Arte naïf ganha destaque em festival na Paraíba

Oito artistas goianos, adeptos desse estilo, irão exibir suas obras durante o evento até o fim de junho

Postado em: 22-05-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Oito artistas goianos, adeptos desse estilo, irão exibir suas obras durante o evento até o fim de junho

GABRIELLA STARNECK*

Oito artistas goianos irão participar do 1º Festival Internacional De Arte Naïf (Fian) que ocorrerá de quarta-feira (23) ao dia 30 de junho, no Centro de Documentação Coronel João Pimentel, em Guarabira, na Paraíba. Com o intuito de valorizar a arte naïf, estilo que designa artistas auto-didatas que têm liberdade estética e criativa, bem como ausência de rigores estilísticos e acadêmicos, o evento irá exibir em torno de 150 obras de mais de 100 artistas nacionais e estrangeiros.  O festival estará aberto à visitação do público nos três turnos.

“O festival é muito importante, porque ajuda a arte naïf a ser bem vista, além de contribuir para que a união entre os artistas fique mais forte. Nós queremos mostrar o nosso trabalho e, por meio de nossas obras e do evento, também divulgar a nossa região. Esse festival está dando uma força muito grande para a arte naïf brasileira”, afirma Helena Vasconcelos, uma das artistas goianas que estará presente no Fian.

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Evento

Para Mairone Barbosa, curadora do festival, o evento mostrará o olhar plural existente no Brasil e no mundo, que apresenta, por meio da arte, a diversidade pictórica de cada artista, produzindo nos espectadores um encantamento poético da percepção cultural acerca das tradições e costumes de cada nação, com crenças, religiosidade e festas populares. “A grandeza do festival é de uma abrangência fantástica e multiplicadora, pois com certeza contribuirá para expandir um diálogo entre o contemporâneo e o popular”, afirma a curadora.O 1º Festival Internacional De Arte Naïf é uma iniciativa do Ateliê Adriano Dias, artista plástico naïf, em uma parceria com a Prefeitura Municipal de Guarabira. Para participar do evento, os artistas tiveram de apresentar suas obras via edital – com exceção dos homenageados. O tema foi livre. Augusto Luitgards, de Brasília, Mairone Barbosa, de Goiânia, e Robson Xavier, da Paraíba, foram os responsáveis pela curadoria do Fian. Além da exibição das obras de arte naïf, na programação haverá palestras e oficinas sobre temas que envolvem esse estilo artístico – que encanta por seu modo singelo e inocente de produzir sentido à vida.

Seleção

“Houve um convite para os artistas de Goiás participarem do festival; nós enviamos o nosso trabalho, e fomos selecionados. O edital saiu no começo do ano, mandamos fotos de três obras, cada um. Alguns artistas goianos tiveram duas pinturas selecionadas, outros apenas uma. Eu fiz uma obra mostrando uma festa goiana, chamada Mascarados de Pirenópolis, inclusive essa vai ficar no Museu de Arte Naïf Guarabira. A outra obra que irei exibir se chama Festa Junina da Paraíba”, afirma a artista plástica.

Além de Helena, sete artistas goianos participarão do 1º Festival Internacional De Arte Naïf. São eles: Américo Batista, Amon de Deus, Lourdes de Deus, Manoel Santos, Waldomiro de Deus, Sergio de Toledo e Omar Souto. Vale a pena ressaltar que Omar irá expor suas obras, em uma sala especial, representando a Região Centro-Oeste. “O Omar não passou por edital, já que ele é um convidado especial. Serão cinco artistas que irão representar as regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul)”, diz Helena. 

Apesar de oito artistas terem sido selecionados para participar do festival, apenas três deles estarão presentes no evento, principalmente por causa da falta de estrutura e apoio, como explica a artista goiana: “O festival nos garante dois dias de hospedagem em Guarabira, mas nós temos de pagar a nossa passagem. Precisamos chegar a João pessoa para, depois, pegar um ônibus e ir à cidade que sedia o festival”. 

Arte naïf

Denominada ‘arte primitiva moderna’, a arte naïf se caracteriza por ser um estilo simples, instintivo, autêntico e que não está preso a padrões pré-estabelecidos pelo universo acadêmico.  A espontaneidade e a emoção direcionam o processo de criação dos artistas adeptos a esse estilo.  “A gente faz aquilo que vem da alma”, afirma Helena Vasconcelos. Algumas características são comuns entre as obras e/ou artistas do estilo naïf: autodidata, resultado da inexistência de formação acadêmica no campo artístico; recusa ou mesmo desconhecimento do uso dos cânones da arte acadêmica; detalhamento das figuras e dos cenários; temas alegres e pinceladas contidas com muitas cores. 

Segundo Helena, a arte naïf é o estilo que consegue transmitir situações presentes no dia a dia com alegria. “As minhas obras são lembranças, vivências que eu tenha da região em que eu nasci, e que estão presentes em Goiânia. No meu caso, eu trabalho muito com festas goianas, como Catira, Festas Juninas e Folia de Reis. O artista naïf mostra essencialmente sua vivência com alegria. Quem vê esse tipo de arte gosta ou não, é algo imediato”, finaliza a artista.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov 

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