Kboco expõe obras no Museu Afro em SP

‘Sertão Expandido’ possui referências nas culturas pré-colombianas antes do eurocentrismo

Postado em: 23-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Kboco expõe obras no Museu Afro em SP
‘Sertão Expandido’ possui referências nas culturas pré-colombianas antes do eurocentrismo

SABRINA MOURA*


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Após cinco anos desde a sua última exposição, o arista plástico Kboco traz em seu novo trabalho o resultado da transição que o levou de volta ao seu Estado de origem. A exposição Sertão Expandido com curadoria de Maria Hirszman começa neste sábado (23), no Museu Afro, em São Paulo. Segundo Kboco o seu contato com a arte começou na infância. “Desde quando aprendi a segurar no lápis eu nunca mais soltei”.

A exposição possui telas, desenhos em papel, assemblages e intervenções no espaço que dialoga com o acervo do museu. Toda a experiência do artista foi adquirida por meio da prática. “Eu nunca vou querer ficar só no estúdio ou só na rua; acho que uma coisa está linkada com a outra”, comenta Kboco. “Eu posso levar um pouco mais da formalidade e da técnica das artes plásticas para a intervenção urbana, e também um pouco da espontaneidade da rua para dentro das instituições, e desses sistemas de arte que são ‘caretas e chatos’. Levamos um pouco mais de refinamento para a rua e levamos um pouco mais da ousadia, da rebeldia, uma coisa mais espontânea pra dentro desse circuito das artes plásticas”, completa. 

Por ter morado na capital São paulista e já ter realizado uma exposição no Museu Afro em 2007, Kboco conta que acabou desenvolvendo uma amizade e fazendo parte da família do museu, fazendo com que a proposta de fazer uma exposição individual surgisse naturalmente. “Pelo museu ter uma coleção de arte popular brasileira muito forte, e uma coleção de arte africana, é muito importante e serve de referência para o meu trabalho”, conta ele.

O Sertão Expandido enquanto conceito da exposição surgiu por meio da vivência no Cerrado, já que atualmente o artista reside na zona rural próximo à cidade de Cavalcante, e da estrada que leva até o território dos Kalunga, o maior quilombola do Brasil. “Tudo foi se encaixando de forma natural. Quando decidi sair de São Paulo, eu já estava estabilizado em uma certa zona de conforto com meu espaço conquistado dentro do circuito”.

A decisão de instalar seu estúdio no município de Cavalcante, no coração da Chapada dos Veadeiros, carrega em si a busca pela arte enquanto produção de conhecimento e não apenas como produção mercadológica. O aprofundamento ontológico que essa mudança gera diz respeito ao sertão enquanto possibilidade de aperfeiçoamento e expansão de sua linguagem. “Minhas referências para a produção basicamente; são todas as culturas pré-colombianas antes do eurocentrismo, os povos indígenas com seus grafismos, a arquitetura islâmica, a asteca e maia, os povos africanos. Todo esse universo e o que se envolvem”, explica Kboco.   

A exposição é resultado do projeto de fomento à arte pelo Fundo de Cultura de Goiás e conta com catálogo e vídeo do processo criativo do artista, além de atividades no núcleo educativo do museu.

*Integrante do programa de 

estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov


SERVIÇO

Abertura da exposição ‘Sertão Expandido’, de Kboco, em SP

Quando: sábado (23)

Onde: Museu Afro (Avenida Pedro Álvares Cabral, Portão 10, s/nº, Parque Ibirapuera, São Paulo-SP)

Horário: 11h às 17h 

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