Segunda Guerra Mundial marca peça Hilda e Freud nesta sexta

O espetáculo faz sua estreia nesta sexta-feira, em Goiânia, e trabalha a relação entre paciente e analista

Postado em: 29-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Segunda Guerra Mundial marca peça Hilda e Freud nesta sexta
O espetáculo faz sua estreia nesta sexta-feira, em Goiânia, e trabalha a relação entre paciente e analista

Guilherme Melo*

Continua após a publicidade

Uma mistura de energia poética com processo analítico, em uma atmosfera do horror da Segunda Guerra Mundial embalam o espetáculo Hilda e Freud, que realiza uma apresentação única, nesta sexta-feira (29), às 20h, no Teatro Goiânia. A direção e atuação são de Antônio Quinet, com parceria de Regina Miranda e apoio e produção local da Cultura do Riso e do Grupo Topbrasil.

A peça propõe um mergulho no mundo da poetisa Hilda Doolittle, interpretado pela atriz Juliana Teixeira, a partir de suas sessões de análise com Sigmund Freud, interpretado por Antônio Quinet, em plena agitação de Viena, na década de 1930, com a ascensão do Nazismo. Como aponta sua sinopse oficial, “o público mergulha no mundo onírico da escritora e acompanha as intervenções geniais do inventor da psicanálise. Uma ‘relação de amor em versos livres”.

De acordo com o autor, o enredo traz oportunidade de o público ver o psicanalista por um olhar diferente. “As pessoas vão ver um Freud em ação, de uma forma inimaginável, através da visão de uma paciente, e não de seus próprios relatos”, revela. A peça teve como inspiração os relatos de Hilda sobre as sessões de análise com o psicanalista. “Com uma carreira de anos, Hilda tem um bloqueio inspirativo e não consegue produzir mais nada, levando-a a desenvolver essa relação com Freud”, explica o autor em entrevista ao Essência.

A peça trabalha uma relação de amor, mas, como explica o autor, é um amor pelo conhecimento. “A relação entre Freud e Hilda foi uma relação de descobertas de qualquer paciente e analista”, ressalta. Ambos desejam conquistar o conhecimento: Hilda, a solução de seu bloqueio criativo, e, Freud, a origem.

Quinet destaca que a peça tem um tom atual. Nas sessões, Hilda revela sua bissexualidade e sua vida amorosa para Freud. “Vivemos em uma época em que a onda chamada de ‘conservadora’ está ficando cada vez mais presente, tanto no Brasil, nos Estados Unidos e no mundo”, explica. Para Antônio, esse período conservador não se diferencia do período da ascensão fascista retratada no espetáculo.

O autor foi convidado pelo Freud Museum, em Londres, para criar uma peça teatral sobre o psicanalista. O espetáculo tem duas temporadas internacionais: sua estreia, em 2013, exclusiva para o público londrino, e outra em 2015, Buenos Aires, na Argentina. A peça chegou ao Brasil só em 2016, em São Paulo, e hoje será a primeira apresentação em Goiânia. “Já ouvi falar que o público goiano é bastante carismático e descontraído, estou animado com a apresentação na Capital”, conta.

O enredo trabalha com uma linguagem poética e fantasiosa com o objetivo atingir todos os públicos. “Nós trabalhamos com uma leveza na peça para que todos consigam entender e se identificar”, ressalta. O objetivo de Quinet é que a plateia se sinta em uma sessão de psicanálise e que, aos poucos, junto a Hilda, vão descobrindo o motivo de seu bloqueio. “É importante que a plateia entenda que não é o psicanalista que soluciona os problemas dos pacientes; eles mesmo conseguem isso com a ajuda do profissional”, adverte.

Hildas

O espetáculo já teve algumas atrizes que interpretaram o papel de Hilda, como a atriz Bel Kutner, que precisou sair da peça por conta de outros trabalhos. Atualmente, quem assumiu o manto de Hilda foi a atriz baiana Juliana Teixeira. “Conheço a Juliana de anos, e sempre quisemos trabalhar juntos. Também conheço a paixão dela pela literatura, o que facilitou sua escolha”, esclarece.

A personagem da poetisa necessita que atinja uma densidade e aprofundamento complexo. “Precisei ler muitas obras da Hilda, e é um processo contínuo de aprofundamento”, revela a atriz, que também falou ao Essência. 

Em 2005, Juliana conheceu Goiânia, por meio de uma apresentação, e revela que ficou encantada com a cidade e as pessoas. “Os goianos são muito educados, receptivos e participativos. Fiquei deslumbrada na época”, lembra a atriz. “Fico feliz pela oportunidade de retornar a essa cidade, tão linda e acolhedora”, finaliza Juliana. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE 

Espetáculo ‘Hilda e Freud’

Direção e atuação: Antônio Quinet

Quando: sexta-feira (29)

Horário: 20h

Onde:  Teatro Goiânia (Av. Tocantins esq. com Rua 2, Centro de Goiânia)

Ingressos: R$ 80 (inteira)

Mais informações:  3201-4684

Juliana Teixeira interpreta Hilda, 

e Antônio Quinet dá vida a  Freud 

Veja Também