoide escamoso e o Adenocarcinoma | Foto: Divulgação

Órgão que faz parte do sistema digestório e conecta a cavidade oral ao estômago, o esôfago tem papel fundamental na condução dos líquidos e alimentos para o organismo. O cuidado com a saúde desta parte do corpo está diretamente ligado a manutenção de hábitos de vida saudáveis, essenciais também à prevenção do câncer de esôfago. De alta incidência nos homens, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima cerca de 10 mil casos da doença no Brasil, destes, 8.200 em homens.  

Nunca se falou tanto em saúde e nas formas de cuidado com o corpo e com a mente. Com o aumento da incidência de cânceres pelo mundo, a pauta tem ganhado destaque. O cirurgião oncológico Manoel Antônio Ramos, explica que existem dois subtipos da doença no esôfago comuns: Carcinoma Epidermoide escamoso e o Adenocarcinoma. Enquanto o primeiro incide no terço superior e médio do esôfago e está diretamente ligado ao tabagismo, o segundo ocorre no terço inferior, na transição com o estômago e está relacionado ao refluxo e a obesidade. 

O médico observa que o cigarro convencional tem ligação direta com o subtipo Carcinoma Epidermoide, responsável por 90% dos casos e alerta para novas substâncias no mercado que futuramente podem se tornar fatores de risco, principalmente para a população jovem. “Apesar de ainda não termos estudos relacionados ao uso do cigarro eletrônico com o surgimento do câncer de esôfago, pelos dispositivos terem se popularizado recentemente, a sua utilização deve ser evitada, principalmente em função dos tipos de substâncias presentes neles”.

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Manoel Antônio faz alguns alertas, o primeiro sobre os sinais que se apresenta na alimentação. Nas fases iniciais o câncer de esôfago é silencioso, os sintomas vão ocorrer conforme a progressão da doença. Em fase avançada, o principal sintoma é a dificuldade em engolir, causando a sensação de ‘entalamento’. O cirurgião oncológico explica que o paciente começa a utilizar líquidos para auxiliar na condução da comida na hora da alimentação, e com a mudança na alimentação, ocorre a desnutrição em função da perda de peso.

“O paciente passa a se alimentar com comidas mais líquidas e pastosas e muitas vezes sem perceber, muda seu hábito alimentar. É comum chegar nos consultórios pessoas com o esôfago quase fechado em função do tumor e com perda entre 20% e 25% do peso corporal. Nesses casos, para que ele possa se alimentar, durante o tratamento, é necessário fazer a passagem da sonda diretamente no jejuno, localizado no intestino delgado, já que a via oral está obstruída”, explica o profissional. 

Em diagnósticos precoces, no estágio I da doença, o tratamento indicado é a ressecção endoscópica da mucosa ou a esofagectomia, cirurgia para remoção da área da lesão, a depender da localização do tumor. Para que o paciente possa continuar se alimentando, o esôfago pode ser reconstruído com tecidos de outros órgãos, como o do próprio estômago. Já para casos avançados, o tratamento pode incluir modalidades combinadas, como a quimioterapia e a radioterapia. 

Há casos em que é necessário diminuir o tamanho da lesão, antes de intervir cirurgicamente, geralmente, pacientes em estágios II e III da doença.  “Para este tipo de tumor é essencial o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Além do oncologista clínico, o cirurgião oncológico, o nutricionista e o rádio-oncologista são alguns dos profissionais que auxiliarão no tratamento. O objetivo em comum é o mesmo, que o tratamento seja bem-sucedido, amenizando os efeitos colaterais e garantindo a qualidade de vida do paciente”.  

O profissional ainda lembra que a irritação crônica do esôfago também pode contribuir para o surgimento de tumores. O cuidado para este fator de risco está diretamente ligado a identificação e acompanhamento de doenças digestivas, como o refluxo gastroesofágico e o esôfago de Barret.  “Seguir uma dieta balanceada, rica em fibras, manter o peso, evitar o cigarro e diminuir o consumo de bebidas alcoólicas, também estão no rol de hábitos de vida saudável e de prevenção ao câncer de esôfago”, finaliza o cirurgião oncológico Manoel Antônio Ramos.

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