“Está na hora de a gente fazer algo mais leve, olhar para trás”

Maria Eugênia lança, nesta sexta no Teatro Sesi, novo CD com releitura de músicas dos anos 80

Postado em: 14-09-2018 às 06h00
Por: Fabianne Salazar
Imagem Ilustrando a Notícia: “Está na hora de a gente fazer  algo mais leve, olhar para trás”
Maria Eugênia lança, nesta sexta no Teatro Sesi, novo CD com releitura de músicas dos anos 80

Gabriella Starneck*

Com mais de 25 anos de estrada, Maria Eugênia deixou sua marca como cantora romântica e regionalista. Contudo, para surpreendeu seus fãs e também a si mesma, a artista se desafiou a sair da zona de conforto para lançar, nesta sexta-feira (14 ), no Teatro Sesi, o CD Eu Fui – com releituras de canções dos anos 80. Músicas de grandes nomes da MPB, como Cazuza, Rita Lee, Lobão, Herbert Vianna, Caetano Veloso e Flávio Venturini, integram o repertório do disco. O novo trabalho foi gravado com o apoio da Lei Municipal de Cultura. 

Continua após a publicidade

Segundo Maria Eugênia, o desafio de ter uma carreira longa é justamente inovar, buscar coisas diferentes e que não foram feitas anteriormente. Segundo ela, isso acaba sendo um desafio. Além disso, a cantora ressalta que a proposta do novo CD é trazer para o público algo mais leve, e que também remeta há outros tempos: “Está na hora de olhar para trás um pouquinho, ver como eram as coisas. É claro que a gente sempre tem que olhar pra frente, mas é importante, às vezes, relembrar o passado, comparar como eram as coisas antigamente”, afirma a cantora ao Essência.

‘Eu Fui’

O novo trabalho de Maria Eugênia é composto por canções que fizeram sucesso na década de 1980. “É um CD de regravações, e a maioria de rock. É dedicado à minha filha, que hoje tem 11 anos. Gostaria que ela conhecesse o que era tocado nas rádios no tempo em que eu era uma mocinha”, afirma a cantora. A artista ainda destaca que o legal de trazer essas músicas à tona é que, na época, a maioria das pessoas sabia cantar essas canções, e ela quer trazer isso para o show.

“Eu acho que é hora de a gente ficar um pouco mais leve, de dar oportunidade para as pessoas cantarem e dançarem com a gente, de jogar para fora essa angústia que todo mundo tem sentido por causa do clima da política, do ambiente mais pesado em que vivemos hoje”, afirma .  Sobre a seleção das músicas, a artista destaca que o critério adotado foi escolher canções mais conhecidas, como o O Tempo Não Para, de Cazuza, e Podres Poderes, de Caetano Veloso: “Eu acho que os anos 80 foram a década em que a gente ainda tinha grandes poetas escrevendo, e fazendo as coisas de uma forma  mais crítica, talvez. Então é saudosismo mesmo”.

O título do CD, inclusive, é o nome de uma música de Hebert Viana. A cantora destaca que gosta de nomes que tenham múltiplos sentidos, como o seu próprio nome, ‘Maria Eugênia’, ‘eu gênia’”, brinca. Eu Fui remete a quem a artista foi durante a sua mocidade. Sobre o critério usado para a escolha das músicas, Maria Eugênia afirma que seleciona o que mais gosta: “É o que ‘bate’ mais no meu coração. Você tem que encontrar a música a tua maneira. É igual roupa: além de você gostar, ela tem que te servir”.

Por esse motivo, a cantora destaca que ela gravou músicas que marcaram sua trajetória. “Acho que conseguimos renovar as músicas sem alterar suas essências. Devo esta conquista ao arranjador e guitarrista Luiz Chaffin e aos músicos Fred Valle, baterista; Marcelo Maia, baixista; Henrique Reis, tecladista, e Edilson Morais, percussionista”, afirma a cantora, que estará acompanhada dos músicos durante o show.

A apresentação terá também a participação do DJ Múcio em algumas músicas e do rapper Eduardo Genuíno. O tecladista Ricardo Leão acompanhará a cantora na música Nascente, e o O VJ Paulinho Pessoa ficará encarregado da cenografia virtual e de intervenções live. Maria Eugênia conta que, embora tenha ficado receosa com a gravação, está muito satisfeita: “A minha expectativa para a apresentação é muito boa, primeiro porque eu gostei do resultado do CD, segundo porque o show está lindo; acho que as pessoas vão entender e cantar junto comigo”.

Maria Eugênia

A cantora começou sua carreira musical desde cedo. Com apenas 4 anos, ela já fazia aulas de piano, e aos 17, começou a cantar. Maria Eugênia consagrou-se pela interpretação de músicos de autores de Goiás, já que, desde o início de sua carreira, em 1992, os compositores goianos fizeram parte de seus discos. Em todos os seus CDs, ela sempre buscou cantar músicas inéditas de compositores goianos e de Niterói, cidade onde morou e fez amizade com compositores como Altay Veloso, Cacá Moraes e Fred Martins.

O reconhecimento da carreira de Maria Eugênia, em todo o País, veio com duas faixas de seu primeiro disco, Novilha e Parece, ambas de João Caetano e Otávio Daher. Em seus shows, canções de Juraíldes da Cruz e Gustavo Veiga sempre fizeram parte. A cantora ainda gravou e participou de programas de televisão interpretando músicas de Lucas Faria, Valter Mustafé e Luiz Augusto e Amauri Garcia.

Maria Eugênia destaca que se sente abençoada em sua carreira artística: “Eu fiz muita coisa, inclusive que eu nem pensava. Com o Solo Brasil, eu visitei mais de 20 países, conheci outras culturas, representei o Brasil e Goiás. Eu sou muito abençoada na minha carreira, e agradeço sempre pela oportunidade de fazer isso e ser coerente com meus desejos e anseios”. Sobre o maior aprendizado nesse tempo de estrada, ela afirma que não consegue destacar um em específico, mas que sempre aguarda que um novo trabalho traga outras oportunidades, pessoas e maneiras de cantar. “Enfim, a novidade sempre é importante”, afirma.

Maria Eugênia foi condecorada Oficial da Ordem do Rio Branco, pelo Itamaraty, pelos serviços prestados ao Brasil no exterior, mas um outro grande prêmio veio por um reconhecimento do jornalista Augusto Marzagão. Ele assistiu ao espetáculo, no México, e escreveu no Jornal do Brasil: “Lembrei-me de Elis Regina, Gal Costa, Maria Creusa, depois das três – com as suas vozes misturadas. Nada disso. Estava mesmo diante da personalidade inconfundível de Maria Eugênia, a jovem goiana que arrancou emocionantes aplausos dos mexicanos e brasileiros à sua escuta”. Recentemente, a versão de Carinhoso (Pixinguinha), extraída do CD Solo Brasil, foi escolhida para ser tocada numa das salas do Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro. “Não consigo nem me imaginar fazendo outra coisa que não seja música”, finaliza Maria Eugênia.

SERVIÇO

Show com Maria Eugênia – Lançamento do CD ‘Fui Eu’

Quando: sexta-feira (14) às 20h

Onde: Teatro Sesi (Av. João Leite, nº 1.013, Setor Santa Genoveva – Goiânia)

Entrada: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

Na aquisição de uma inteira ou duas meias, o comprador terá direito a um CD   

 

Veja Também