Goiânia Mostra Curtas começa na próxima terça-feira (2)

Festival traz varias atividades que vai muito além da exibição de filmes e ainda propõe um debate sobre gênero e cinema

Postado em: 26-09-2018 às 14h00
Por: Patrick Wallison
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Festival traz varias atividades que vai muito além da exibição de filmes e ainda propõe um debate sobre gênero e cinema

Teatro Goiânia será o palco da 18º Mostra Curtas (Foto: Reprodução)

Da Redação

Inicia na próxima terça-feira (02) a 18ª edição do Goiânia Mostra Curtas, com o pocket show de abertura da banda goiana Carne Doce, no Teatro Goiânia. Ainda na noite de abertura, que terá início às 20h, o público poderá assistir o curta-metragem “Estátua!” protagonizado por Maeve Jinkings, homenageada do festival ao lado da fundadora da Vitrine Filmes, Silvia Cruz. 

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Durante os seis dias de mostra, o público poderá conferir gratuitamente 77 produções audiovisuais de 15 estados brasileiros e o Distrito Federal. Divididos entre as cinco mostras competitivas – Curta Mostra Brasil, Curta Mostra Goiás, Curta Mostra Animação, 17ª Mostrinha e Curta Mostra Cinema nos Bairros -, serão exibidos 42 curtas de ficção, 17 animações, 13 documentários e 4 experimental. 

“A 18ª Goiânia Mostra Curtas é o resultado da resistência com um propósito criado há dezoito anos: provocar e estimular o audiovisual no coração do cerrado. Contemplar diferentes formatos de gêneros de curtas-metragens com produções de todo o país demonstra a evolução desse cenário, que a Goiânia Mostra Curtas ajuda a construir e se fortalecer”, afirma Maria Abdalla, diretora geral do festival.

Para Maria Abdalla as produções selecionadas para esta edição têm uma preocupação que vai além da estética e retratam temas como intolerância, discussões de gênero, violência contra a mulher, religião, questões sociais e todo um universo de situações e abordagens emergenciais, desempenhando o papel inegável de ferramenta de expressão, representatividade e denúncia. “A intenção é garantir ao público a possibilidade de se encantar, inquietar, discutir temas pertinentes e se permitir serem tocados por filmes de diferentes temas, origens, gêneros e formatos”, conta.

A Curta Mostra Especial, única não competitiva, em 2018, convida para uma reflexão sobre o papel das mulheres no cinema, com o tema “Gênero e Invenção: tornar-se mulher no cinema de curta-metragem contemporâneo”. A diretora, roteirista, antropóloga e curadora da Mostra Especial, Maíra Bühler, elegeu 12 curtas, que pretendem ampliar o debate sobre relações de gênero, desconstruindo imagens fixas e estereotipadas da mulher e pensando na construção de novas narrativas e subjetividades. A programação da Curta Mostra Especial ainda traz um debate sobre os desafios da desconstrução e da criação da imagem da mulher no cinema. 

Os dados do Informe sobre Diversidade de Gênero e Raça no Cinema em 2016, divulgado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) mostra como a equidade de gênero está longe de ser alcançada no audiovisual. De acordo com o Informe chegaram às telas daquele ano apenas 25 produções brasileiras com direção exclusivamente feminina, representando apenas 16% dos longas. Onze filmes tiveram direção mista, enquanto os homens estiveram à frente de 124 longas-metragens, 77% do total. Os filmes lançados por mulheres também tiveram menos espaço sendo lançados em uma média de 65,4 salas, enquanto os feitos por homens chegaram a 83,1 espaços de exibição, em média. Os dados ainda revelam que o recorte racial é ainda mais desfavorável, já que apenas 2% das direções foram feitas por homens negros e nenhum filme dirigido por mulher negra chegou às salas de cinema em 2016.

Na contramão das estatísticas que mostram que o cinema brasileiro é majoritariamente masculino e branco, a Curta Mostra Especial é composta por curtas realizados, em maioria, por mulheres, brancas e negras. Mas a representatividade feminina não se restringe à Mostra Especial. Do número total de filmes selecionados para as demais categorias do festival, 41 produções contam com mulheres à frente da sua direção.

Também integra o programa da 18ª Goiânia Mostra Curtas o lançamento literário do livro “Feminino e Plural: mulheres no cinema brasileiro”, realizado no hall do Teatro Goiânia. Organizado por Karla Holanda e Marina Cavalcanti Tedesco, a publicação consiste em uma coletânea de textos sobre o cinema feminino brasileiro, dos primórdios na atualidade. 

O festival ainda ultrapassa o limite do Teatro Goiânia e chega até a Vila Cultural Cora Coralina, onde serão realizadas atividades de formação profissional, como o Laboratório de Roteiros Audiovisual e a Feira Audiovisual, novidade neste ano. Com coordenação de Leila Bourdoukan e curadoria de Ivan Melo, a Feira  vai reunir painéis, máster classes, oficinas e um lounge de networking com importantes nomes do meio audiovisual do brasil e do mundo. A intenção é fomentar a atividade audiovisual brasileira, por meio da capacitação e da exibição de um panorama atual da produção nacional em curta-metragem. A agenda completa pode ser conferida no site do festival.

Premiações

Para os filmes que integram a Curta Mostra Brasil, Curta Mostra Goiás e Curta Animação, o corpo de jurados avaliará as categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Prêmio Especial do Júri. Outro júri também será formado para a escolha das premiações do Júri Sesc TV, Júri CineBrasil TV e Elo Company. Entre os prêmios entregues aos vencedores, estão locação de equipamentos, cursos de formação audiovisual, serviços de pós-produção, finalização, distribuição e prêmios de aquisição. Além dos prêmios cedidos pelas empresas de audiovisual. Todos os curtas-metragens escolhidos pelos júris, incluindo o júri popular, também recebem o Troféu Icumam, criado pelo artista goiano Gilvan Cabral. 

Serviço:

18ª Goiânia Mostra Curtas

Quando: de 2 a 7 de outubro

Onde: Teatro Goiânia (Avenida Anhanguera com Avenida Tocantins, Setor Central)

Entrada: gratuita

 

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