Arte, palhaçaria e magia se unem em espetáculo ‘A Orelha de Vicente’

A trama, permeada por palhaçaria e acrobacias, destaca-se por explorar as obras e a saúde mental de Van Gogh de maneira sensível

Postado em: 16-01-2024 às 10h00
Por: Luana Avelar
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Ao misturar elementos circenses com a vida e obra de Van Gogh, os artistas prometem uma tarde repleta de encanto e magia para toda a família | Arte: Emília Simon

No dia 30 de janeiro, Goiânia se tornará palco de um espetáculo encantador e educativo, com a estreia da produção infantil ‘A Orelha de Vicente’. O evento, que acontecerá na Apae Goiás, às 16h, com entrada gratuita, marca o início de uma temporada repleta de arte e magia, com apresentações em diversos espaços culturais da cidade.

A peça, que mergulha na vida do pintor holandês Vincent Van Gogh, promete encantar crianças e adultos. O enredo, protagonizado pelas artistas Fernanda Pimenta e Izabela Nascente, em colaboração com o artista Luca Lima, explora uma abordagem única, unindo palhaçaria, malabarismo e acrobacia para dar vida às artes plásticas.

“Somos três artistas em cena, três palhaços, com malabares, acrobacias, mas a base é a palhaçaria”, destaca Fernanda Pimenta, produtora cultural, atriz e palhaça. Os palhaços, interpretados como personagens bagunceiros e barulhentos, protagonizam a trama ao atrapalharem Vicentinho em suas pinturas. A narrativa se desenrola quando o personagem arma um plano, alegando o roubo de sua orelha, para distrair os palhaços e conseguir pintar em paz.

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Essa trama serve como pretexto para explorar a vida de Van Gogh, abordando suas obras, locais que habitou e, de forma metafórica, sua saúde mental fragilizada. “A orelha roubada é uma metáfora para a saúde mental debilitada de Van Gogh”, explica Fernanda, ressaltando a abordagem sensível do tema. 

O processo criativo do espetáculo teve início de forma peculiar. Fernanda compartilha: “Em 2022, uma exposição itinerante de Van Gogh chegou a Goiânia, e a partir desse evento, em setembro ou outubro, fomos contatados por meio de um amigo palhaço que estava em Paraty. Eles nos encomendaram um espetáculo para a exposição, porém, após três semanas de trabalho, a produção desapareceu, sem pagamento.” Com o texto em mãos, Fernanda, Izabela e Luca decidiram buscar apoio na Lei Municipal de Incentivo Cultural de Goiânia para levar adiante o projeto.

O esforço foi recompensado, com a aprovação do projeto no segundo semestre de 2023. Fernanda destaca: “Iniciamos a captação e, finalmente, em novembro, começamos a montagem efetiva. Agora, às vésperas da estreia, estamos finalizando o espetáculo, dando vida à obra com cenário, figurino, iluminação e elementos sonoros.”

Com a estreia prevista para o início do ano letivo, Fernanda expressa otimismo quanto ao alcance do espetáculo, especialmente entre as crianças. “É um momento oportuno para a história alcançar as pessoas. O espetáculo aborda a importância de ouvir e se ouvir, com a metáfora do roubo da orelha de Vicentinho. Além disso, trata sobre o respeito ao espaço do outro e a interação humana na sociedade”, destaca a artista, revelando as nuances reflexivas e sociais presentes na narrativa.

O projeto oferece quatro oficinas ministradas pelos artistas envolvidos. Fernanda Pimenta lidera a oficina de palhaçaria, Izabela Nascente conduz a de bonecos, Luca Lima orienta a de malabares, e Emília Simon, a artista gráfica do projeto, coordena a oficina de desenho. Uma oportunidade única para mergulhar no universo lúdico e educativo desse espetáculo multifacetado. 

Fernanda destaca as expectativas positivas em relação ao público, especialmente nas apresentações na Oficina Cultural Gepeto e no Centro Cultural UFG, onde a filmagem do espetáculo ocorrerá. A produção visa atrair um grande público nesse local específico, beneficiando-se de um aparato técnico mais elaborado, incluindo iluminação aprimorada. 

Além das apresentações, a artista ressalta a importância de proporcionar experiências enriquecedoras através das oficinas. “A expectativa é que as pessoas possam apreciar as vivências artísticas oferecidas durante as oficinas, proporcionando uma experiência única e educativa”, conta Fernanda, ressaltando o compromisso do projeto em ir além do palco e envolver o público de forma participativa.

O espetáculo não apenas proporcionará momentos de diversão, mas também abrirá portas para a apreciação das artes visuais de uma maneira lúdica e cativante.  O Circo Laheto receberá o espetáculo no dia 1º de fevereiro às 16h, seguido pela apresentação no Centro Cultural Oficina Geppetto em 2 de fevereiro às 19h. A temporada culminará no Centro Cultural UFG em 7 de fevereiro às 19h. Todas as apresentações são gratuitas, permitindo que diversas comunidades tenham acesso a essa experiência única.

Ao misturar elementos circenses com a vida e obra de Van Gogh, os artistas envolvidos prometem uma experiência memorável para toda a família, cativando o público com a magia das artes em uma tarde repleta de encanto.

Vincent Van Gogh

Vincent van Gogh (1853-1890) foi um pintor holandês conhecido por seu papel significativo no pós-impressionismo. Sua vida foi marcada por desafios emocionais, levando-o ao isolamento e, eventualmente, ao suicídio. Nascido em Groot Zundert, Países Baixos, em 1853, Van Gogh era filho de um pastor calvinista e cresceu em uma atmosfera melancólica.

Durante sua juventude, mostrou interesse pela leitura, especialmente histórias sobre oprimidos, o que mais tarde influenciou seu foco artístico em representar o sofrimento e as injustiças sociais. Aos 16 anos, ingressou em um internato provinciano, seguindo para Haia para trabalhar com seu tio na Galeria Goupil, uma importante empresa que comercializava livros e obras de arte.

Ao longo dos anos, Van Gogh experimentou diversas ocupações e viagens, enfrentando dificuldades e crises emocionais. Seu retorno à Holanda marcou o início de sua carreira como pintor. Influenciado por artistas impressionistas e pela arte oriental, desenvolveu um estilo próprio no pós-impressionismo.

A fase parisiense foi crucial, aproximando-o de outros artistas e influências como Monet, Renoir e Gauguin. Van Gogh produziu mais de 200 quadros em dois anos, destacando-se por sua técnica única. Contudo, a convivência com Gauguin resultou em conflitos, culminando em um incidente no qual Van Gogh cortou parte de sua orelha.

Seus últimos anos foram marcados por internações e produção artística contínua. Van Gogh morreu em Auvers, França, em 1890, com suas obras ganhando reconhecimento póstumo. Sua influência na arte permanece significativa, destacando-se como uma figura proeminente no cenário artístico.

Serviço

Espetáculo: A Orelha de Vicente

Quando: 30 de janeiro

Onde: Apae Goiás

Horário: 16h 

Entrada gratuita 

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