Escritor Bariani Ortêncio deixa vasto legado literário e cultural aos goianos

Bariani Ortêncio, que também se destacou como jornalista, teve uma prolífica carreira literária, ele celebrou seu centenário em julho deste ano

Postado em: 18-12-2023 às 11h00
Por: Leticia Leite
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Bariani Ortêncio, que também se destacou como jornalista, teve uma prolífica carreira literária, ele celebrou seu centenário em julho deste ano | Foto: Divulgação

Um dos principais nomes da produção cultural de Goiás, Waldomiro Bariani Ortêncio, marcado por mais de 50 obras e composições musicais e destacado escritor e folclorista, faleceu na última sexta-feira (15), em Goiânia aos 100 anos de idade. Em 2022, Bariani sofreu um AVC em sua casa, que serve de local para o instituto que leva seu nome. Desde então, passou os dias em reclusão no primeiro piso da residência, recebendo amigos e familiares. 

Bariani Ortêncio, que também se destacou como jornalista, teve uma prolífica carreira literária, ele celebrou seu centenário em julho deste ano. Sua jornada literária iniciou-se em 1956 com a obra ‘O que foi pelo sertão’, e se estendeu ao campo musical, onde compôs mais de 50 canções. Dos mais de 50 livros publicados, três se destacam em sua estante literária: ‘A Cozinha Goiana’ (1967), ‘Dicionário do Brasil Central’ (1983) e ‘Medicina Popular do Centro-Oeste’ (1997).

Juntas, as obras formam a tríade do ‘comer, falar e curar’. Em cada publicação, com pesquisas que duraram mais de 20 anos, o autor dá destaque aos patrimônios imateriais passados de geração em geração.

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Comer – A Cozinha Goiana (1967)

Uma das obras mais célebres de Ortencio, o livro não se limita a registrar apenas receitas seculares da culinária goiana. Ao longo das páginas, o autor busca significados na literatura, compara técnicas nos processos gastronômicos e estuda influências e costumes alimentares entre Minas Gerais, São Paulo e Goiás. O escritor trata a comida como tradição.

Dicionário do Brasil Central (1983)

Bariani sempre prestou atenção no sotaque e na linguagem coloquial dos que habitam o Centro-Oeste. Para o folclorista, ‘somos como falamos’. O autor destrincha vocabulários e o regionalismos de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de lexicais recorrentes no Triângulo Mineiro, Distrito Federal, oeste baiano e Tocantins. 

Última obra a completar a famosa tríade de Waldomiro, o livro divulga as tradições populares fontes de saúde, como ensinamentos de antepassados entre 800 estudos sobre produtos da natureza, além de mais de 3 mil receitas oriundas de pesquisas dos saberes ancestrais do Estados do Centro-Oeste.

Legado de Bariani Ortêncio

Bariani é natural de Igarapava, cidade margeada pelo Rio Grande, divisa entre São Paulo e Minas Gerais, e nasceu em 24 de julho de 1923. Saiu aos 15 anos de lá com a família Ortencio para tentar a vida na então nova capital de Goiás. Veja bem: em 1938, Goiânia era vista – e vendida – por todo o País como uma cidade do futuro, moderna e de oportunidades, fruto do progresso, um eldorado no meio do sertão do Centro-Oeste.

Em 1938, acompanhando sua família, mudou-se para Goiânia, onde fez o curso ginasial e científico no Liceu de Goiânia e ingressou no curso de Farmácia e Odontologia, desistindo logo em seguida. Quando criança, trabalhou como alfaiate. Na década de 40, foi goleiro do Atlético Clube Goianiense. Foi também professor de Matemática, comerciante, fazendeiro, industrial e minerador. 

Em 1945, no bairro de Campinas, estabeleceu-se comercialmente com o Bazar Paulistinha, um dos empreendimentos mais interessantes que Bariani criou. A primeira portinha nasceu em 1945 no mesmo terreno de sua casa em Campinas, na Av. 24 de Outubro. Vendia artigos esportivos e de pesca. Depois passou a revender discos de vinil, e, a partir daí, Waldomiro começou a produzir artistas goianos, gravar seus trabalhos e criar pontes em fronteiras além-Goiás.

Colaborador dos jornais estudantis ‘O Chicote’, em 1937, na cidade de Igarapava e ‘O Liceu’, em 1938, em Goiânia. Durante um período de mais de dois anos, redigiu crônicas para a Rádio Clube de Goiânia, às vezes, também, publicada no jornal ‘A Folha de Goyaz’. Nesta época lecionava em diversos estabelecimentos de ensino. Foi Presidente da União Brasileira de Escritores – Secção de Goiás, pertence ao Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e faz parte da Comissão Nacional do Folclore. Em 1972, foi nomeado membro do Conselho Estadual de Cultura.

Era um cidadão goianiense, título recebido em abril de 1968, pelos relevantes serviços prestados à capital do Estado. Foi o responsável, por muitos anos, pelo Suplemento literário de ‘A Folha de Goyaz’, dos Diários Associados, em Goiânia. Além de compositor, é também escritor, pesquisador da Cultura Popular e Presidente de Honra da Comissão Goiana de Folclore, além de ser também Membro da Academia Goiana de Letras. Como escritor, publicou diversos livros.

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