Produtor cultural aborda sobre o universo infantil com teatro

Ator e diretor teatral Ítalo Moreira fala, no estúdio de O HOJE, sobre eventos culturais voltados às crianças

Postado em: 09-10-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ator e diretor teatral Ítalo Moreira fala, no estúdio de O HOJE, sobre eventos culturais voltados às crianças

SABRINA MOURA*

Dando início às comemorações do Dia das Crianças, O HOJE publica uma série de matérias com base em entrevistas concedidas no estúdio do jornal. Para começar a semana dedicada aos pequenos, a editora do caderno Essência, Flávia Popov, recebeu Ítalo Moreira ator, produtor cultural e diretor da Cia. de Teatro Carlos Moreira, que falou sobre a importância de as crianças ‘serem crianças’, evidenciando eventos eventos culturais como o teatro infantil.

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Segundo Ítalo, a companhia realiza várias ações em prol e benefício das crianças para que elas não vivam apenas no ‘mundinho’ da tecnologia, e passem a se interessar, também, pelo teatro. “Estamos trabalhando justamente para mostrar às crianças e à sociedade que existe algo mais – além do celular, da televisão, dos jogos eletrônicos, por exemplo. Todas as nossas peças teatrais são temáticas e abordam muito essa importância em estar ali. A cultura que nós desenvolvemos não é somente nas crianças, mas também nos pais, pois são eles que levam as crianças para o teatro”, contou ele. “Sempre temos sessões abertas aonde os pais podem ir. Isso faz com que eles gostem do teatro, levem as crianças, o que, consequentemente, vai criar essa cultura, tornando os adultos mais conscientes e culturalmente mais ricos”, completou Ítalo.

Com o intuito de alcançar seu público-alvo – as crianças – e transmitir essas mensagens, a Cia. de Teatro Carlos Moreira possui parcerias com várias escolas, tanto públicas, quanto privadas, onde, segundo Ítalo, são oferecidos espetáculos grandiosos, de muitos cenários, efeitos especiais, em que trabalham vários atores, e por um valor acessível. “Levamos o teatro tanto para as escolas particulares quanto para as públicas. Desta forma, o acesso à cultura se dá de forma igual e humanizada”, explicou Ítalo.

Atualmente, deixar um celular, de lado, acaba sendo uma ‘tarefa árdua’ para alguns pais – mesmo que estes só permitam a ferramenta como um meio de comunicação, e não de ‘diversão’ –, então muitas famílias acabam se rendendo à modernidade. Mas, conforme comentou Ítalo, mesmo com essa ‘revolução’ das tecnologias, é possível e importante focar em cultura, entretenimento e no lúdico para o público infantil. “Não tratamos a tecnologia como algo que seja negativo, pelo contrário, a usamos ao nosso favor. Acreditamos que o teatro seja atemporal. Ele existe há milhares de anos, e vai continuar existindo. Alinhamos essa informação da cultura com o teatro, através de vídeos de divulgação, que são compartilhados por meio das redes de comunicação e instigam a criança à ir ao teatro. A tecnologia é nossa aliada”, afirmou ele. “Nossos personagens, ao fim de cada espetáculo, ficam disponíveis para que as crianças tirem fotos. Elas até utilizam, sim, o celular, mas para acessar nossas redes, para publicar uma foto… Nossa ideia é que, ao retornarem para seus lares, esses pequenos possam contar essa história para pais, vizinhos e amigos, aguçando, assim, a criatividade”, completou.

Todos os espetáculos, segundo o ator, se iniciam a partir da decisão do tema que vai ser abordado, quando são feitas uma pesquisa e uma análise da sociedade para se saber o que é importante. “Dentre os assuntos, temos, por exemplo, o bullying, que é um assunto muito grave. Através dessas pesquisas e do anseio que a sociedade tem, é definido o tema”, explicou Ítalo. “Nosso próximo espetáculo é O Reino Congelante que, além de ter personagens conhecidos pelas crianças – como a Anna e a Elsa–, levam as crianças a entender também sobre empatia, bons relacionamentos e respeito: temas de que a sociedade precisa. Precisamos preparar o nosso futuro, que são as crianças”, disse ele.

Outra questão abordada no bate-papo foi uma recente pesquisa da Universidade de Oxford, na Inglaterra, em que descobriu-se  que entretenimento passivo, como assistir à TV e ler livros, apenas de figuras, não estimula o desenvolvimento, e torna as crianças menos propensas à felicidade. A conclusão da pesquisa é de que mais tempo gasto assistindo à TV  significa menos tempo dedicado a fazer outras coisas que possam trazer felicidade e proporcionar mais desenvolvimento. “Sabemos que o teatro é uma ferramenta que pode ser utilizada de muitas formas no aprendizado e na fase adulta – para se conseguir um emprego, por exemplo. Infelizmente, nós brasileiros não temos esse hábito de ir ao teatro. A companhia torna o teatro mais acessível justamente para a pessoa aliar a tecnologia ao teatro, à música, à dança. Fazer com que o pai também compareça ao teatro é algo que pode ajudar as famílias a deixarem a tecnologia um pouco de lado. Não trabalhamos só com espetáculos infantis; temos para todos as idades, mas procuramos deixar essas apresentações também atrativas para os pais. Muitas crianças que entram no teatro com o celular, nós percebemos que elas esquecem dele, e entram num mundo completamente diferente”, finaliza Ítalo.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

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